sábado, 30 de setembro de 2017
• Como e porquê
"You always jump into things, hoping that afterwards all the pieces of the puzzle will fit perfectly by themselves. Well, I have news for you: that’s not the way this world works.”
Isto foi-me dito um dia por alguém que me é querida, imbuída da sua milenar sabedoria oriental.
Quando esta sentença ouvi, relacionei-a de imediato com aquela aventura em que mergulhei de cabeça faz agora 2 anos, no princípio do próximo mês de Outubro.
“I need you in here”, ela disse um dia. E isso foi o click que me fez tomar a decisão de me juntar a ela o mais breve que eu pudesse.
“I don’t live on the moon”, também disse ela. E eu lá embarquei naquilo que chamei de “My personal Apollo-Soyuz mission”.
Nessa época, eu encontrava-me muito inactivo e sem grandes perspectivas de dar a volta por cima a essa situação. No desafio que me foi lançado para ir até o seu país de residência vi também uma oportunidade. Uma oportunidade de encetar a brand new life. Sobretudo no campo sentimental. Por tabela, quiçá, também no campo profissional.
E aí todas as restantes peças do puzzle encaixariam. As primeiras peças pareciam perfeitamente colocadas. E essas eram as da paixão que nos aproximou. Que nos uniu como cola instantânea. Num instant couple, nomenclatura inventada por ela.
Para ser franco, antes de embarcar no avião rumo áquela terra distante as minhas expectativas não eram muito elevadas acerca dum eventual sucesso profissional. E quando desembarquei e a vi ao vivo pela vez primeira, qual um outro "avião" em carne e osso, também fiquei periclitante quanto ao futuro da nossa paixão nascente. Ela era bem mais bela do que eu a imaginei. E inseguro quanto a mim fiquei.
Em poucas horas, no entanto, nessa viagem num commuter train até á sua cidade, a cerca de 100 km da capital, os meus tontos temores dissiparam-se. Os olhares marotos e cúmplices que íamos trocando asseguravam-me que tinha talvez encontrado o meu destino maior nesta vida.
Algo que os dias seguintes, mais de um mês vivendo juntos, me viriam a confirmar. Cada novo dia um pouco mais do que o anterior.
Só que o puzzle não houve meio de o completar. Não descobri meios naquele escasso tempo de tornar a minha vida sustentável naquele país. E não podia de forma alguma passar a ser um fardo para ela. Não podia absolutamente quedar-me a viver à custa dela. Não seria honroso que nós dois sobrevivêssemos apenas do suor dela.
A data do meu voo de regresso, pré-definido antes da minha partida, veio. E eu não pude dar-me ao luxo de perder essa safety net. Tive que me despedir dela no aeroporto. Uma noite inteira ela se prantou ao meu lado na sala de espera antes de nos separarmos.
De volta ao meu país, onde nunca mais desde esse retrocesso me senti bem a viver, o puzzle teimava em não se completar. E como é que isso poderia suceder? Com a minha volta para junto dela.
Nestes dois anos houve duas ocasiões em que lhe anunciei esse meu desejo. Mas isso era algo que eu estava agora sozinho a desejar.
Ela não quer mais que sejamos outra vez um instant couple. E eu não consigo ainda oferecer outra coisa que não seja apenas o meu amor. Não ofereço segurança alguma que uma nova ruptura por razões económicas não venha a acontecer.
Isto embora tenha hoje em dia uma energy of money como talvez nunca tenha tido. Só que não é ainda a energia suficiente para um projecto de vida a dois. E sobretudo com ela. Como ela merece.
Entretanto, enquanto estes dois anos decorriam, ela terá obtido uma nova estabilidade sentimental. Eu deixei de ser-lhe necessário. E a vida é mesmo assim. Há que aceitar que ao menos é bom que ela esteja feliz.
Amo-a. Sempre a amarei porque os momentos que vivemos a dois não podem ser apagados da minha memória. Foram algo do mais intenso e sublime que vivi nesta minha presente existência.
“ Antes de ti só existi.
Cansado e sem nada para dar.”
- Salvador Sobral,
excertos de “Amar pelos dois”, uma canção
composta por sua irmã Luísa
Um sentimento muito similar foi um dia expresso por mim, aqui.
Estou a escrever estas linhas durante um retiro a sós com que quis presentear-me. No meu pequeno paraíso perdido no tempo. Na Praia da Vieira de Leiria.
Isto à falta de poder viajar para bem longe, até à sua cidade natal, a capital do verão no seu país de origem. Que eu quero um dia ver com os meus olhos. Mesmo que a veja sem os olhos dela a guiar-me.
Por motivos profissionais e de saúde estou preso aqui no meu país. E o inverno aproxima-se uma vez mais a passos largos.
Eu ambiciono vir a conhecer aqueles dois países ao norte que me foram revelados por ela durante o seu curto estio. Este ano essa oportunidade já está eliminada.
Ambiciono mesmo habitar lá um dia. Creio que já estou pronto para enfrentar o clima frio daquelas paragens.
A vida dá muitas voltas. Milagres acontecem, também. I still can ask angels for that miracle, com um pouco mais de convicção do que até aqui venho fazendo.
O milagre vai vir. Sempre na minha vida milagres sucederam quando eu menos acreditava. Só não sei é se esse milagre vai ser o que eu sonho hoje ou algo com que eu nunca sonhei.
Subscrever:
Mensagens (Atom)