terça-feira, 17 de julho de 2018

• 25 anos...

E assim de repente, damo-nos conta que já passaram 25 anos ontem, dia 16 de Julho.

Não posso de todo deixar de assinalar este marco temporal. Apesar de tudo parecer ter sido fácil. Bem fácil. Bem natural.

E nada mais há a dizer. A não ser… que existe um erro gramatical neste meme. E agora sim, é tudo.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

• Idiopático

Ainda tão-só no post publicado no mês passado acreditava que andava com muita sorte… E agora já me apetece fazer uma resenha de alguns azares que me acometeram nestes últimos tempos.

Em Outubro passado, começo a sofrer dum quisto dermóide. Que me impede de continuar a conduzir. Sinto todos os buracos da estrada na coluna vertebral. Felizmente a perturbação lá desapareceu, tal como veio. Lentamente mas evitando ter sido necessária uma intervenção cirúrgica.

No princípio da época natalícia, caí numa escadaria e abri o pulso da mão direita. Padeci semanas a fio sem poder usar essa mão e esse braço. Cuidei que nunca mais iria voltar a ter a sua funcionalidade. Hoje lá a tenho. Mas não sei se poderei usar a força de braço da mesma forma como dantes. Talvez não. Mas pelo menos voltei a conseguir conduzir veículos com mudanças manuais. Menos mal.

Em Fevereiro descubro num rastreio que devo ser diabético. Daí compreender então a sensação de cansaço que me invadiu no verão do ano passado.

Por alturas do Festival da Eurovisão em Lisboa, ou seja, de meados de Abril a meados de Maio, veio-me uma crise de pernas cansadas e dores nos joelhos. Que entretanto amainou, quiçá com a ajuda de crioterapia, mas que sinto que pode a todo o instante ressurgir.

E agora bem recentemente, na quinta-feira da passada semana eis que de súbito acordo e vejo no espelho que tenho a boca torta. E a voz entaramelada. E solto lágrimas de crocodilo do olho direito. O lado da face que passou de repente - e sem que eu me pudesse aperceber disto vir no meu caminho - a sofrer duma paralisia facial idiopática, ou paralisia de Bell. Moléstia que médicos me afiguram que levará semanas até se debelar…

E neste derradeiro azarinho que desceu em mim ainda poderei crer ter tido algum golpe de sorte!… Pois a coisa podia ter sido bem pior. Como um princípio de AVC. Aliás, quando me dirigi às urgências do hospital mais próximo, ainda no serão dessa quinta-feira, a triagem feita achou por bem espetar-me logo, logo numa cadeira de rodas, não fosse dar-me um fanico nas horas seguintes.

Este incidente, no entanto, deixou-me com a cultura geral uma beka mais enriquecida. Com este novo termo para mim, idiopática… Que assaz me intriga.

Idiopático… Palavrão a tresandar que tem a mesma raiz que idiota… O Wiktionary.org elucida-nos que:

Do latim idiota (la), originado do grego antigo ἴδιώτης (idhiótis), "um cidadão privado, individual", derivado de ἴδιος (ídhios), "privado". Usado depreciativamente na antiga Atenas para se referir a quem se apartasse da vida pública.

Idiota eu serei, porque de facto me aparto da vida pública e cada vez mais me comporto como lobo solitário. Me comporto e me conforto nesse modo de vida.

Já na Wikipedia.org, voltando à vaca fria…

Idiopático: adjetivo usado primeiramente na medicina significando surgido espontaneamente ou de causa obscura ou desconhecida. Derivado do grego ἴδιος, idios (de si próprio) + πάθος, pathos (sofrimento).

Mas o que é isto “de causa obscura ou desconhecida”???… Então a tão desenvolvida medicina ocidental ainda tem estas pequenas lacunas do conhecimento?…

Tenho para mim - idiota que sofro de doença idiopática, que deliciosa coerência… - que a tal “causa obscura ou desconhecida” deve ser alguém - ou talvez mais do que uma pessoa… - ter uma boneca voodoo cá do rapaz!…

Toda esta sucessão de incidentes menos bons tem levado a que eu me tenha retraído na perseguição de um sonho. O de sair do meu país natal, que entretanto se me tornou tão aziago.

Tenho de dar esse decisivo passo que tanto tenho adiado.

Queria muito voltar a lugares onde já fui muito feliz. A reunir-me, nem que seja uma última vez por breves instantes, com aquela sobre a qual cresceu-me a convicção de que nasci para ela.

Mas desconfio que embora questa donna è molto mobile, a sua derradeira e definitiva vontade é de que essa reunião das nossas almas e corpos não se produza mais nesta presente existência nossa.

Tal não me impede de lhe desejar toda a felicidade deste mundo, com esta sua bem clara escolha.

Mas eu também quero e acho que mereço ser feliz. E hei-de sê-lo. Ou até já o sou, e não tenho podido sempre dar-me conta. Apesar desta sequência de azares.

Dizem que depois da tempestade vem a bonança. Mas se calhar não vou esperar mais o fim da borrasca para começar uma vida nova.