sexta-feira, 24 de maio de 2024

• A vida na pré-reforma

Cheguei áquela fase da vida em que já posso ser considerado um idoso. Ou eufemisticamente, um sénior. Ou como soe dizer-se na Pindorama, um véio.

Passei a poder usufruir de passeios sénior, passe a eventual redundância. Porque já tenho mais de 60 primaveras. Ou no meu caso, outonos, estação em que vim ao mundo. Antes teria de esperar até aos 65 anos.

Aproveitei a boa vontade camarária de Odivelas e fui papar um almoço à borla. No passado dia 16 deste mês de Maio, maduro* Maio. No empreendimento turístico Quinta do Paúl, em Ortigosa, Leiria. Um raro espaço condigno para receber 10 (dez) autocarros expressos repletos de gente muito amadurecida**.

Um espaço muito generoso na sua amplitude. Albergou nesse dia mais de 500 (quinhentos) manducantes. Mas até que bem poderíamos ser o dobro.

Claro que para facturar este almoço - que eu ainda imaginei viesse a ser tão farto quanto um copo d’água dum casamento da filha dum burguês, mas não foi de todo - tinha de se gramar as lamúrias de velhos que estão sempre a contar a história da sua infância da sardinha que tinha de ser dividida por três***. Não disponibilizaram tampões para os ouvidos.

Claro que houve bailarico com um medley de música pimba. Mas vá lá, só para quem se quis voluntariar a queimar de imediato as calorias entretanto engorgitadas.

Mas bom, tudo correu bem, não houve mortos nem feridos. E depois do pézinho de dança trapalhona ainda houve direito a um lanche ajantarado, com sopa e mais uns petiscos.

Para o ano há mais mas talvez não me apanhem noutra. Há almoços grátis, sim, mas que ficam muito caros, porque tempo é dinheiro.


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* Agora entendo o que o Zeca Afonso queria dizer com este “maduro”. É o tal mês em que se realizam estes passeios sénior, sempre. Por conveniência de calendário. 


** Alguns, entre os quais me incluo, amadureceram uma beka melhor sem começarem a cheirar a podres ou tão-só fora do prazo de sanidade mental, digo eu…


*** Por dois ainda vá. Por três nunca percebi como se pode dividir irmamente uma sardinha. Um dos três, o mais azarado, fica com a cabeça, será assim?…

terça-feira, 14 de maio de 2024

• A vida segue dentro de momentos

Estou a viver de momento num quarto partilhado. Com mais quatro cavalheiros. Num flat com mais outros dois quartos, recheados cada um com três mancebos. Dá para formar uma equipa de ludopédio*.

Tudo isto na bela cidade de Loures, perto da Biblioteca Municipal José Saramago. Onde estou a escrever este post, num assim designado "Espaço Cowork". Magnificamente equipado, de resto. Deveria ser mais frequentado pelos cidadãos daqui.

Espera-se sempre que uma vivência tal seja temporária. Mas por vezes as coisas prolongam-se no tempo.

Se o universo conspirar a meu favor, quando eu voltar a ter o meu cantinho, talvez não deseje dum modo egoísta que este venha a ser só meu. Como estou a adquirir hábitos de viver em comunidade...

Farei como no Canadá. E assim talvez consiga aliar business with pleasure. E facturar. Duplamente. Eu mereço.
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* Football, para os mais desentendidos…