Cheguei áquela fase da vida em que já posso ser considerado um idoso. Ou eufemisticamente, um sénior. Ou como soe dizer-se na Pindorama, um véio.
Passei a poder usufruir de passeios sénior, passe a eventual redundância. Porque já tenho mais de 60 primaveras. Ou no meu caso, outonos, estação em que vim ao mundo. Antes teria de esperar até aos 65 anos.
Aproveitei a boa vontade camarária de Odivelas e fui papar um almoço à borla. No passado dia 16 deste mês de Maio, maduro* Maio. No empreendimento turístico Quinta do Paúl, em Ortigosa, Leiria. Um raro espaço condigno para receber 10 (dez) autocarros expressos repletos de gente muito amadurecida**.
Um espaço muito generoso na sua amplitude. Albergou nesse dia mais de 500 (quinhentos) manducantes. Mas até que bem poderíamos ser o dobro.
Claro que para facturar este almoço - que eu ainda imaginei viesse a ser tão farto quanto um copo d’água dum casamento da filha dum burguês, mas não foi de todo - tinha de se gramar as lamúrias de velhos que estão sempre a contar a história da sua infância da sardinha que tinha de ser dividida por três***. Não disponibilizaram tampões para os ouvidos.
Claro que houve bailarico com um medley de música pimba. Mas vá lá, só para quem se quis voluntariar a queimar de imediato as calorias entretanto engorgitadas.
Mas bom, tudo correu bem, não houve mortos nem feridos. E depois do pézinho de dança trapalhona ainda houve direito a um lanche ajantarado, com sopa e mais uns petiscos.
Para o ano há mais mas talvez não me apanhem noutra. Há almoços grátis, sim, mas que ficam muito caros, porque tempo é dinheiro.
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* Agora entendo o que o Zeca Afonso queria dizer com este “maduro”. É o tal mês em que se realizam estes passeios sénior, sempre. Por conveniência de calendário.
** Alguns, entre os quais me incluo, amadureceram uma beka melhor sem começarem a cheirar a podres ou tão-só fora do prazo de sanidade mental, digo eu…
*** Por dois ainda vá. Por três nunca percebi como se pode dividir irmamente uma sardinha. Um dos três, o mais azarado, fica com a cabeça, será assim?…