quarta-feira, 18 de maio de 2011

• The Prince Charming myth

Há boas e más notícias para essas almas solitárias que querem obstinadamente continuar a crer no mito do seu Príncipe Encantado, pessoal e intransmissivel.

A boa é que o Príncipe Encantado existe mesmo.

A má é que ele é como as vitaminas: tem um prazo de validade curto. Muito curto.

Pois é!... Príncipes Encantados é o que não falta por aí. Não haverá talvez donzela prendada e sonhadora alguma que já não o tenha avistado, ao seu.

Se o agarrou ou não, é indiferente. Pois se o conseguiu, foi tão fugaz a sua existência enquanto mito, que mesmo que tivesse perdurado por anos a fio, parecerá sempre demasiado curta a duração do seu folgor. Ao ponto de nem se julgar ter existido de todo. O que vai dar no mesmo.

E as lágrimas voltam de novo a brotar nesses alvos e imaculados rostos, dessas almas que não mereciam provações tamanhas. As almas desses seres que dão a vida aos outros.

Os outros seres, os que detêm a capacidade, às vezes inata, de se tornarem os tais Príncipes Encantados de alguém, são por natureza volúveis. Distraídos por diversos interesses em simultâneo, escapa-lhes durante a maior parte do tempo o essencial. E daí advém bastas vezes a rápida sublimação da sua qualidade efémera.

Para as vitaminas inventaram-se os conservantes, do modo a combater a sua natural instabilidade química e manter as suas características e propriedades intactas por mais tempo.

Para os Príncipes Encantados, julgo ter descoberto a receita para esticar a sua longevidade... à custa de algum sofrer o logrei, não leve de todo, mas recompensador. E agora, além de mim, alguém poderá beneficiar desse meu pretenso saber adquirido. Se este for realmente válido. Pois, como para qualquer novo fármaco, terá de ser posto á prova em laboratório.
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A inspiração deste pensar meu de hoje sobreveio-me induzido por uma mão amiga, que foi nessa tarefa um instrumento dos deuses, quando me ofertou a imagem que uso neste post, aparecida, sinais dos tempos presentes, no visor do meu telefone móvel.

A alma dessa mão amiga não é distinta da dessa rapariga ruiva que a imagem ilustra. Na aldeia da sua adolescência também se refugiava sozinha no seio da mãe natureza, imersa em primaveris campos cobertos de malmequeres. Que colhia para fazer colares com que se enfeitava a si mesma. Com uma tímida vaidade própria. E de quem brotaram os seguintes versos de pureza singela:

Chorai

Chorai gotas de orvalho
Embebendo o lençol da amargura
A noite plácida clama agora
Pelo abraço da ternura

Chorai vencidas pelo sofrimento
Que o sonho espreita distante
Ai, que pranto tão derradeiro
Que mágoa dilacerante!

Chorai, olhos rasos de tristeza
Onde o sol não tem esplendor

Nasce o rio da amargura
Onde se banha a eterna dor

Na homenagem, intimamente só minha, que quero fazer a esta mão amiga, que este blog não lerá, gostaria de lhe provocar por telepatia a recordação de que ela é grande porque uma vez escreveu estas linhas brancas de poesia.

Mais desejaria ainda a um génio de uma achada lãmpada de Aladino que findasse o seu sofrer actual, o mesmo, afinal, que fez seus versos nascer e que ela julga colar-se à sua pele desde que debutou nesta vida presente. 

E que,nem que fosse ao longe, eu pudesse sempre saber do seu estado feliz e doravante permanente.

Ela é em si todas as mulheres.

E eu demandarei ser sempre o seu fiel adorador. E a todos os homens urjo que me sigam. E a terra um dia assim será o céu.

3 comentários:

Feliz disse...

Que escrita genial - que visão pratica do que é e sempre serão as coisas...eu ainda ando na esperança dos principes - e quer me parecer que já me passaram uns quantos ao lado... ;)

Obrigada pelo apoio!

Giuseppe Pietrini disse...

Obrigado pelas tuas gentis palavras, Feliz. Vindas de ti, que também tens uma escrita que se devora prazeirosamente, é um selo de qualidade melhor do que um prémio Nobel da blogosfera.

Inda vais encontrar um Príncipe Encantado, concerteza, que terá o somatório das qualidades de todos os que te terão passado ao lado. Quiçá no Funchal, onde one never walks alone.

Feliz disse...

Ohhh :') Obrigadaaaaaaa