Cartaz do filme "Florbela" |
quarta-feira, 4 de abril de 2012
• Florbela - o filme
Acabei de assistir a este filme há poucas horas atrás…
Ultimamente dá-me, nem sei bem porquê, para fazer analogias entre a minha vidinha e as existências que vejo discorrer nas tramas dos filmes que me tocam mais fundo.
Não sei se o carácter de Florbela Espanca foi mesmo assim, como a romancearam nesta película… mas posso, à luz do que observei ter sido o seu percurso de vida na área sentimental, compreender um pouco mais o que me sucedeu nesta última década a mim próprio...
De um certo modo, quem inventou o argumento desta viagem pela idade adulta de Florbela desmistificou-a aos meus olhos. E deu-me vontade de eu também desconstrui-la com afã desmedido. Atrevo-me agora a re-escrever um dos seus poemas mais conhecidos. Tentando riscar o que bem poderá ser um retrato pessoal do reverso da medalha do que esta melancólica alentejana idealizou sobre o que é ser um poeta.
E é isto então o que me surgiu, mal havia finalizado a sessão das 19h15m nas salas dos cinemas UCI do El Corte Inglès, de Lisboa…
Ser Poeta
Ser poeta é ser maldito, é estar só
Entre os homens! Viver sem qualquer sanha!
É ser proscrito e estar como quem tenha
Dez milhões e um fãs em seu redor!
É ter de mil desejos o fulgor
E nada obter do que se deseja!
Haver tanta dama, que se corteja,
Sem a nenhuma ter aquele amor!
É ter fome, é ter sede do incógnito!
Passar as luas cheias, sozinho assim...
É mal sofrer, demais, e sem um grito!
E é amar-te, assim, escusadamente...
É seres chaga, e dor, e perda em mim
E calá-lo chorando p'ra todo o sempre!
Florbela Espanca, travestida
por Giuseppe Pietrini
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