Parafraseava ela a grande Clarisse Lispector neste diálogo fictício, que nunca teve lugar.
Ela: Não me deixes partir. Posso não voltar.
Ele: Não se pode impedir ninguém de partir. Quando essa é a sua vontade. Porque se alguém for impedido de o fazer, então mais tarde ou mais cedo parte, concerteza. E assim é que não volta de forma nenhuma.
Ela: Eu não falava de impedir de partir mas, se calhar, de dar motivos para ficar.
Ele: Motivos para ficar sempre dei. Também dei motivos para partir, por vezes. Hoje recordas muito mais os últimos do que os primeiros. Por incompetência minha, decerto. Mas como poderia eu saber que mais motivos para ficar deveria produzir se andaste camuflando a vontade de partir?
Ela: Tu bem sabes, não negues, que devias ter-te empenhado mais. Sempre admitiste isso.
Elle: O que eu sei é que nunca se ama alguém o suficiente, afinal. Nunca. Lembra-te daquele filme que tu viste e eu depois também, "The Descendants". Com o George Clooney.
Ela: Oh!… Não m'interessa! Olha, os homens são todos iguais. Todos.
Ele: Dizer isso é desistir. E se tu desistes… Eu também não vou mais insistir. E depois, afinal, já partiste mesmo. Há largos dias. Demasiados para se poder suportar mais a tua ausência. E para tu conservares a valia que eu tinha para ti, em tempos que já lá vão. Pois se sou igual a todos os outros… ou até serei menos ainda.
Ela: Bem, eu já tenho é coisas demais para me chatear. Não preciso que tu também venhas ainda piorar mais.
Ele: (…)
"No more Mr. nice guy", é o que me apetecia seguir como máxima daqui p'rá frente... Mas não. Eu vou ser melhor que isso. É mister aprender. Senão, não vale a pena a vida andar a dar-nos duras lições. As que cada um de nós mais faz por merecer.
Ah! E quanto a você, Clarisse... Nós nunca temos outra chance senão a de deixar ir, mesmo. Viu?... E não me venha com essa de que "pode" nunca mais voltar. Você sabe tão bem quanto eu que uma mulher nunca volta atrás, de jeito nenhum, ponto final.
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