segunda-feira, 25 de outubro de 2010

• O Pietrinismo

Afinal, ao invés do que aqui já declarei, a inconstância do meu ser lá me deu para, enfim, criar a minha própria doutrina - de vida, não apenas política -, o Pietrinismo.

Vou hoje aqui dissertar sobre o conceito de família.

E porquê? Vejam lá, porque estou once again officially single. Sofri um desgosto de amor, paga que recebi por ter dado outro desgosto desse calibre a quem o não merecia.

A vida tem de continuar. Ou como dizem os americanos das fitas de cinema, the show must go on.

Um desgosto de amor cura-se com outro amor.

Por isso, vou tentar definir o remédio certo. Vou experimentar fazer o retrato-robot do amor perfeito.

Quero uma black magic woman. Uma chinesinha linda. A bela da ucraniana. Uma amorosa tica. Fazer sauna com uma finlandesa de tez alvíssima. Uma loira bronzeada pelo sol da Califórnia. Receber uma massagem tailandesa corpo-a-corpo. Uma francesinha très coquette et coquine. Ter a performance de uma cerimónia do chá executada para mim por uma genuína gueisha nipónica de Kyoto. Uma colombiana igual à Lucia Tovar. Ter uma odalisca "egipcia", a fazer-me uma dança do ventre, como já tive um dia só. Uma endiabrada filipina. Aquela morena italiana de olhos verdes esmeralda. Zuquinhas saradas e popozudas. Ou até as tugas que me renovem a confiança perdida nelas. 

E as razões porque nas nossas mulheres portuguesas tenho uma menor confiança são: à uma, regra geral, não têm uma mente tão aberta quanto as de muitos povos estrangeiros. Segundo, creio preferir pessoas desenraízadas. Como o são as mulheres imigrantes. Sós, longe das suas famílias. E nessa qualidade de sós, são assim mais carentes de afectos. Mais receptivas ao amor. Mais tendentes a deixar as paixões invadirem suas existências.

Eu amo todas as mulheres. E por amar todas, feri sentimentos das que me estavam mais próximas.

Giacomo Casanova teve o leito de muitas mulheres mas nunca mais encontrava "celle-là". E então persistia nessa busca. Mas havia de facto, uma única, a tal "special one" para ele. Como existe para cada um de nós, homens. Que ele nunca podia esquecer. Mas também, por sua desgraça, ter não podia.

Eu creio só desejar hoje quem se queira comigo deitar, abrindo os lençóis ao mesmo tempo de ambos os lados do futon. Que não me deixe desejar outra coisa senão também segui-la na noctívaga hora de quando ao aconchego dum édredon de penas e de uns braços se quiser entregar.

Eu quero desejar a quem me deseja. Eu quero dar calor a quem o meu calor reclama. Eu quero é uma mulher que me empurre, me jogue na cama, no chão, na mesa, whatsoever, e que deseje brincar com todo o meu corpo como uma adulta criança e me faça sentir, à vez, ora um homem, ora um menino, quando me entregar de sua inteira vontade e ãnsia, igualíssima à minha, o seu corpo também. 

Eu quero quem sonhe os meus sonhos. Eu quero estar nos sonhos dela. E mesmo que essa "ela" ideal procure o calor de outros braços, que sejam sempre, sempre os meus os que ela toma como preferidos. Como ela não me deixará de me fazer preferir sempre os dela, mesmo que em outro leito eu busque por vezes carinho. Eu cada vez mais necessito de adormecer e acordar abraçado a outro corpo que aloja um coração palpitante. Agora que isso vou perder. Espero que por uns tempos breves apenas...

Eu quero a minha alma gêmea, para com ela para sempre caminhar lado a lado. Mas se a não encontrar, quero perder-me aos poucos com esta e aquela, que possa ser tão carente de afecto como também ciosa da sua independência. E por momentos, breves mas eternos enquanto durem, conscientemente iludir-me de que sou feliz e que aporto felicidade a quem me recebe. Como Giacomo Casanova tinha a arte e o engenho para o fazer.

Há p'rái tanta senhora carente e eu aqui, quedado estático, com minhas inatas - de outras vidas passadas, quiçá - capacidades de amar inaproveitadas. Poderia espalhar tanta felicidade por todo este mundo... Eu e outros eleitos dos deuses. Se ao menos quem necessita soubesse ter a sagacidade para adequadamente receber a dádiva dos que, como eu, andam ávidos de se darem.

Eu creio ainda querer ter mais um filho. Nem que tenha de ser de produção independente. Como o Cristiano Ronaldo fez... 

Já tenho a fortuna de ter uma filha nesta vida actual. Uma filha maior do que a maior das filhas, a Nastassja Kinski. Já devia estar muito grato aos deuses. Mas acho que ambiciono mais. Talvez porque a minha filha está quase independente... e um dia vai ter o seu ninho.

Mas... e se eu estiver a visar ao lado? E se a minha alma gêmea for afinal um homem como eu?

Nesse caso, continuo a querer para sempre caminhar lado a lado. Vamos tomar café juntos. Vamos beber absinto juntos. Vamos fazer a volta ao mundo, em lugar de fundarmos um sedentário lar. Vamos escrever e ilustrar um livro juntos. Vamos fazer a derradeira revolução mundial.

Eu quero uma muleta. Eu quero ser a muleta de alguém.

Se essa muleta for fêmea, tanto melhor, não dormirei só e terei outrém para dissipar o calor do magma do meu vulcão. Se essa muleta for antes macho, on s'en ira ensemble voir les p'tites femmes de Pigalle...

(esta última frase, para que melhor perceba quem não me segue completamente, é uma alusão subliminar a algo que coloquei no meu Mural do Facebook ontem,)

Bom, e agora ainda podia continuar, como me prupus no início, a filosofar sobre o conceito de família, abordando ainda aquela experiência social iniciada na Escandinávia nos anos 70: as denominadas famílias colectivas. Alguém se recorda? Quem quiser que vá ao Google, que por aqui hoje me vou quedar. Basta.

Hoje, faltam tantos dias como os dedos duma mão para que complete a metade de um século.

Por ironia, o local onde nasci, a maternidade da antiga Clínica de São Miguel, no bairro de Alvalade, nesta Lisboa portuguesa, é hoje um lar de idosos. Onde antes vidas começavam, hoje terminam. 

Eu não estou preparado para ser já um idoso. Eu ainda quero viver mais meio século, se mo concederem. Eu ainda me sinto num auge. Eu ainda quero ter mais um filho. Construir uma casa. Um lar. Ou então viver a viagem da minha vida.

Ó deuses, olhai por mim.

Prometo-vos que não mais serei cego ao ponto de não ver o valor imenso da oferta que porventura me façais de novo. Como o fui até agora com as vossas anteriores encantadoras dádivas.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

• "Retiro Espiritual"

O meu staff eleitoral não pára de meter água...

Agora iam quase aceitando um voucher para uma estadia de 7 noites "gratuitas" numa cadeia hoteleira - que não vou nomear aqui, mas que posso revelar a quem me questionar em privado - mas que, claro, trazia custos camuflados que o meu OE não poderia comportar.

Isto está relacionado com o favor que vos iria pedir, meu eleitores, aludido neste post que publiquei num dos meus outros blogs, por acaso o primogénito, "Ideias Peregrinas (ou talvez não)". Bom, resumindo a história, já não vou mais fazer campanha na mítica zona do Cabo de Sagres.

E, portanto, criou-se um buraco na minha agenda. Já não tenho nada programado entre os próximos dias 23 de Outubro a 7 de Novembro. 

Isto, à excepção do dia em que o Rei faz anos. Esse é para a minha família real. Que no futuro, graças ao vosso voto, meu povo, será uma legítima família presidencial.

Decidi, portanto, demitir o meu staff actual e resolvi empreender nestes dias vagos na agenda um designado "Retiro Espiritual". Para me ocupar de afazeres diferentes dos da política. Tanto pior se isto irá arruinar o ritmo da minha marcha triunfal até a eleição final, que o Cavaco lá marcou para o dia 23 de Janeiro do ano que vem.

E que afazeres serão esses? Estes, referidos neste outro post do já acima mencionado blog. Isto está tudo intrincado.

É verdade. Vou terminar de escrever um livro. Os meus "Lusíadas".

Mas preciso de uns Mecenas. Vamos lá a ver agora o poder da comunicação da net e das redes sociais.

Que instituições colectivas ou pessoas em nome individual se disponibilizam a me poder ofertar: 
- A estadia de cerca de 2 semanas, em qualquer ponto deste mundo em que poderei ter o repouso da alma adequado - cama, mesa, roupa lavada e sossego absoluto... ou melhor, nem tanto assim, no que dirá respeito ao sossego, get it? - ao término desta façanha literária ilustre? 
- Um computador portátil como ferramenta de trabalho? Se fosse um MacBook, tanto melhor, mas até se aceita um Sony Vaio (sem viroses, claro). A ligação à net, isso garanto eu.

Os primeiros a chegarem-se à frente terão as melhores hipóteses de um dia poderem dizer aos seus netinhos que ajudaram a que o meu livro acontecesse. Querem algo mais aliciante?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

• E a Campanha Feliz continua... (parte II)

Neste dia o meu director de campanha teve esta ideia brilhante: conquistar os meus eleitores um por um.

Afigurou-se-me à partida façanha difícil e a prolongar-se no tempo demasiado. E o tempo até ao dia das eleições - alguém me refresca a memória e me informa quando será esse dia em Janeiro de 2011, que agora não me recordo, claro, sff? - escasseia. Mas como não me apetecia mexer-me muito, pronto concordei.

Fomos então tentar empreender a boa acção minha do dia. Que consistiu em apoiar uma alma boa e merecedora, cuidando assim conquistá-la para a minha causa.

Escolhemos ao acaso um elemnento simples do povo, daqueles que tinham de estar de serviço nesse dia feriado. Arranjou-se assim uma digna senhora que ia saír de turno cerca da hora do lanche. E que teria depois uma longa e solitária caminhada até ao conforto do seu lar.

Este nosso povo que nos elege leva às vezes uma existência difícil e de sofrimento. Nesta campanha é que me estou a dar conta desta realidade nova para mim.

Mas não fomos apenas prestar-lhe um serviço que qualquer táxi lhe poderia proporcionar. Em vez disso, fomos entretê-la o quanto podiamos e sabiamos com a nossa companhia e inata simpatia - o meu director de campanha é um marketeer nato - o que até se revelou largamente devido e adequado para o target em questão.

Adorei a ideia de convivermos os três num lanchinho recheado a palavras de amizade. E de depois termos tido a iniciativa de, ao cair da luz solar, mostrar a uns bonitos olhos a beleza duma natureza domesticada: a do complexo do Belas Club de Campo, que é assim como que um dos melhores oásis no meio da antítese de deserto que a disseminação de betão nos subúrbios da grande Lisboa produziu.

E é também este o modelo de urbanismo que defendo para o nosso país. Quando for eleito, vou mandar arrasar todos os casebres indigentes e semear vários Belas Club de Campos pelo nosso território nacional. Seremos então finalmente a Califórnia da Europa.

Ao finalmente deixar esta alma boa perto do seu lar, não fiquei convencido de ter o seu voto assegurado. Mas em compensação, não me coibi de arrancar à força de um menino com birra o meu beijinho. E a bela eleitora confessou quedar-se corada com o meu pedido.

Mas ainda havia que fazer campanha eleitoral no resto das horas desse feriado. E por isso, lá foi o ensaio de arruada ser executado para o CascaisShopping. Malograda manobra.

O centro comercial estava quase vazio, estranhamente ou não. Também, andam p'rái a falar tanto de OEs e aumento de IVA para uns 23% - porquê um número primo? não seria mais avisado um quarto de uma centena, que dá azo a umas continhas mais facéis? - que a malta deprime e não sai e não gasta o guito e depois sempre quero ver onde é que o aumento do IVA vai render mesmo mais receita estatal.

Já dizia o Clinton, que não era nada burro, it's the economy, stupid! Já falei nesta temática num outro blog meu, o "Cidadania Rasca". O pessoal ainda não me ouve...

Bem, mas ainda deu para tratar de pormenores logísticos. A minha fotógrafa oficial adquiriu um acessório essencial à sua arte: um cartanito de memória SD de 2GB, o que lhe permitiu tirar uma foto oficial minha mais. Vide no topo deste post, sff. Onde pareço assumir a pose simbólica de Sidhartha Gautama de Kapilavastu.

Estranho mimetismo este, levando em conta que me encontrava num templo do consumo desenfreado....

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

• E a Campanha Feliz continua...

Este vosso candidato a Presidente da República esteve no sábado passado, segundo dia deste abençoado mês de Outubro, a ensaiar algumas arruadas.

Desta feita fiz-me acompanhar pela minha mandatária para a juventude - é de praxe todo o candidato ter uma - por mor da minha sócia estar de baixa. E de esta já estar farta destas palhaçadas, e com toda a sua razão.

O meu staff eleitoral continua a dormir em serviço e eu lá continuo a não ser muito reconhecido pelas multidões nas quais me imiscuo. Começo a detectar alguns olhares curiosos, raros ainda, em minha direcção. Julgo por breves momentos que a mim se dirigem. Mas depois acordo e lembro-me que vou acompanhado por um sucedâneo bem conseguido da Monica Bellucci e fico chateado, pois claro que fico chateado... como o gajo dos Gato Fedorento.

Deambulei pelo Centro Comercial Oeiras Parque, por questão de alimentar a minha companhia desse dia, que se revelou pior que sustentar um burro a pão-de-ló. É que já estava a acontecer uma leve ultrapassagem horária do período dito normal de ir à quotidiana manjedoura. E os protestos eram iminentes...

Normalmente o apetite nas senhoras é inversamente proporcional ao seu coeficiente de esbeltez. No caso desta cachopa, uma brasileira fresca com sangue italiano na guelra, a proporção parece ser surpreendentemente directa...

Após o repasto, e como não havia pedidos a nós dirigidos de autógrafos, canetas ou isqueiros em número que justificasse uma presença demorada no local, debaixo de um indesejado tecto do referido Centro Comercial... rumámos então ao Parque dos Poetas, que lhe fica sobranceiro. E brincámos como duas crianças livres de stresses. Que isto das campanhas eleitorais é extenuante.

O tempo aí passado só me recordava umas estrofes que Almeida Garrett nos deixou, no seu livro "Folhas caídas". Num poema em que ele recorda uma tarde bem vivida em Cascais, cerca de 200 anos antes da nossa, e um pouquinho só mais ao lado, geograficamente falando. Como eram essas estrofes, perguntam-me? Chatos do caraças! Vá lá, eram assim:


"Aí nessa bruta serra,
aí foi um céu na terra."

Mas o cheiro a maresia era também cativante nessa tarde. Lá vamos de recomeçar um assomo de nova arruada pelo passadiço entre a praia de Santo Amaro de Oeiras e a piscina oceãnica de Oeiras.

Objectivo final não atingido, porque nos deu para sentar no muro à beira do mar, ao largo do Inatel. E foi aí que experimentei a minha pose de "Martini Man", para mais tarde, se me apetecer, fazer com a foto em cima o outdoor principal da minha campanha.

A jornada política cansativa foi terminada no Centro Comercial Dolce Vita Tejo - estas empresas têm moralmente o dever de contribuir com subsídios para a minha candidatura, tal a publicidade que lhes faço neste blog tão acedido - com umas voltinhas pela H&M, Primark, Springfield, etc..

O orçamento da campanha estava a apontar para que o repasto vespertino fosse constituido de umas 2 simples bolas de gelado artesanal num copo... Mas a história do pão-de-ló sobreveio de novo e enchemos a malvada com una bella pasta, sorvida com muita satisfação. Estas zuquinhas são danadas para morfar...


E o gelado não foi substituido, mas antes tornou-se o complemento ideal de uma refeição tão prazeirosa quanto suculenta. No café da marca de chocolates Arcádia, do Porto, que vivamente recomendamos. Claro, ainda no Dolce Vita. Não, não rumámos tão depressa até à capital do Norte.

E assim se cumpriu a minha jornada política nesse dia santo.

Ah! Esquecia-me de relatar que entre Santo Amaro de Oeiras e o Dolce Vita, passámos pela residência oficial do meu progenitor e sua companheira eternamente dedicada, para lhe prestar a há muito devida reverência da minha visita, também oficial, e que foi um happening plenamente conseguido para todos os personagens envolvidos neste.

E para se perceber completamente a importância deste último evento, é necessário mirar atentamente um post anterior neste blog, intitulado "O Monstro precisa de amigos".

A seguir, aqui aparecerá o relato da jornada do passado feriado de 5 de Outubro.