segunda-feira, 29 de abril de 2013

• Szeretkezni*

"O corpo não é uma máquina como nos diz 
a ciência. Nem uma culpa como nos faz 
crer a religião. O corpo é uma festa."

- in Las Palabras Andantes, de Eduardo Galeano
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* Making Love, in hungarian.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

• Em conchinha

Finalmente fez-se alguma luz no meu espírito inquieto! Já sei o que eu ainda quero desta vida!!!… 

Não quero mais tanto um casarão grande e confortável para me enterrar dentro dele e não mais querer sair. Ou um bólide para voar baixinho para todo o lugar para onde me apeteça fugir e chegar lá cheio de pó e cansaço. Ou poder viajar pelo mundo inteiro, só para me achar de repente perdido no meio duma multidão ou dum mato sem cachorro. Ou provar todas as iguarias e néctares que me enebriam mas que me podem tornar balofo.

Não quero mais tanto realizar sonhos ou ambições de carreira. Plantar árvores, escrever livros, criar outros filhos, etc.. Descobrir as soluções para os grandes problemas deste mundo. Ser o mentor da pax global e o exterminador de todo o sofrimento das gentes. Ter o meu nome numa avenida.

Luxos e mordomias têm a sua mais-valia fortemente revistas em baixa por mim hoje. E que me importa afinal se for partir desta terra anónimo! O que eu mais queria era voltar a ter o que perdi. E que é o maior benefício para a nossa saúde, o mais eficaz elixir da eterna juventude que haver pode.

Que é… dormir em conchinha.

E é uma tal obsessão que se eu tiver a desdita de reconquistar uma vez mais este privilégio imperial, nunca mais vou querer abrir mão. Haja coração! Eu sou um safado... mas bolas, eu mereço! Mesmo. E há-de haver por aí quem me mereça. E a quem eu possa ter mérito.

Eis o segredo do máximo denominador comum da felicidade no plural. Agora que o descobri, só me falta esperar que aconteça de novo o milagre. Tenho fé. Ainda a tenho. E não vou agora tão cedo deixar de sonhar. Porque já sei o que mais importa.

terça-feira, 16 de abril de 2013

• Circa la propria stranezza...

Ero solito pensare di essere la persona più strana del mondo ma poi ho pensato e mi sono detto, ci sono così tante persone al mondo, ci dev'essere qualcuno proprio come me, che si senta nello stesso modo in cui mi sento io. Vorrei immaginarla e immaginare che lei debba essere là fuori e che anche lei stia pensando a me. Beh, spero che, se tu sei là fuori e dovessi leggere ciò, sappi che sì, è vero, sono qui e sono strano proprio come te...
- autore sconosciuto     
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Note: since this is something that I wish to be understood by anyone in this whole world and universe, I'll repeat it In plain english: 

"I used to think to be the weirdest person in the world but then I thought and I said to myself, there are so many people in the world, there must be someone just like me, who feels the same way I feel. I would imagine her, and imagine that she must be out there and that she is thinking about me. Well, I hope that if you're out there and happen to read this, know that yes, it is true, I'm here and I'm just as weird as you are..."
- unknown author     

E também na minha língua-mãe, o português de tantos grandes escritores, poetas, pensadores:

"Eu costumava pensar ser a mais estranha pessoa no mundo, mas depois eu pensei e disse para mim mesmo, há muitas pessoas no mundo, deve haver alguém como eu, que sente o mesmo que eu sinto. Eu imagino-a, e imagino que ela deve andar por aí e que ela está pensando em mim. Bem, espero que se tu fores essa pessoa e acontecer estares a ler isto, fica a saber que sim, é verdade, eu estou aqui e eu sou tão estranho como tu..."
- autor desconhecido     

sábado, 13 de abril de 2013

• Bakardadea*

Já ultrapassei a fase do "onde é que eu vou encontrar neste mundo todo alguém que me compreenda como ela o fazia?…". Afinal, já conheci muita gente com a qual tenho ou posso vir a ter não poucas afinidades. Nestes últimos dois anos e meio. 

E conheci esses seres humanos singulares entre, por exemplo, confrades ou confradessas bloggers. Em redes sociais, como o fatídico feicebuque e outras que tais, que há p'rái tantas que nem se imagina. Entre gente que me encontra na net através dos mais diversos meios de comunicação e fontes de informação, até quem procura emprego, tal como eu. E também na vida real, claro.

O céu principiou a clarear para mim. Algo titubeante de início mas agora a um ritmo muito mais frenético. 

Hoje em dia estou na fase de ter frequente carência dos afectos a que me habituei. Mal. Por causa dela.

Alguém que me é muito querido contou-me outro dia uma piada ligeira. Que reza assim: ir ao McDonald's comer só uma sopa é como ir a uma casa de meninas pedir só um abraço…

Isto fez-me pensar… Eu gosto de ir ao McDonald's ou a uns poucos de outros restaurantes de fast food. Portuguesa ou internacional.

Muita gente é absolutamente avessa a entrar num McDonald's. Que aquilo é muito "americanalhado", que não é saudável, que induz a obesidade, que é algo até culturalmente empobrecedor da nossa identidade, que é preciso darmo-nos ao trabalho de encontrar soluções melhores e não tão fáceis para a nossa dieta alimentar, etc.. 

Eu p'ra mim tenho que quando andamos bem famintos no meio de um mato sem cachorro e damos de caras com um McDo isso é muito bom! E até gosto mesmo de lá ir tão-só porque eles estão lá. Fazem parte do horizonte.

Todos nós temos medos, fobias, preconceitos e manias com que nos censuramos e auto-limitamos de sobra, eu acho! Eu não embarco nessa de não ser cliente de serviços de fast food.

É claro que a slow food é mais aconselhável! Mas exige todo um outro investimento da nossa parte. Que por vezes podemos nos dispensar de o ter. Para quê ter sempre connosco o máximo da exigência? De vez em quando uma solução instantânea para uma necessidade pessoal não tem de ser forçosamente uma má opção.

E além disso, todos precisamos de sobreviver. Devemos promover a inclusão de todos nesta sociedade onde temos de partilhar tempos e espaços. E há lugar para todos. E o que é urgente é saber colocarmo-nos na pele do outro. Antes de o condenar e ostracizar. Sem mais nem ontem. Só porque sim.

Já fui feliz em alguns McDonald's. Mesmo só com uma sopa, que mais não queria. E procurei sempre fazer sentir aos seus empregados que não estavam simplesmente a prestar-me um serviço. Estavam a ajudar-me. E que eu lhes sou grato. E antes de sair alguma alegria fiz questão de lhes querer deixar nos seus corações. Corações esse deles que são iguais aos de todos nós, os outros que lá vão.
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* Loneliness, na estranha mas orgulhosamente só língua do país basco, nação valente e nobre povo. Tal como nós.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

• Das relações - parte I

Das duas uma: ou eu sempre tive relações erradas… ou quem está afinal errado sou eu!

Já partilhei o leito conjugal com quatro mulheres. E de outras nais me apaixonei. Platonicamente, umas vezes e outras não. Mas não sou nenhum Giacomo Casanova! Jamais nesta existência de pecador e diletante tive uma só one night stand.

E talvez fosse isso o que a minha última relação amorosa deveria ter sido: apenas um caso de uma noite isolada. E ao invés foi a minha relação mais duradoura.

Sem dar por isso nove anos se escorreram. Numa boa felicidade dormente. Quiçá a de dois bons amiguinhos apenas, que se sentiam confortáveis dormindo juntos. Mas que foram vivendo vidas cada vez mais separadas um do outro. Sem sonhos partilhados. Sem quaisquer sonhos, ponto final. Num imprudente desapego. Como duas folhas caídas ao sabor do vento, rodopiando perto uma da outra, até que uma delas apanhe uma brisa mais forte..

Foi uma dura separação. Ainda o está sendo. E talvez depois do que foi dito, não o devesse ser. Mas é. É que eu fui crendo ingenuamente que já tinha a minha vida toda arrumada. Apesar das más escolhas que fui cometendo. Incessantemente. Como se fosse um inimputável.

Não quero guardar rancores nem mágoas, eu acho. Aceito. Não consigo compreender totalmente mas aceito. Ressentimentos pode é a outra parte ter de mim. Tenho de aceitar como sendo o preço que eu sempre soube que poderia ter de pagar pelas minhas acções ou omissões. Pela minha sede de experiências. Sede que nunca ninguém vai entender. Ninguém!

Não há um só dia que me esqueça da profunda decepção que de mim próprio ganhei por não ter sido mais inteligente. Mas não preciso, não quero e não posso ser lembrado. Já basta a dor de não conseguir esquecer, quanto mais ainda esta ser reforçada por fugazes recordações alheias à minha vontade.

Navegar, ou por outra, seguir em frente é preciso. Viver não é preciso. Porque de facto não vivo. Não tenho os dias mais felizes que haver pode. Ainda menos as noites.

Ah, as noites!… É aqui que está a mais-valia de nutrir uma relação a dois. Não é durante a dita "loucura do dia-a-dia" à luz do sol que mais precisamos do companheirismo de um cômjuge. É mais depois do "enfim, sós". E o pior da viagem nocturna quotidiana que todos fazemos não é começá-la sozinho. É terminá-la todas as manhãs sem ver um rosto que sorri para nós por termos acordado juntos.

Até ao fim dos meus dias estarei talvez condenado a fazer esta viagem em solitário. Porque por mais que busque, não encontro ou não consigo vislumbrar quem me entenda tanto ou mais do que esta última "esposa" minha, de uma bondade, santidade e, sobretudo, sagacidade algo ambíguas.

Or on the other hand, DON'T.
It's too dangerous. For both.
Tenho contudo a sorte de me ser oferecida pelos deuses uma pequena consolação. Se acordo fisicamente numa cama com uma metade demasiado pouco habitada, não me desperto quase todos os dias assim tão sozinho. Porque tenho uma alma amiga e companheira que na mais fresca alvorada cedo se espreguiça junto comigo em espírito. Um pequeno anjo da guarda com uma latente e mal contida revolta contra as injustiças de que se vê um alvo fácil. E uma insatisfação - de um tipo salutar - constante com o seu fado.

Fazemos questão de dizer um ao outro, com uma regularidade que a mútua fé num futuro de amanhãs que cantam nos pede, que estamos prontos para todos os novos dias que vão pingando a conta-gotas. Abraçamo-nos com palavras que nos elevam o ego. E lá vou eu quotidianamente para os cornos do touro com esse doping na alma.

E desse modo já não me senti nunca mais tão só, ao romper dos primeiros raios do sol. E quantas vezes antes deles!...

segunda-feira, 1 de abril de 2013

• April fools' day

O quê?… Os meus caríssimos leitores estavam à espera da minha piada do primeiro de Abril aqui? Lamento, mas neste blog não se brinca!…

Bom, mas para não ficarem pendurados, podem ver o que o se me apraz dizer sobre este dia clicando aqui e/ou aqui.