É de facto a memória o meu pior inimigo. Aquele que dentro de mim vive e me consome, a pouco e pouco.
E para quê? Porque temos nós memória? Se ao menos nos servisse para aprender com os erros… Mas não. Nós erramos e continuamos a errar. As nossas existências não são outra coisa senão uma sucessão de erros. De erros e mais erros, que cometemos tal como respiramos. Dos mesmos erros, anos a fio replicados.
E depois temos ad eternum de viver com as memórias destes erros… Para quê???… Não podia o Criador ter-se abstido de nos equipar com estes chips que não são úteis a nada?… Excepto talvez para não nos deixar repetir os mesmos erros… imediatamente a seguir a serem reconhecidos. Sim, porque mais tarde ou mais cedo lá cairemos de novo neles…
O erro exerce uma atracção fatal sobre o ser humano. Sabemos tantas vezes e tão bem o que é o certo… Mas não resistimos a fazer ao invés o errado.
Tornamo-nos voluntárias cobaias de nós próprios. Sobretudo em algo que todos nós almejamos e perseguimos amiúde: o amor.
E depois quando o amor se extingue, porque coisa mais fugaz não há, restam as memórias em nós!… Como uma ferrugem, que é o preço que até o mais nobre aço temperado das espadas de Toledo sempre acaba por pagar por enfrentar a corrosão provocada pelos elementos naturais ao longo de séculos.
Este meu grande inimigo está a cansar-me a beleza!… Mas ao mesmo tempo é como se esta fosse suar para um ginásio. E depois vem de lá mais revigorada.
Afinal, o nosso pior inimigo pode trazer-nos também algo benéfico.
“In the practice of tolerance, one's enemy is the best teacher.”
- Dalai Lama
E a tolerância faz os homens serem melhores.