domingo, 15 de setembro de 2013

• À espera de ser salvo

Dias há nesta vida em que já nada parece valer a pena. 

Como eu disse a alguém, num dia cinzento dessa alma, todos nós que somos incapazes de não sentir temos dias assim. Mas continuamos cá. Porque sabemos que existem ciclos. E a seguir a uma fase de algum negativismo deve vir a onda que nos impulsiona para o topo, outra vez.

Outra coisa que me faz não desistir é não querer que quem me menosprezou não tenha qualquer hipótese de assistir, sequer de longe, à minha lenta e já nem penosa decadência.

Mas a verdade é que me sinto sem ânimo. Para nada. Preciso de quem me salve. De quem me mostre uma realidade pela qual valha a pena me mexer.

Esse alguém que será o meu salvador terá de ter como que uma paixão pelo restauro de objectos antigos. Porque é como me sinto. Como uma antiguidade. Como algo que já teve uma vida útil que se terá talvez esgotado. Como algo que poderá ainda ter um papel decorativo. Prestativo. Útil, de algum modo. Valioso, até. Talvez...

Encontrarei ou serei encontrado por alguém assim?… Terá essa alma toda a abnegação necessária para se dedicar a salvar-me? Se vir que tenho valor suficiente, claro…

Eu sei. Nós não podemos esperar só por um salvador para cada um de nós. Temos de saber funcionar em modo IKEA. Isto é, para quem não terá percebido, com o DIY* engrenado. Mas… 

...Olhem, apetece-me sonhar. Deixai-me sonhar que ainda posso ter valia para outra alma como a minha. E que ela me encontrará. E que ela me salva e eu a ela. Que nos salvamos juntos.
______________________________________________________

* DIY: Do It Yourself. Ou em português, desenmerda-te.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013