sábado, 13 de março de 2010

• Limpar Portugal

Eu não vou faltar a esta convocação para uma tão grande causa!...

Afinal, a um candidato a Presidente da República que se preze impõe-se engajamento nas melhores iniciativas promovidas pela sociedade civil. E até Cavaco Silva já se predispôs a consultar a sua agenda para ver se tinha um "furo" onde encaixar algum tempo para dar uma mãozinha. O que só lhe ficaria bem. Outros houvera que o seguissem...

Se me quiserem acompanhar e aproveitarem para conhecer este vosso criado, que por vós labutará um dia em Belém, é só clicar aqui.

Venham daí, qu'isto até vai ser uma paródia valente, com uma malta porreira e danada p'rá brincadeira. Isto para pôr as coisas ditas na terminologia mais usual do nosso querido povo. Para vos incentivar, ó pessoas. E no fim até vamos praticar uma boa acção a nós mesmos.

Como no célebre slogan do "Rock in Rio", agora é que é caso para gritar, e com propósito: "Eu vou!".

segunda-feira, 8 de março de 2010

• Um dia feliz

A todo o meu eleitorado feminino, os meus maiores votos de um dia muito feliz. Esperem por mim, que qualquer dia vou começar a ir às feiras todas oscular-vos nas vossas rosadas bochechas.

sábado, 6 de março de 2010

• Parvoíces oníricas

Ele há coisas do caraças...

Atão não é que uma noite ou duas depois de fundar este blog, visita-me em sonhos uma grande figura - tão grande quanto sinistra - da política da nossa República?

Eu à espera do meu estimado Dom Dinis, do qual sou aficionado, ou do regresso de Dom Sebastião, assim que a bruma dos dias correntes amainasse, como segunda escolha... e eis senão quando, tomo consciência do lugar onde me encontro. Já ia o sonho na segunda parte depois do intervalo. Estou no antro do monstro sagrado. Na sua residência de verão em Cascais, onde num dia de sol radioso, caiu da cadeira e ficou desde então a bater mal da bola.

Parece contente com a minha presença. Creio que tem mesmo vontade de fazer uma passagem de testemunho. Julgo que me está a querer transmitir a impressão de que é chegada a hora do meu sacrfício pela mesma nação a que ele dedicou a sua vida adulta por inteiro. Ele quer que eu assuma a mesma dedicação que ele teve por este torrão.

Eu não posso concordar com as suas acções políticas. Eu desaprovo a mão de ferro que ele manteve sobre todo um povo, que ele olhou como os seus filhos traquinas. Não foi bom termos de recuperar do atraso, depois da sua partida do mundo dos vivos, a que a sua mania de um olímpico isolamento, dum país eremita, obstinadamente nos conduziu.

Mas todas estas discordâncias não me podem turvar outra visão: a de que ele se entregou sem reservas à causa pública. Na sua boa fé, para o bem comum de todos nós, seus súbditos. Ele não fez outra coisa da parte da sua existência que ao mundo importa do que cuidar de nós, tuguinhas. Muitas vezes como um pai severo, que com o poder que detinha tramou muitas outras existências que clamavam pela liberdade de não ter de seguir os passos que este "pai" desejava, mas enfim... foi com a melhor das intenções, no seu estrito conceito.

Aqui chegado, gostaria de enfiar agora este aparte: o nosso Primeiro-Ministro José Sócrates é, nessa entrega à causa pública, semelhante a ele. Nos outros aspectos, totalmente ao contrário. Aí é completamente mundano e cosmopolita. E sabe precisamente o que é necessário e o que podemos fazer, com os nossos parcos recursos, para sair do atraso em que estivemos e de alguma forma ainda estamos. Por isso o aprecio e lhe sou grato. Só vejo o essencial, não me perco com a rama, para a qual alguns tendem maquiavelicamente em desviar o nosso colectivo olhar.

Quando voltei do departamento onírico para o átrio da realidade, fiquei a matutar que seria visitado no futuro desta feita pela outra metade do binómio a que ele pertencia. O Dr. Álvaro Cunhal, que também já cá não está de corpo, porque de alma espero que não nos esqueçamos dele, já agora.

Mas talvez não seja necessária essa aparição. Já privei uma vez apenas brevemente com Cunhal, justamente na sua antiga residência nas Picoas, donde a minha memória reteve dois pormenores engraçados: os dísticos "Do Not Disturb" em caracteres cirílicos, depositados em todas as maçanetas das portas das diferentes divisões; e a caveira de boi com uns imponentes e longilíneos chifres que arrumou no escritório à frente da sua carunchosa secretária, do lado de quem convidava a sentar-se em diálogo com ele nessa salinha.

Bons sonhos para todos aqueles que me honram com a atenção com que lêem os disparates que aqui despejo. Bem hajam, vocês devem ser do bem, tal como eu espero sempre ser.

terça-feira, 2 de março de 2010

• Introdução

Eu, se calhar, até sou capaz de ser um gajo porreiro para os meus semelhantes, sem ter bem uma consciência firme desse facto. Logo, vou assumir a minha candidatura a Presidente da nossa Repúblicazinha Portuguesa.

Um outro gajo porreiro abriu um precedente semelhante a este há muitos anos em França. Chamava-se Coluche e foi um pantomimeiro de primeira apanha. Consta que terá feito um cartaz de campanha onde adoptava uma pose de "realeza". Sentado no "trono". Naquele trono que todos nós temos lá em casa e onde os homens costumam encontrar aquela paz de espírito e recolhimento propício á leitura de jornais e revistas, entre outras coisas.

Em Portugal quem inovou nesta área foi o nosso grande Manuel João Vieira. Mas como desta vez eu não tenho garantido que ele avança... e como até já o seu homónimo Alegre se chegou à frente... não vou esperar por ninguém desta feita.

Afinal, já sou elegível desde há largos anos. Tenho andado a dormir na forma.

A nossa Constituição, na versão desta que eu aprendi aos meus 18 anos, diz que é preciso ter mais de 35 anos. Sempre achei curioso isto. Nos anúncios de emprego indica-se quase invariavelmente que
"a idade dos candidatos não deve ser superior a 35 anos". Quer-se dizer... quando já não prestamos para o mercado de trabalho é que passamos a ser bons para ser Presidente duma nação. Alguém que reflicta sobre isto que agora não m'apetece.

OK. Mas eu não posso só olhar para o critério da idade. Se fosse só por aí, o Zezé Camarinha também é elegível. Vou então passar a discorrer a ver se reúno outros requisitos. Vamos lá eleborar a minha
check list.

Habilitações literárias. Bom. Tenho um curso superior com o grau de bacharelato. Por acaso, tirado na mesma instituição em que o nosso actual primeiro-ministro andou. Já chega para me tratarem de "senhor engenheiro para aqui, senhor engenheiro para acolá". Mas neste país de "doutores da mula russa" talvez muitos julguem que é pouco. Mas a nível mundial, tranquilo! Temos o exemplo do Presidente de uma grande nação emergente, um dos chamados BRIC, o Lula da Silva, que não tem qualquer curso superior. Então por aqui, acho que estou bem.
Checked.

Conhecimento da geografia de Portugal. Aqui só me faltam as ilhas Desertas, as Selvagens, uma meia dúzia das ilhas dos Açores e, last but not least, o meu maior handicap, as Berlengas. Das cidades, falta-me no meu curriculum de viajante errante urbes como Pinhel. Capitais de distrito, já obliterei todas. No capítulo das aldeias, a minha maior mancha é ainda não ter posto os pés em Quarta-Feira, concelho do Sabugal. Ou a Picha, em Figueiró dos Vinhos. Ou ao Fundo da Rameira, que ainda tenho de descobrir p'ra que lados fica. Mas, em resumo, duvido que o Cavaco ou qualquer um dos seus antecessores conheçam melhor o Portugalito do que eu.
Checked.

Primeira Dama. Eh pá, aí jogo no mesmo campeonato do Sarkozy com a sua Carla Bruni. Prometo ao país uma morenaça poetisa e cantora de fado, com um géniozinho danado. Mais portuguesa de gema que isto não há! Um símbolo de que os portugueses se poderão orgulhar, aqui e no exterior. Uma ruptura radical com o passado, como há p'rái um ambicioso político baixinho que só anda a gritar isso para a comunicação social, a partir da prateleira no estrangeiro onde o arrecadaram.
Checked com nota máxima.

Descendência. Outro ponto fortíssimo. Uma miúda espectacular, melhor do que a Chelsea, filha desse saudoso g'anda maluko do Bill Clinton. Que nos seus 16 anitos já tem uma cabeça extraordinária. Que quer seguir Economia política, não por minha influência ou a meu contento, bem longe disso. Mas que herdou a minha teimosia e curiosidade pelo nosso mundo. Ladina que nem uma raposinha. A minha Nastassja Kinski que como pai a vida me deu. Mais um
Checked com nota máxima.

Mascote oficial. Os americanos têm esta tradição da mascote oficial da Casa Branca. Lembram-se da fama do Socks, o gato da família mais pândega que passou por aquela casa nos últimos anos? Neste particular, os portugueses fiquem tranquilos que não vou levar nenhum Rottweiller para o Palácio de Belem. Mas vai ser um bom cão de guarda. Uma cadelinha preta, sem pedigree mas com uma taça dum 3º lugar num concurso canino de cães sem raça. No dia da visita semanal protocolar do chato do Primeiro Ministro a Belém - se não fôr já o Sócrates, claro -, assim que este tocar á campaínha, vai desatar a correr desenfreada pelos corredores do Palácio a ladrar p'rós maus. Vou no entanto equacionar voltar a ter uma dupla de animais de estimação. Como quando há uns anos atrás obriguei uma cadela Husky siberiano a conviver com uma ovelha com uma volumetria maior do que ela. Assiste-se a alguns momentos de ternura encantadores. Vou lançar a moda dos portugueses adoptarem uma borrega. E assim garantir a reeleição para um segundo mandato.
Checked.

E por fim, os Ideais. Que isto não vai lá só pelos meus lindos olhos. Há que "vender" qualquer coisa às pessoas. Vou ensinar os políticos a serem melhores. Não vou questionar o Governo e as suas acções, por aí estamos bem servidos hoje. Mas vou corrigir os partidos da Oposição. Porque a Oposição é necessária. Não para se opor a torto e a direito a tudo o que é iniciativa do Governo. Mas para nos mostrar com assertividade soluções alternativas. Porque duas cabeças pensam sempre melhor do que uma. E porque os visionários portugueses não têm todos forçosamente a mesma cor política.

Estabeleçamos também este objectivo importante do nosso movimento popular: connosco, ou seja, comigo e com a força da massa crítica de cidadãos eleitores que me elegerem, a nossa Assembleia da República vai deixar de ser uma simples feira de vaidades e de egos exacerbados e começar a trabalhar abnegadamente para todos nós, portugueses.

E para discurso-declaração de lançamento de campanha, fico-me por aqui, para fazer a coisa de forma diferente de Fidel Castro.