sábado, 18 de dezembro de 2010

• Liquidação total

Estou a pôr o meu carro á venda.

Ao tomar esta decisão de me desfazer deste bem, uma reflexão germinou na minha mente... e porque não desfazer-me de algo mais? Fui-me rodeando de objectos que deixaram de ter valor para mim, ao longo duma existência mal gerida. Nada já tem valor, aliás... Assim... 

Vendo a minha biblioteca inteira também. Fernando Pessoa fez-nos constar que Cristo não teria uma... então para que preciso eu de livros? Estes eram para ser um legado que transitaria para a minha descendência. Mas ela também não lhe saberá dar grande valor ou utilidade. 

Vendo uma catrefada de CD's e de DVD's, que raramente ouço ou vejo, desde há muito tempo atrás.

Vendo a minha vasta colecção de revistas, na maioria em língua francesa, sobretudo exemplares da Geo e da Photo, mas também outras sobre fotografia, viagens e sobre mutos outros temas, alguns mesmo dos mais inusitados. 

Vendo a minha colecção de selos. Na qual não toco há anos. Outros entusiastas por pequenos rectãngulos de papel com cola num dos lados terão mais cuidado com estes. 

Vendo um conjunto de documentos históricos do tempo da II guerra mundial, constituido por brochuras e folhetos de propaganda de origem alemã e dos países aliados do Reino Unido, em português. Vendo uma pilha de cartões telefónicos usados de países estrangeiros. Vendo as minhas rackets de tennis. Vendo as minhas bicicletas de montanha. Vendo um conjunto de arco e flechas para iniciantes no tiro com arco. Vendo a minha tenda tipo igloo, sacos-cama e colchões insufláveis incluídos no pack com esta... 

Vendo o meu iMac G3, com 2 discos externos atafolhados de porcarias de ficheiros que fui deixando gravados neles, que recebia por emails, e que não interessam nem ao menino Jesus. 

Vendo até a minha alma. Se o Diabo não a tiver comprado já... pelo menos não sei se ele me deu em seu tempo algum recibo... mas provavelmente já não serei dono dela, não. 

É já a seguir!... Vou sem demora colocar um anúncio no eBay, onde no texto remeterei para este post deste blog. 

E depois de aliviado desses contrapesos, se os deuses assim quiserem, irei partir com o produto da liquidação total de uma vida com 50 anos por esse mundo fora. À procura de razões para existir outros 50 anos. 

Estou a ficar sem missão alguma para cumprir nesta vida. E eu quero viver até depois dos 100 anos, chegando a essa milestone do centenário como Manoel de Oliveira lá chegou ao seu. Melhor ainda, se possível. 

E além de uma nova missão na vida, uma razão a dar sentido a uma existência até agora gasta levianamente, quero reencontrar o meu quinhão de felicidade, brusca e recentemente perdido. A que todos os humanos deveriam ter direito. E eu sou um homem bom! Eu sei-o. Qualquer humano com um mínimo de sagacidade que me conheça avaliar-me-á como um ser não-descartável*. Tenho direito a ser feliz, caramba!... 

Esta felicidade que digo perdida bruscamente... talvez não o tenha sido assim tão de repente. Eu é que fui cego e não a via, não queria vê-la, esfumar-se diante dos meus olhos. Mas esta estava realmente a sofrer um efeito de erosão. 

Fui nos últimos anos depois do 11 de Setenbro de 2001 estragado com mimos. E agora esses mimos evaporaram-se no ar... Todos sabemos o que um menino mimado assim faz! Faz coisas que não deve... e eu fi-las... porque me julgava impune. Agora sei que não o sou, e apreendendo-o duma forma bem dura... mas merecida, decerto. É o meu karma

Sm, eu sou ainda um menino. Continuo a sê-lo com 50 anos. Não me deixei poluir pela racionalidade adulta. E por isso estou só. É o preço que se paga... 

Um dia, quando a ténue fronteira entre o amor e o ódio foi derrubada, qual muro de Berlin, e quiseram ferir-me rotulando-me de "cromo". 

Eu sou, de facto, um cromo

E creio que nunca conseguirei a façanha de quedar de o ser. Nem nesta absurda errância por este planeta imenso que me proponho empreender. Se para tal a fortuna e a coragem não me faltarem. Antes quero continuar um cromo que transformar-me num vilão ou num canalha. O que para um Scorpio é sempre uma tendência latente. 
  
A ver vamos o que os deuses me reservam nas próximas luas. 

A vontade de voar daqui para fora, essa está cá dentro enraizada, nos sonhos a realizar. É o fado do homem português comum... qualquer contratempo na nossa vida e cuidamos que é sempre deixando a barra do Tejo para trás que tudo se resolve. Ou esquece. 

Quero perder-me e reencontrar-me nas estepes geladas da Rússia central. Deixar os meus olhos observarem a beleza dos glaciares da longínqua Patagónia. Cheirar o ar envolvente dos nipónicos pomares de cerejeiras em flor... Será na pacatez das paragens arenosas e rochosas de Muscat e Oman que a felicidade e bem-estar moram? Ou na selva urbana de Manila? Bangkok, talvez... E em Natal? Do Brasil ou da África do Sul? Não sei se me detenha na Bretanha... nesse reino mágico anexado pelos franceses há mais de 500 anos ou na pequena povoação do mesmo nome no nordeste da ilha de São Miguel, Açores. Las Vegas era capaz de ser fixe... 

* Bem a propósito do que disse, deixo aqui esta citação: "Abandonando nobremente quem nos deixa, colocamo-nos acima de quem nos perde", Anne Louise Gemaine Necker, Madame de Stael. 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

• Words of Wisdom

Do blog "My Soul and You".

Que passei a seguir com ávido interesse, gostaria aqui de realçar algumas das palavras mais sábias que nos últimos tempos tenho absorvido. Neste post, se quiserem fazer o favor a vós próprios de clicar no link e o lerem com os olhos das vossas almas e não só com os da face.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

• O "Retiro Espiritual" relatado

Hoje às 18 horas terminará o período de 2 semanas de férias laborais a que tive direito e escolhi em torno da data do meu aniversário. Que este ano foi cumprido o quinquagésimo.

Tinha em mente fazer um tal de "retiro espiritual" nestas duas luas que passaram. Tal não foi possível. Estes últimas quinze jornadas foram assaz atribuladas para que pudesse ter existido a adequada paz de espírito.

Mas acabei por cumprir o retiro espiritual.

Durou apenas cerca de quinze minutos. Foi há cerca de uma hora atrás.

Creio ter conseguido comunicar com o meu Ser Interior. Que me deu um único mandamento hoje.

Como ser imperfeito que sou, não sei se conseguirei arcar com esse mandamento sempre, doravante. E por pudor de admitir vir a falhar, não revelo a ninguém esse mandamento. Mas vou procurar segui-lo a rigor.

Amanhã e depois, tentarei novamente entabular a comunicação com o meu Ser Interior. E na meia noite de um dos próximos dias deste mês de Novembro, ensaiarei uma solitária cerimónia secreta de comunicação com os Espíritos Superiores de Halloween - época do ano em que, certamente não por acaso, eu nasci - que regem os destinos de todos nós, humanos mortais.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

• O Pietrinismo

Afinal, ao invés do que aqui já declarei, a inconstância do meu ser lá me deu para, enfim, criar a minha própria doutrina - de vida, não apenas política -, o Pietrinismo.

Vou hoje aqui dissertar sobre o conceito de família.

E porquê? Vejam lá, porque estou once again officially single. Sofri um desgosto de amor, paga que recebi por ter dado outro desgosto desse calibre a quem o não merecia.

A vida tem de continuar. Ou como dizem os americanos das fitas de cinema, the show must go on.

Um desgosto de amor cura-se com outro amor.

Por isso, vou tentar definir o remédio certo. Vou experimentar fazer o retrato-robot do amor perfeito.

Quero uma black magic woman. Uma chinesinha linda. A bela da ucraniana. Uma amorosa tica. Fazer sauna com uma finlandesa de tez alvíssima. Uma loira bronzeada pelo sol da Califórnia. Receber uma massagem tailandesa corpo-a-corpo. Uma francesinha très coquette et coquine. Ter a performance de uma cerimónia do chá executada para mim por uma genuína gueisha nipónica de Kyoto. Uma colombiana igual à Lucia Tovar. Ter uma odalisca "egipcia", a fazer-me uma dança do ventre, como já tive um dia só. Uma endiabrada filipina. Aquela morena italiana de olhos verdes esmeralda. Zuquinhas saradas e popozudas. Ou até as tugas que me renovem a confiança perdida nelas. 

E as razões porque nas nossas mulheres portuguesas tenho uma menor confiança são: à uma, regra geral, não têm uma mente tão aberta quanto as de muitos povos estrangeiros. Segundo, creio preferir pessoas desenraízadas. Como o são as mulheres imigrantes. Sós, longe das suas famílias. E nessa qualidade de sós, são assim mais carentes de afectos. Mais receptivas ao amor. Mais tendentes a deixar as paixões invadirem suas existências.

Eu amo todas as mulheres. E por amar todas, feri sentimentos das que me estavam mais próximas.

Giacomo Casanova teve o leito de muitas mulheres mas nunca mais encontrava "celle-là". E então persistia nessa busca. Mas havia de facto, uma única, a tal "special one" para ele. Como existe para cada um de nós, homens. Que ele nunca podia esquecer. Mas também, por sua desgraça, ter não podia.

Eu creio só desejar hoje quem se queira comigo deitar, abrindo os lençóis ao mesmo tempo de ambos os lados do futon. Que não me deixe desejar outra coisa senão também segui-la na noctívaga hora de quando ao aconchego dum édredon de penas e de uns braços se quiser entregar.

Eu quero desejar a quem me deseja. Eu quero dar calor a quem o meu calor reclama. Eu quero é uma mulher que me empurre, me jogue na cama, no chão, na mesa, whatsoever, e que deseje brincar com todo o meu corpo como uma adulta criança e me faça sentir, à vez, ora um homem, ora um menino, quando me entregar de sua inteira vontade e ãnsia, igualíssima à minha, o seu corpo também. 

Eu quero quem sonhe os meus sonhos. Eu quero estar nos sonhos dela. E mesmo que essa "ela" ideal procure o calor de outros braços, que sejam sempre, sempre os meus os que ela toma como preferidos. Como ela não me deixará de me fazer preferir sempre os dela, mesmo que em outro leito eu busque por vezes carinho. Eu cada vez mais necessito de adormecer e acordar abraçado a outro corpo que aloja um coração palpitante. Agora que isso vou perder. Espero que por uns tempos breves apenas...

Eu quero a minha alma gêmea, para com ela para sempre caminhar lado a lado. Mas se a não encontrar, quero perder-me aos poucos com esta e aquela, que possa ser tão carente de afecto como também ciosa da sua independência. E por momentos, breves mas eternos enquanto durem, conscientemente iludir-me de que sou feliz e que aporto felicidade a quem me recebe. Como Giacomo Casanova tinha a arte e o engenho para o fazer.

Há p'rái tanta senhora carente e eu aqui, quedado estático, com minhas inatas - de outras vidas passadas, quiçá - capacidades de amar inaproveitadas. Poderia espalhar tanta felicidade por todo este mundo... Eu e outros eleitos dos deuses. Se ao menos quem necessita soubesse ter a sagacidade para adequadamente receber a dádiva dos que, como eu, andam ávidos de se darem.

Eu creio ainda querer ter mais um filho. Nem que tenha de ser de produção independente. Como o Cristiano Ronaldo fez... 

Já tenho a fortuna de ter uma filha nesta vida actual. Uma filha maior do que a maior das filhas, a Nastassja Kinski. Já devia estar muito grato aos deuses. Mas acho que ambiciono mais. Talvez porque a minha filha está quase independente... e um dia vai ter o seu ninho.

Mas... e se eu estiver a visar ao lado? E se a minha alma gêmea for afinal um homem como eu?

Nesse caso, continuo a querer para sempre caminhar lado a lado. Vamos tomar café juntos. Vamos beber absinto juntos. Vamos fazer a volta ao mundo, em lugar de fundarmos um sedentário lar. Vamos escrever e ilustrar um livro juntos. Vamos fazer a derradeira revolução mundial.

Eu quero uma muleta. Eu quero ser a muleta de alguém.

Se essa muleta for fêmea, tanto melhor, não dormirei só e terei outrém para dissipar o calor do magma do meu vulcão. Se essa muleta for antes macho, on s'en ira ensemble voir les p'tites femmes de Pigalle...

(esta última frase, para que melhor perceba quem não me segue completamente, é uma alusão subliminar a algo que coloquei no meu Mural do Facebook ontem,)

Bom, e agora ainda podia continuar, como me prupus no início, a filosofar sobre o conceito de família, abordando ainda aquela experiência social iniciada na Escandinávia nos anos 70: as denominadas famílias colectivas. Alguém se recorda? Quem quiser que vá ao Google, que por aqui hoje me vou quedar. Basta.

Hoje, faltam tantos dias como os dedos duma mão para que complete a metade de um século.

Por ironia, o local onde nasci, a maternidade da antiga Clínica de São Miguel, no bairro de Alvalade, nesta Lisboa portuguesa, é hoje um lar de idosos. Onde antes vidas começavam, hoje terminam. 

Eu não estou preparado para ser já um idoso. Eu ainda quero viver mais meio século, se mo concederem. Eu ainda me sinto num auge. Eu ainda quero ter mais um filho. Construir uma casa. Um lar. Ou então viver a viagem da minha vida.

Ó deuses, olhai por mim.

Prometo-vos que não mais serei cego ao ponto de não ver o valor imenso da oferta que porventura me façais de novo. Como o fui até agora com as vossas anteriores encantadoras dádivas.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

• "Retiro Espiritual"

O meu staff eleitoral não pára de meter água...

Agora iam quase aceitando um voucher para uma estadia de 7 noites "gratuitas" numa cadeia hoteleira - que não vou nomear aqui, mas que posso revelar a quem me questionar em privado - mas que, claro, trazia custos camuflados que o meu OE não poderia comportar.

Isto está relacionado com o favor que vos iria pedir, meu eleitores, aludido neste post que publiquei num dos meus outros blogs, por acaso o primogénito, "Ideias Peregrinas (ou talvez não)". Bom, resumindo a história, já não vou mais fazer campanha na mítica zona do Cabo de Sagres.

E, portanto, criou-se um buraco na minha agenda. Já não tenho nada programado entre os próximos dias 23 de Outubro a 7 de Novembro. 

Isto, à excepção do dia em que o Rei faz anos. Esse é para a minha família real. Que no futuro, graças ao vosso voto, meu povo, será uma legítima família presidencial.

Decidi, portanto, demitir o meu staff actual e resolvi empreender nestes dias vagos na agenda um designado "Retiro Espiritual". Para me ocupar de afazeres diferentes dos da política. Tanto pior se isto irá arruinar o ritmo da minha marcha triunfal até a eleição final, que o Cavaco lá marcou para o dia 23 de Janeiro do ano que vem.

E que afazeres serão esses? Estes, referidos neste outro post do já acima mencionado blog. Isto está tudo intrincado.

É verdade. Vou terminar de escrever um livro. Os meus "Lusíadas".

Mas preciso de uns Mecenas. Vamos lá a ver agora o poder da comunicação da net e das redes sociais.

Que instituições colectivas ou pessoas em nome individual se disponibilizam a me poder ofertar: 
- A estadia de cerca de 2 semanas, em qualquer ponto deste mundo em que poderei ter o repouso da alma adequado - cama, mesa, roupa lavada e sossego absoluto... ou melhor, nem tanto assim, no que dirá respeito ao sossego, get it? - ao término desta façanha literária ilustre? 
- Um computador portátil como ferramenta de trabalho? Se fosse um MacBook, tanto melhor, mas até se aceita um Sony Vaio (sem viroses, claro). A ligação à net, isso garanto eu.

Os primeiros a chegarem-se à frente terão as melhores hipóteses de um dia poderem dizer aos seus netinhos que ajudaram a que o meu livro acontecesse. Querem algo mais aliciante?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

• E a Campanha Feliz continua... (parte II)

Neste dia o meu director de campanha teve esta ideia brilhante: conquistar os meus eleitores um por um.

Afigurou-se-me à partida façanha difícil e a prolongar-se no tempo demasiado. E o tempo até ao dia das eleições - alguém me refresca a memória e me informa quando será esse dia em Janeiro de 2011, que agora não me recordo, claro, sff? - escasseia. Mas como não me apetecia mexer-me muito, pronto concordei.

Fomos então tentar empreender a boa acção minha do dia. Que consistiu em apoiar uma alma boa e merecedora, cuidando assim conquistá-la para a minha causa.

Escolhemos ao acaso um elemnento simples do povo, daqueles que tinham de estar de serviço nesse dia feriado. Arranjou-se assim uma digna senhora que ia saír de turno cerca da hora do lanche. E que teria depois uma longa e solitária caminhada até ao conforto do seu lar.

Este nosso povo que nos elege leva às vezes uma existência difícil e de sofrimento. Nesta campanha é que me estou a dar conta desta realidade nova para mim.

Mas não fomos apenas prestar-lhe um serviço que qualquer táxi lhe poderia proporcionar. Em vez disso, fomos entretê-la o quanto podiamos e sabiamos com a nossa companhia e inata simpatia - o meu director de campanha é um marketeer nato - o que até se revelou largamente devido e adequado para o target em questão.

Adorei a ideia de convivermos os três num lanchinho recheado a palavras de amizade. E de depois termos tido a iniciativa de, ao cair da luz solar, mostrar a uns bonitos olhos a beleza duma natureza domesticada: a do complexo do Belas Club de Campo, que é assim como que um dos melhores oásis no meio da antítese de deserto que a disseminação de betão nos subúrbios da grande Lisboa produziu.

E é também este o modelo de urbanismo que defendo para o nosso país. Quando for eleito, vou mandar arrasar todos os casebres indigentes e semear vários Belas Club de Campos pelo nosso território nacional. Seremos então finalmente a Califórnia da Europa.

Ao finalmente deixar esta alma boa perto do seu lar, não fiquei convencido de ter o seu voto assegurado. Mas em compensação, não me coibi de arrancar à força de um menino com birra o meu beijinho. E a bela eleitora confessou quedar-se corada com o meu pedido.

Mas ainda havia que fazer campanha eleitoral no resto das horas desse feriado. E por isso, lá foi o ensaio de arruada ser executado para o CascaisShopping. Malograda manobra.

O centro comercial estava quase vazio, estranhamente ou não. Também, andam p'rái a falar tanto de OEs e aumento de IVA para uns 23% - porquê um número primo? não seria mais avisado um quarto de uma centena, que dá azo a umas continhas mais facéis? - que a malta deprime e não sai e não gasta o guito e depois sempre quero ver onde é que o aumento do IVA vai render mesmo mais receita estatal.

Já dizia o Clinton, que não era nada burro, it's the economy, stupid! Já falei nesta temática num outro blog meu, o "Cidadania Rasca". O pessoal ainda não me ouve...

Bem, mas ainda deu para tratar de pormenores logísticos. A minha fotógrafa oficial adquiriu um acessório essencial à sua arte: um cartanito de memória SD de 2GB, o que lhe permitiu tirar uma foto oficial minha mais. Vide no topo deste post, sff. Onde pareço assumir a pose simbólica de Sidhartha Gautama de Kapilavastu.

Estranho mimetismo este, levando em conta que me encontrava num templo do consumo desenfreado....

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

• E a Campanha Feliz continua...

Este vosso candidato a Presidente da República esteve no sábado passado, segundo dia deste abençoado mês de Outubro, a ensaiar algumas arruadas.

Desta feita fiz-me acompanhar pela minha mandatária para a juventude - é de praxe todo o candidato ter uma - por mor da minha sócia estar de baixa. E de esta já estar farta destas palhaçadas, e com toda a sua razão.

O meu staff eleitoral continua a dormir em serviço e eu lá continuo a não ser muito reconhecido pelas multidões nas quais me imiscuo. Começo a detectar alguns olhares curiosos, raros ainda, em minha direcção. Julgo por breves momentos que a mim se dirigem. Mas depois acordo e lembro-me que vou acompanhado por um sucedâneo bem conseguido da Monica Bellucci e fico chateado, pois claro que fico chateado... como o gajo dos Gato Fedorento.

Deambulei pelo Centro Comercial Oeiras Parque, por questão de alimentar a minha companhia desse dia, que se revelou pior que sustentar um burro a pão-de-ló. É que já estava a acontecer uma leve ultrapassagem horária do período dito normal de ir à quotidiana manjedoura. E os protestos eram iminentes...

Normalmente o apetite nas senhoras é inversamente proporcional ao seu coeficiente de esbeltez. No caso desta cachopa, uma brasileira fresca com sangue italiano na guelra, a proporção parece ser surpreendentemente directa...

Após o repasto, e como não havia pedidos a nós dirigidos de autógrafos, canetas ou isqueiros em número que justificasse uma presença demorada no local, debaixo de um indesejado tecto do referido Centro Comercial... rumámos então ao Parque dos Poetas, que lhe fica sobranceiro. E brincámos como duas crianças livres de stresses. Que isto das campanhas eleitorais é extenuante.

O tempo aí passado só me recordava umas estrofes que Almeida Garrett nos deixou, no seu livro "Folhas caídas". Num poema em que ele recorda uma tarde bem vivida em Cascais, cerca de 200 anos antes da nossa, e um pouquinho só mais ao lado, geograficamente falando. Como eram essas estrofes, perguntam-me? Chatos do caraças! Vá lá, eram assim:


"Aí nessa bruta serra,
aí foi um céu na terra."

Mas o cheiro a maresia era também cativante nessa tarde. Lá vamos de recomeçar um assomo de nova arruada pelo passadiço entre a praia de Santo Amaro de Oeiras e a piscina oceãnica de Oeiras.

Objectivo final não atingido, porque nos deu para sentar no muro à beira do mar, ao largo do Inatel. E foi aí que experimentei a minha pose de "Martini Man", para mais tarde, se me apetecer, fazer com a foto em cima o outdoor principal da minha campanha.

A jornada política cansativa foi terminada no Centro Comercial Dolce Vita Tejo - estas empresas têm moralmente o dever de contribuir com subsídios para a minha candidatura, tal a publicidade que lhes faço neste blog tão acedido - com umas voltinhas pela H&M, Primark, Springfield, etc..

O orçamento da campanha estava a apontar para que o repasto vespertino fosse constituido de umas 2 simples bolas de gelado artesanal num copo... Mas a história do pão-de-ló sobreveio de novo e enchemos a malvada com una bella pasta, sorvida com muita satisfação. Estas zuquinhas são danadas para morfar...


E o gelado não foi substituido, mas antes tornou-se o complemento ideal de uma refeição tão prazeirosa quanto suculenta. No café da marca de chocolates Arcádia, do Porto, que vivamente recomendamos. Claro, ainda no Dolce Vita. Não, não rumámos tão depressa até à capital do Norte.

E assim se cumpriu a minha jornada política nesse dia santo.

Ah! Esquecia-me de relatar que entre Santo Amaro de Oeiras e o Dolce Vita, passámos pela residência oficial do meu progenitor e sua companheira eternamente dedicada, para lhe prestar a há muito devida reverência da minha visita, também oficial, e que foi um happening plenamente conseguido para todos os personagens envolvidos neste.

E para se perceber completamente a importância deste último evento, é necessário mirar atentamente um post anterior neste blog, intitulado "O Monstro precisa de amigos".

A seguir, aqui aparecerá o relato da jornada do passado feriado de 5 de Outubro.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

• Como é que é possível?...

...que este homem, o Fernando Alvim, não seja ainda um Conselheiro de Estado?

Não, a sério, sem qualquer ponta de ironia whatsoever!...

O que o Fernando Alvim escreveu sobre Ambição e Talento na edição do jornal Metro de Lisboa, de distribuição gratuita, é simplesmente sublime. Se quiserem ler, e fazem muito bem se forem mesmo ler com olhos de ver, aqui está o link para o download do referido jornal em formato pdf. O seu artigo de opinião está na pág. 2. Vão lá mesmo, vá!

Eu não plageio, logo não vou transcrever para este blog o brilhante texto do Fernando Alvim, mas fica aqui a forma de todos nos enriquecermos com as palavras dele. Não podia deixar de lhe dar este Destak. E desculpem a piada barata com esta referência a um outro jornal gratuito concorrente...

É que eu não diria nada melhor do que ele connosco partilhou da sua humilde sabedoria.

Direi mesmo mais: nem José Mourinho diria algo melhor sobre Ambição e Talento. E todos sabemos que ele é especialista no ramo.

Meus amigos, aquela do empregado do mês do McDonald's, essa então tá demais!...

E quando eu fôr eleito vosso Presidente, por vós meu amado povo, podeis contar que ele será o Chefe Supremo do meu Conselho de Estado. Ou então, no mínimo, o Director da minha Casa Civil. E ai dele que me faça a desfeita de recusar a distinção!

P.S.: o Fernando Alvim, depois de eu o ter informado deste post que a ele se referia, prontamente me disse - seria ele que acedia a este blog a partir de um Blackberry, em Londres, à mesma hora em que recebi o email dele? - que a sua preferência vai interinha para a Casa Civil. Hum... as noites no Palácio de Belém nunca mais vão ser as mesmas. Se for sempre como no último LANfestival de Abrantes, já aqui num relato da minha campanha mencionado...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

• Como Siddartha Gautama

Eu, como um candidato que se preze, devia preocupar-me mais em definir a minha própria doutrina política.

Mas depois pergunto-me: para quê? É labuta escusadíssima.

Assim que fôr eleito, logo os analistas políticos, esses pequenos seres que nunca escutaram Gilbert Bécaud interpretar o sublime e sensato tema "L'important c'est la rose", tratarão de inventar o Pietrinismo.

Tal como já o fizeram antes no passado, quando registaram as patentes das suas descobertas científicas do Cavaquismo e do Soarismo. Seja lá o que quer que esses amanhados conceitos políticos sejam afinal...

Eles têm de fazer lá as suas tesezinhas para andarem entretidos. Então para quê hei-de eu suar as estopinhas se essa cambada faz o trabalhinho por mim? E ainda todos satisfeitos, afadigados com as suas auto-alegadas brilhantes dissertações...

Vou antes ocupar-me de fundar uma nova religião.
Siddartha Gautama, aka Buddha, ou o Desperto
Eu posso, afinal, ser tão grande quanto o foram Siddartha Gautama de Kapilavastu ou Jesus Cristo de Nazaré.
E porque não? Ninguém me vê assim como um homem grande, concerteza, mas eu sinto-me grande, sim. Ninguém que partilhe o quotidiano comigo pode enxergar a minha grandeza porque justamente partilhamos essa azáfama do quotidiano. Ou como já ouvi a alguém que me é muito querido, a loucura do dia-a-dia...

Quem comigo convive pode ver a minha barba crescida todas as manhãs. As minhas remelas. O meu cabelo desgrenhado e acachapado da almofada. O meu hálito matutino, sempre o menos agradável de todos os hálitos. E às vezes esse desalinho persiste ao longo do dia, por preguiça minha.

Napoleão Bonaparte, esse grande pequeno homem, teve a sabedoria de deixar esta ideia para todos nós um dia: "nunca ninguém é grande para o seu criado de quarto".

Eu como um grande que julgo ser, eu quero dar-me. E se houver quem não queira ou não saiba receber a minha dádiva de Mim, tanto pior. Eu quero dar-me aos outros, a tantos que ainda o amor não conheceram de verdade, que os há por aí em tanta abundância, infelizmente para esta humanidade.

Eu quero dar-me como Siddartha Gautama de Kapilavastu se deu.

Tal como Siddartha se deu quando resolveu abandonar a sua torre de marfim, em que o seu pai amado o preservava da rudeza deste mundo dos humanos.

Eu, a minha torre de marfim, fi-la eu próprio, porfiado naquela frase ilusória já citada aqui neste blog noutro post - it's lonely at the top - e em desamores passados que me foram difíceis de ultrapassar e saudavelmente olvidar e arrumar no baú down the memory lane.

Tal como Siddartha, mas também de uma forma diversa do caminho que Ele escolheu para a sua vida terrena em que começou a ser reconhecido como Buddha, o Desperto, eu vou fundar uma nova religião:: a Adoração da Beleza Feminina.

E isto impulsionado por alguém que me é muito querido, com quem um laço entre nós existe eternamente indestrutível.

Tal como Siddartha, deixarei que a mim se juntem discípulos que serão aqueles homens que adoram as mulheres que adoram os homens. 


Um dos requisitos mínimos desses apóstolos meus será terem a poesia no sangue. Formaremos concerteza uma irmandade de clones de Lord Byron, às tantas.

Outra imprescindível qualidade será a de conseguirem captar a alma e a beleza femininas como Marco Glaviano ou Johnny Crosslin o alcançam no seu labour of love. Um dia quero ser como estes dois... E hei-de ser.

Quanto a esses maravilhosos seres que constituem o sexo oposto, aí eu creio ter um dom quiçá divino.

É esse ser que me é muito querido, a que aqui já me referi, que poderia ser a melhor testemunha desse dom. E é esse ser que também me incentiva. Que me diz que as minhas mãos seriam uma benção rara para qualquer sensível e receptiva pele feminina. E que acrescenta que se eu ao menos quisesse explorar isto que detenho inato, poderia ser rico.

Eu rico não quero ser. Quero dar o que a mim me sobra. A quem de alguém como eu tem falta. Mas como para proseguir fazendo-o, é necessário antes do mais subsistir - direi mesmo sobreviver neste mundo por vezes algo hostil -, não me chocaria nem um pouco que o meu pequeno grande ser viesse a ser institucionalizado Património Mundial da Humanidade.

Assim a minha fama me precedesse ou sequer existisse, para não ser sem mérito outorgada tal distinção a este vosso criado.

sábado, 25 de setembro de 2010

• Libertem Willie!...

Lembram-se deste filme? 

Willie, a orca ou baleia assassina estava presa nos gelos polares que se estavam a fechar sobre ela. Sobrevivia num charco entre blocos de gelo cuja água tenderia a solidificar rapidamente com o advento fulminante das baixas temperaturas invernais.

O movimento iniciado por uns miúdos para alertar os adultos da sua comunidade para envidar todos os esforços possíveis para salvar Willie enterneceu todo o planeta.

Quero aqui apelar à vossa consciência ecológica, despertada por este caso universal da baleia Willie, para agora salvarmos este vosso candidato.

Este filme poderia agora ter como título: "Salvem o candidato da Serra da Malcata".

Tal como Willie e o lince destas reputadas serranias, Eu corro sérios riscos de ficar esmagado e sucumbir à pressão demográfica exercida pela ocupação humana do território. Politicamente falando, refiro-me concretamente ao chamado "peso público", tão desigual do meu próprio peso, e que os outros candidatos ostentam. Estou em vias de extinção como espécie ameaçada.

E nós não queremos que este mundo, a nossa humanidade, fique sem mais um espécimen desaparecido da Serra da Malcata, certo?

O que fazer então, direis vós? É simples: injectem vida na pessoa que eu represento e nesta minha quase moribunda candidatura.

Ajudem o candidato da Serra da Malcata.
Adicionem-no no Facebook.
Comentem nos seus diferentes blogs para que estes ganhem visibilidade e notoriedade públicas.
Levem-no a jantar ao Restaurante "O Mandarim" no Casino Estoril.
E a seguir a um Bar Karaoke.
Desafiem-no para ir jogar tennis ou badminton convosco. Ou para ir andar de BTT.
Convidem-no para a vossa casa com piscina na Quinta do Lago durante um fim-de-semana inteiro. De preferência num f.d.s. com uma ponte de 4 dias.
Recambiem-no no Expresso Trans-Siberiano, desde Moscovo até Vladivostok e ainda lhe ofereçam a viagem de ferry até ao Império do Sol Nascente e uma estadia de um ano inteiro em Tokyo.
Inscrevam-no no programa da NASA para a futura expedição ao planeta vermelho.

Ou então, tão simplesmente perguntem-lhe: "Queres vir tirar umas fotografias aqui à Micas na praia da Ursa?". Pssst!... Mas não digam nada à minha Primeira Dama, ok?
Ou ainda: "A minha net não está a dar. Não queres passar cá por casa para ver isto?".

Ah! E votem em mim, sim? Fáxavor... Obrigadinha.

Se não virem a minha fronha lá no boletim de voto, desenhem a minha carantonha - mas com arte... - e um quadradinho ao lado com um Xis dentro.

Aqui fica esta minha proposta de um novo combate em nome da ecologia do nosso planeta Terra.

Nota: como não quis encaixar mais uma foto no topo do anterior post "O Monstro precisa de amigos", aqui vai agora a amostra da capa de o CD homónimo dos Ornatos Violeta. Mais uma vez, os meus maiores agradecimentos a estes.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

• O Monstro precisa de amigos

Antes de tudo, os meus agradecimentos aos Ornatos Violeta pela inspiração recebida para o título deste post, que é também o título de um dos seus melhores álbuns.

Um outro músico, este mais universal, John Lennon, teve um dia uma tirada engraçada, daquelas que nós gostamos de citar associadas a celebridades que nos são queridas. Vociferou ele assim, numa entrevista na TV, creio eu: "Ninguém faz amigos depois dos trinta. Ok, vá lá talvez depois dos quarenta...".

Eu vou fazer cinquenta anos certos daqui a 35 dias e algumas horas* e não conheço outros seres humanos a quem possa classificar como amigos hoje em dia. O meu único amigo é a minha muito querida namorada e companheira, com a qual eu e ela julgo ser um só.

É certo que não  posso ser demasiado ingrato com os deuses porque tenho uma mãe que é uma grande mulher.

Também tenho uma filha, que está a entrar na maioridade, que me enche de orgulho e que julgo vai continuar a fazer por mim neste mundo o que é suposto eu fazer, quando já não o puder fazer e quando souber qual é mesmo a minha missão nesta terra.

Quanto à minha namorada e companheira, a minha Michelle Obama, já aqui num post anterior teci os maiores elogios que um homem reconhecido pode dedicar á outra metade de si.

Já como filho do meu pai, sou deficitário. Não tenho nem uma boa nem uma má relação com o meu pai. Simplesmente não temos proximidade. Não me encontrava com o meu pai há cerca de 12 (doze) anos a esta parte e fui visitá-lo no seu aniversário, condicionado pela minha filhota e sua neta, no passado mês de Maio. E desde então não reatei outro encontro com ele, embora tenhamos feito essa vã promessa mutuamente. Porque eu sou um vulgarmente denominado "bicho do mato".

Desencanto-me de uma forma demasiado fácil ou leviana com as minhas antigas amizades. E já tive amigos e amigas de grande valia, creiam-me. Desde personalidades que farão parte da história da sua nação um dia até seres anónimos e humildes mas sempre de uma grandeza de alma enorme. Senão, também não me teriam cativado.

A minha vida social é hoje em dia nula. Até um presodiário que tenha passado os últimos dez anos na solitária e a quem tenha sido restítuida recentemente a liberdade terá uma vida social mais rica que a minha.

Eu simplesmente não saio nem com colegas de trabalho, nem com familiares nem com antigos amigos de escola ou do bairro onde cresci. Nada. Sou muito centrado em mim mesmo. Iludo-me com a mania de que sou grande e consolo-me com a velha máxima "it's lonely at the top".

Aprecio talvez demasiado os momentos de solidão que anseio por ter tanta vez. Mas depois nesses momentos, julgo que não me importava nada de me acontecer o sortudo acaso de esbarrar com a minha alma gêmea, assim como que obedecendo a um destino que já estará escrito para cada um de nós.

E talvez isso até já me tenha sucedido e eu, invariável cego e tonto, não reconheci o que o destino me presenteava.

Estou agora mesmo num Centro de Saúde, aguardando minha mãe que está num gabinete a receber tratamento a uma crise de labirintite, que lhe perturba a função do equilíbrio corporal. Moléstia que nela se anda a manifestar com frequência nso últimos tempos. A enfermeira pediu-me para esperar numa sala que tem justamente esse nome e função: de espera. E à minha esquerda está uma mulher de aparência sã mas que chora contidamente, quase em silêncio ou em meditação. E eu feito parvo, aqui teclando a falar de mim e sem sequer lhe perguntar se por ela poderia algo fazer. Esperem só um pouco, com vossa licença vou parar um pouco...

(...)

Salvo pelo gongo! Enquanto ganhava coragem para vencer a minha timidez, a chorosa senhora foi chamada pela instalação sonora para comparecer no gabinete onde o seu médico tinha agora uns generosos minutos para observar o seu caso clínico ou humano. Está agora nas mãos de quem a pode melhor ajudar.

Lá perdi a ocasião mais uma vez de poder fazer um amigo ajudando uma pessoa cujos sinais exteriores clamavam por esse gesto.

Mas não faz mal.

Vou tomar uma daquelas resoluções com que os homens costumam focar-se quando sentem a proximidade de um marco temporal importante.

Até á data que aí vem em que prefazerei o meu meio século, vou conquistar e cativar meio mundo para meus amigos.


* Nasci em Lisboa, Portugal, aos vinte e nove dias do mês de Outubro do anno da graça de mil novecentos e sessenta, tendo terminado a travessia do canal com a luz ao fundo dizem-me que mais ou menos às 7h25m dessa radiosa manhã. E desde então que não descobri ainda o que p'ráqui ando a fazer no meio dos humanos. Entretanto, vou procurando ajudar aquelas pessoas a quem amo ou que julgo merecerem o meu tempo a elas dedicado.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

• E a Campanha Alegre continua*...

Este vosso candidato a Presidente da República é um de vós, meu povo. Sou como a maioria de vós um trabalhador assalariado por conta de outrém. E já começo a sentir tentativas de boicote desta candidatura por parte da classe do patronato.

Como podem compreender, só posso fazer campanha em dias de folga ou férias. Bem conhecedora desse facto que nos limita, a nós, escravos do trabalho, a minha entidade patronal urdiu-me esta asquerosa cabala que passo a relatar. Ao meu pedido de um período de 5 dias úteis de férias no início deste mês de Setembro, atribuiu-me primeiro os 3 últimos dias de Agosto como folgas e deixou-me ilegalmente em suspense até ao fim do horário de expediente do dia 31 de Agosto - num dia do meu merecido descanso! - só então me garantindo a informação de que as minhas férias haviam sido aprovadas. E ainda assim só 3 dias úteis, juntos a mais 2 dias de folga. Poderia ter tido um período de dias contínuo de gozo de férias mais alargado e sem stress....

Oh que porra, que a Santa Casa da MIsericórdia nunca mais me digna atribuir-me um prémio monetário chorudo, que venha a ter a valia como que de uma carta de alforria...

Mas arrumadas as questões negativas, vamos ao que é bom: Fui fazer campanha eleitoral para o centro do país. mais propriamente, para aquela cidade que deveria ser a nova capital do nosso Portugalito: a florida urbe de Abrantes.

Os meus detractores, que os deve haver por aí, já irão sem mais delongas posatar comentários do género: "quem vai para Abrantes, deixa Tomar atrás". E eu antecipo-me desde já a vós, meus queridos cabrõezinhos... Estraguei-vos a vossa piada.

Em quatro dias que aí permaneci nesta bela região, tratei de andar sempre a girar. Na foto no topo deste post, eis-me numa arruada - termo muito politicamente empregue nos tempos recentes e a que acho alguma gracinha - pelo passadiço sobre o rio Tejo ao lado da praia fluvial do Alamal, concelho do Gavião.

Não é que eu faça por passar incógnito ou sem incomodar muito as gentes autóctones, não. Aliás, uma campanha de um político que se preze tem de ser o contrário disso. O facto é que continuo a admirar-me de ainda ser muito fracamente reconhecido pelas multidões quando nelas me mesclo.

Outros locais que me dignei visitar foram a praia fluvial da Aldeia do Mato. E a foz do Zêzere em Constância, onde se é feliz dando umas belas cacholadas naquelas águas que já lavaram a bosta das ruas de muita aldeia a montante mas que são sempre límpidas e frescas neste nosso estio. Eu diria que são melhores que muita água benta de muita capela cristã...

A praia fluvial de Alvega, onde nos demorámos um pouco, estava cheia de carros topo de gama de famílias Romanis, provavelmente refugiadasa ali do fervor persecutório do presidente francês Sarkozy, quiçá...

A piscina de Alferrarede, quendo lá quisemos usufruir de um momento de lazer e relax absoluto, estava semi-ocupada por uma creche infantil. Mas enfim, os nossos pequerruchos têm mais direito à diversão do que este kota que vos escreve, raríssimos leitores meus. E um dia ainda vão votar em mim quando a idade legal lhes chegar.

Mas o nec plus ultra dos locais de lazer foi, sem dúvida, a piscina municipal da cidade desportiva de Abrantes!... Para a minha namorada abrantina, que a desconhecia, e para os outros que andam nesta vida como cão por vinha vindimada, fica a informação que se localiza atrás do Estádio Municipal e perto do campo de Baseball. Sim, leram bem, há um campo desse aberrante desporto americano em Abrantes. Vide a imagem em baixo. E ainda por cima é baratíssima, mas isso eu não devia dizer, não é?

O Aquapolis é uma obra municipal interessante para oferecer a fruição do rio Tejo aos abrantinos. Mas não me seduziu banhar-me no rio ali. Nem do outro lado, no Rossio ao Sul do Tejo. O que eu gostava era de experimentar canoagem ou windsurf um dia naquele espelho de água. Fosco.

Em termos de eventos, deambulámos pela Taça Cidade de Abrantes do achigâ embarcado. E depois partimos para outro happening mais animado, o LANfestival, na Abrançalha. Uma salganhada de raves, jipes em pistas de obstáculos de lama, jogos de PC em rede e campismo tipo festivais de verão de música techno. Tudo muito fixe.

Ainda fiz um jantar romântico só com o meu amor no mítico Sopadel.

Enfim, coisas modestas e pequenas, mas que na companhia ideal, de duas almas que se completam, constituem aqueles momentos de felicidade que desta vida levamos.

Até me esqueci de fazer propaganda eleitoral... ando a abandalhar-me. Assim, ainda corro o risco de não ser eleito à primeira volta e ter de gramar a chatice duma segunda!...

* O "Alegre" aqui nada tem a ver com o cabotino Manuel. É tão só uma paródiazita com o livro homónimo de Eça de Queirós, tá?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

• Nota de correcção II

Este post foi eliminado, de acordo com a sugestão de toda a minha equipa de consultores de imagem que cuidam da minha campanha eleitoral.

Reconheceu-se que as palavras que aqui estavam antes poderiam dar azo ao surgimento de rumores prejudiciais a esta candidatura. Para não falar também do despertar de invejas e maus olhados. Não é apologia deste vosso candidato acreditar em bruxas. Mas este mundo e os deuses que o regem não se cansam de sempre nos lembrar que pessoas vis existem.

Pessoas que não conseguem ver o belo e que pela sua natureza baixa só sabem ocupar-se de o denegrir.

A todos os outros, as nossas mais sinceras desculpas por vos privarmos do melhor que convosco, boa gente, queriamos partilhar.

Este vosso criado,
Giuseppe Pietrini

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

• Nota de correcção

Este post foi eliminado, de acordo com a sugestão de toda a minha equipa de consultores de imagem que cuidam da minha campanha eleitoral.

Reconheceu-se que as palavras que aqui estavam antes poderiam dar azo ao surgimento de rumores prejudiciais a esta candidatura. Para não falar também do despertar de invejas e maus olhados. Não é apologia deste vosso candidato acreditar em bruxas. Mas este mundo e os deuses que o regem não se cansam de sempre nos lembrar que pessoas vis existem.

Pessoas que não conseguem ver o belo e que pela sua natureza baixa só sabem ocupar-se de o denegrir.

A todos os outros, as nossas mais sinceras desculpas por vos privarmos do melhor que convosco, boa gente, queriamos partilhar.

Este vosso criado,
Giuseppe Pietrini

domingo, 12 de setembro de 2010

• A minha Michelle Obama

Meus amigos, raríssimos leitores e eleitores meus, eu tenho de vos confessar isto: eu tenho um trunfo escondido imbatível que me permitiria ganhar esta eleição próxima logo à primeira volta com larga vantagem sobre os demais. Uma verdadeira abada. Só não o jogo em cima da mesa porque seria desleal. Seria como ganhar usando doping.

Esse trunfo de que vos falo é a minha namorada e companheira.

Se vocês vissem, ó meus deuses, suas belezas como eu a vejo todos os dias não iam desejar outra qualquer Primeira Dama para este país, que assim ganharia uma tão rica figura simbólica. E já nem quero falar das suas sagacidade e sensibilidade...

Sem que ela deixasse de ser alguma vez ela própria, descobri recentemente que ela é maravilhosa.

Graças a ela eu estou também a deixar sair o artista e o poeta que em mim viviam encerrados. E como escreveu Florbela Espanca, ser poeta é ser mais alto. E é amar-te assim perdidamente, ó metade da minha laranja.

E o que estou aqui a fazer é dizê-lo blogando a toda a gente.

sábado, 28 de agosto de 2010

• Já cá faltava... Fónix!...

O candidato Vieira deu um ar da sua graça. Finalmente.

Como eu declarei no post inicial deste blog, esta minha candidatura surgiu porque o não vislumbrava no horizonte. Agora que Manuel João avança, sinto a minha iniciativa presidencial algo esvaziada de sentido. Porque ele disputa o mesmo target que eu, e fá-lo de forma mais experiente, rodada e profissionalmente competente.

Mas não vou parar agora, apesar de tudo. Até o PCP já lançou o seu usual candidato-tempo-de-antena. Então eu também tenho direito ao regabofe.

E depois, este movimento unipessoal que eu justamente personifico visa também manifestar-se, fazer a minha voz ser ouvida. Já só tenho reduzidas hipóteses de ser eleito, agora que o candidato Vieira se apresenta ao sufrágio. Vou doravante sobretudo gritar o meu desapontamento pela performance do actual Presidente Cavaco Silva. Que no meu ver nem deveria ter ganho a primeira eleição que o pôs no cargo, quanto mais ser reeleito. Já basta.

Posto isto, vou enviar ao candidato Vieira a seguinte carta aberta, da qual passo a dar conecimento ao povo, reproduzindo o seu conteúdo a seguir:

"Caro candidato Vieira,

Apraz-me registar que mais uma vez o senhor resolve abarcar esse nobre desafio de se propôr conduzir os destinos desta nação valente.

Eu também me queria alambazar ao poder mas com o senhor na contenda, melhor será dar-lhe primazia. Rogo-lhe o seu perdão pelo meu atrevimento, mas não tinha antes ideia que o senhor também seria candidato.

 De qualquer modo, se não se importar que eu possa assumir o papel neste acto de cidadania de ser o seu personal PCP candidate, e se lhe sobrarem p'rái umas 7.500 assinaturas a mais, poderá dispensar-mas, que eu depois pago-lhe, se fizer a fineza.

Ou então...

Façamos de modo diferente. Estou p'ráqui a matutar numa cena agora...

Pense comigo. Vamos arranjar um grupo de 7.500 mamborreiros elegíveis, tais como nós os dois. Vamos todos estes 7.500 peões de brega assinar uns pelos outros. Vamos assim desta feita criar 7.500 candidaturas interdependentes a Presidente da República em 2011. Vamos fazer o boletim de voto entrar para o Guiness.

Diga-me o que lhe apraz tecer como considerações acerca deste pacto de regime que aqui lhe ouso propor, por favor.

Cumprimentos democráticos deste seu incondicional apoiante
Giuseppe Pietrini
candidato a Presidente da República Portuguesa 2011"

sábado, 31 de julho de 2010

• Ar - i - esse - pi - i - ci - ti...

...find out what it means to me.

Also sprach Zarathrusta, perdão, eu queria dizer a boa da Aretha Franklin.

Como provavelmente já se aperceberam, leitores e eleitores, vai-se aqui falar de Respeito. Conceito antiquado e muito olvidado hoje. Em parte porque nos quiseram incutir durante muito tempo o "respeitinho".

Este último era-nos lembrado e exigido à lei da força e com força de lei por aqueles que nos governaram até à data da perda desse devido "respeitinho" por um grupo de militares subalternos num dia do mês de Abril, faz mais de 26 anos agora.

O "respeitinho" era a ser prestado a esses que nos governavam, tornado obrigatório por estes aos outros, os governados. Que tinham de respeitar não só as altas hierarquias mas toda e qualquer hierarquia. Qualquer dito "superior". E como em sistemas sociais podres, nem sempre os de maior mérito se tornam superiores dos seus pares, tinhamos assim de ter respeito por uma série de canalhas, imbecis, tolos e outros inadequados à sua posição. Só porque foram empurrados e subiram um degrau mais do que os outros na escala social. Bendito Abril que tornou isto muito menos provável de acontecer. E sobretudo muito mais passível de ser combatido.

Ainda bem que perdemos o "respeitinho". Pena que nessa embalagem tenhamos muitos de nós perdido também o respeito simples. O respeito pelo seu semelhante. Teremos todos de envidar agora esforços por nos respeitarmos todos mais uns aos outros.

Sugiro que comecemos por respeitar mais aqueles que nos servem e dos quais precisamos. A saber:

Respeitemos mais o bombeiro voluntário que dá o seu tempo por todos nós e não lhe exijamos mais do que este pode dar.

Respeitemos mais o funcionário público atrás do balcão que não está ali só para atender cada um de nós em exclusivo, como alguns facilmente esquecem, mas antes todos e não digamos nada de desagradável a este, mesmo que não estejamos satisfeitos pessoalmente com as suas acções, das quais esperávamos mais benefícios próprios inicialmente.

Respeitemos mais o empregado da cafetaria que não nos trouxe a meia de leite exactamente como nós desejávamos e tenhamos paciência. Da próxima vez teremos de ser mais explícitos na formulação do nosso pedido.

Respeitemos mais o assistente de call-center, que está a representar uma corporação mas que é, antes de mais, um simples nosso semelhante ser humano. Se queremos as nossas pretensões escutadas e atendidas por este, é inteligente não começar por ostensivamente hostilizar a corporação ou o ser humano. A resposta deste será sempre melhor assim.

Respeitemos mais o pároco da nossa freguesia e, na celebração do rito, saibamos comportarmo-nos dignamente e não permitamos que aqueles por quem somos responsáveis, os nossos petizes, adoptem comportamentos não condizentes com o local, ou seja, o templo. Eu sou ateu e em todo o templo em que adentro nada faço que possa perturbar a celebração da fé daqueles que a têm.

Respeitemos mais aqueles que fazem serviços de acompanhantes, pois estes ou estas não merecem o menosprezo que às vezes lhes devotamos. Merecem tão-só o mesmo respeito dado a todos por todos, pois são nossos iguais. E depois, todos nós nos prostituimos.

Respeitemos mais o agente da autoridade ou segurança que toma medidas para nos proteger, mesmo que essas medidas nos pareçam nesse instante contratempos.

Nestes 3 últimos exemplos englobei os 3 P's que a minha avózinha materna detestava: padres, putas e polícias. Grande senhora foi a minha avó, digo-vos, mas é preciso ser maior ainda e não rebaixar estas 3 categorias profissionais que também existem para nos servir.

Mas é preciso respeitar mais do aqueles que nos servem. É preciso respeitar aqueles que parecem à partida não merecer tanto o nosso respeito colectivo. Falo daqueles que, além de não nos servirem, nos pedem ainda que os sirvamos. Daqueles desafortunados de nós que nas ruas mendigam.

Acreditem: para nós é muito mais fácil dar do que para eles pedir. Se duvidam, experimentem um dia vestir a pele dum pedinte. Eu por mim, quando me pedem ajuda monetária, dou sempre uma moedinha. Nada me custa e nem à maior parte de nós custará fazer o mesmo, bem lá no fundo.

Nem quero saber se a dita moedinha irá ser usada para satisfazer um vício. Eu também tenho os meus vícios - todos temos - e se os deuses me permitem a fruição desses vícios, como vou eu negar que um semelhante meu, dependendo de mim circunstancialmente, possa gozar os seus?

Bom, mas se afinal nada quiserem ou poderem dar a uma mão estendida na vossa direcção, ao menos não virem a cara, não finjam que não vêem, não baixem os olhos. Nem ao menos uma palavra de conforto conseguem extraír do vosso egoísmo?

E por último, temos de voltar a respeitar aqueles que faz muito perderam totalmente o nosso social respeito. Aqui falo dos que nos governam. Não que ressuscitemos o antigo "respeitinho", nada disso. Mas antes que os respeitemos pelo tempo da sua vida que dedicam a todos nós e ao nosso bem-estar.

Deixemos de pensar que eles só querem é poleiro e encher-se à nossa custa, por favor. Isso não existe. Não é na coisa pública que mais se enriquece ou mais rapidamente o nosso património cresce. Isso é na iniciativa privada. Ou no crime de colarinho branco. Ou no BPN de há uns anitos atrás, onde estas duas áreas se conjugavam.