domingo, 13 de março de 2016

• Este blog

Este blog talvez tenha perdido a sua derradeira razão de existir.

Eu encontrei - justamente graças a este blog um pouco também mas não só - aquela que é a pessoa neste mundo com quem eu mais gostaria de estar junto.

Este blog nasceu quando eu ainda estava a viver na minha última união de facto. Quando essa relação estava já condenada a um fim próximo. Mas eu não o sabia. E feliz nessa ignorância tola, deu-me para brincar.

No começo quis brincar de ser um Coluche à portuguesa. O intuito primeiro era tentar prejudicar, nem que fosse ao de leve, uma provável reeleição de um presidente do meu país, que se vinha revelando - e confirmou totalmente no fim da missão em que acreditou a que se podia alcandorar, para nosso mal colectivo - ser o pior presidente da história da nossa jovem democracia.

Isto poderia começar a acontecer se algumas outras pessoas em número suficiente para tal começassem também a ligar um mínimo de importância a este palhaço pobre que eu sou. Mas nem em minha casa atrai atenções…

O tal presidente que ficará conhecido para sempre como “a múmia” lá foi levado ao colo para o seu segundo mandato… E eu resolvi não desistir de escrever palhaçadas e debutar sem mais delongas uma plausivelmente longa pré-campanha de cinco anos até à seguinte eleição* presidencial na Lusitânia. 

E depois pensei melhor. E porque não brincar antes de ser candidato a algo maior ainda do que apenas ser um símbolo de uma nação tão pequerrucha? E lá apareceu a ideia luminosa de querer brincar de ser um futuro condutor da humanidade, no lugar de presidente das Nações Unidas.

Entrementes no campo sentimental, a minha relação amorosa, eterna de já nove longos e arrastados anos, acabou.

E eu levei desde então estes quase cinco anos para perceber uma realmente boa razão - assim mesmo para valer - para ter acabado. Mas encontrei-a.

Depois do solstício de verão do ano passado, eu descobri que é mesmo possível eu encontrar uma genuína alma gêmea.

É que já tinha quase perdido toda a esperança!… 

Não estou com essa alma gêmea neste preciso momento. Já estive, mais de um mês inteiro. Num lugar que foi o mais longínquo a que até agora nesta minha existência pus os pés.

Não sei se voltarei algum dia a estar de novo em comunhão com esta alma gêmea. Mas a esperança que com ela renasceu não morrerá jamais. Com ela ou de novo a sós, eu sei que vou ser feliz. Eu sei como não deixar de ser feliz.

Este blog é hoje como que um diário. Ninguém o lê a não ser eu. É um blog privado agora, a pedido de quem comigo privou os últimos pedaços de vida feliz que aqui relatei nas múltiplas luas que decorreram desde que estou só de novo e de volta a esta terra onde já tive raízes. Que hoje estão perdidas.

Às vezes releio o que escrevi aqui neste blog. Que já fez seis anos de vida no dia 2 deste mês!… E com uma frequência maior do que eu esperaria, não me revejo integralmente nos pensamentos que aqui fui gravando nesta pedra virtual.

O que pode significar que cresci. E que isso pode ser devido ao convívio com a alma gêmea do meu inesquecível 55º aniversário.

Assenta hoje sobre este blog um silêncio de cartuxa. E é talvez assim que tem de ser. Mas como já la dizia o grande vate…

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, 
Muda-se o ser, muda-se a confiança: 
Todo o mundo é composto de mudança, 
Tomando sempre novas qualidades. 

Continuamente vemos novidades, 
Diferentes em tudo da esperança: 
Do mal ficam as mágoas na lembrança, 
E do bem (se algum houve) as saudades. 

O tempo cobre o chão de verde manto, 
Que já coberto foi de neve fria, 
E em mim converte em choro o doce canto. 

E afora este mudar-se cada dia, 
Outra mudança faz de mor espanto, 
Que não se muda já como soía. 

 - Luís Vaz de Camões, in "Sonetos" 

Creio que por agora disse tudo o que era mister dizer e citei o que era mister citar. E sinto-me livre.


______________________________________________________

* Que foi justamente há dois meses atrás. E um sol radioso regressou ao meu país. Já temos, somente há menos de uma semana, um novo presidente da nossa res publica que anda por aí a brincar de ser um novo Messias. E ainda bem. Ele sabe como fazê-lo. O outro nunca o soube. Nem queria. E até eu talvez não fizesse melhor do que o actual inquilino de Belém…