quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

• La perte de l'innocence

Que ia solitária para o meio dos campos primaveris cobertos de malmequeres. E que lá ficava tardes inteiras a fazer colares com as abundantes flores. Alimentando a sua pequena vaidade própria ornamentando-se com essas cadeias florais. 

Isto ela relatou a ele sobre si mesma. E o cativou com o imaginá-la lá, sereníssima, nesses prados ao redor da sua bucólica aldeia.

Nada podia ilustrar melhor aquele que foi o melhor trunfo dela no jogo de sedução a que se entregaram. A sua inocência pura. Conservada nesse cristalino estado até às duas dúzias de rotações da nossa terra em volta do astro-rei. Cujos generosos raios eram os responsáveis pela proliferação daqueles pequenos sóis vegetais, matéria-prima das jóias que manufacturava.

A campestre solidão dela era voluntária. Porque a melancolia da alma que sempre carregou desde a nascença exigia esse retiro. Para se expressar livremente, sem censura social alheia.

De tanto mirar o horizonte ou os pássaros livres, ela começou a sentir-se confinada aos limites do espaço até onde os seus parcos passos a levavam, que ficavam bem aquém de até onde os seus tristonhos olhos negros alcançavam.

E passou a sonhar em demandar a cidade grande. Á beira da qual ele habitava. E se ela já vinha ambicionando dar esse passo grande, assim que ele e ela se cruzaram nesta vida, ele para ela foi então também como um catalizador desse desejo.

Outro objectivo ela tinha, o de cantar. Porque com uma belíssima voz os deuses a apetrecharam. E no boémio meio artístico quis se embrenhar. Para nele medrar. Mais a contento de quem a trouxe ao mundo do que a seu próprio.

Para que as gentes a ouvissem e lhe retorquissem seus devidos aplausos, ela os dotes canoros libertou. Assim como se acendesse uma vela que até aí tinha permanecido com toda a sua cera intacta.

Essa onírica vela que a sua luz interior difundiu era, metaforicamente, a sua inocência. E consumiu-se. E o oxigénio de que essa combustão carecia foi rico. 

A inocência pode ser perdida até no meio ambiente de um grupo coral de canto gregoriano. Mas foi logo a fogueira das vaidades dos egos mais sombrios daqueles que fazem da noite o seu dia que a tinha de deslumbrar. Lá onde se destila o que há de mais baixa valia na alma lusitana. As casas de fado mais escuras das ruelas mais estreitas e menos limpas desta maldita urbe, Lisboa.

Essa Lisboa que era a cidade berço dele. Cujo ar se tornou turvo. Porque a cidade e as vis gentes que esta acolhe ao luar a roubaram dele. Mas no fundo, desde o começo da história comum aos dois que ele sempre soube que ia ser assim um dia, mais tarde ou mais cedo.

Ele só não soube foi antecipar a vinda desse aziago dia. 

domingo, 18 de dezembro de 2011

• Hope anlagt af visdom*

Måske skulle jeg hellere havde været født nordiske stedet for at blive sydeuropæiske...

For jeg er forført, ikke sjældent, at livet filosofier, at nogle nordlige kloge mænd har produceret. Mest dem landsmænd af Hans Christian Andersen - som i øvrigt havde den gode smag at have levet i Sintra, min personlige Eden og fødestedet for min datter - ligesom Søren Aabye Kierkegaard.
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* Hope brought by wisdom, in danish.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

• 美好的日子*

当美好的日子即将流过,
你沉思着独自静坐;
钟声随着快乐的颂歌响起,
为了这美好的日子带来的快乐;
当太阳带着红霞西沉,
亲爱的朋友你又得奔波,
你可曾想到对于一颗疲惫的心,
这美好日子的结束会意味着什么?
啊,这是一个美好日子的终点,
也是一次旅行的终结;
但它留下了强烈的思念,
还有那亲切而真诚的祝愿。
这美好日子的回忆,
永不消褪,永远鲜艳。
们在这美好日子的终点,
看到了朋友的神圣的心田。
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* "A Perfect Day", by Julie, nickname of the alleged author of this marvelous text, a beautiful lady from Guangzhou, China. The english translation of the text can be read by clicking here. But if you want, you can ask me it, by email message.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

• Ego te requiro*

Quando há um pobre coração que sabe que,
a bem daquele(a) que ama,
tem que se quedar em silêncio,
evitando bater mais forte,
mas que sofre de contínuos impulsos contrários,
que padece da ânsia de querer gritar,
ou ao menos sussurrar, a toda a hora,
um "sinto a tua falta"… 
...e ainda assim resiste à dor dessa perda,
calado…

…dizei-me, ó gentes: haverá morada mais certa 
para o verdadeiro amor do que este coração?

E será este capaz de amar alguma vez mais, de novo?
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* Sinto a tua falta, em latim.

sábado, 3 de dezembro de 2011

• Sorry, but nope... I can't do it!...

There has been more than one person shouting at me sentences like:

"Stop acting as a child!"
"Try and grow up!"

…and I feel unable to follow their advices! Mostly because when I have received these messages, the senders seemed to me more childish even than I was at the moment. And also because I am an eternal child. I hope I won't cease to be one. I don't want it. 

Children teach me a lot more than adults will ever do. My most valuable master has been, ever since she was born… my lovely daughter. The greatest blessing the gods have put in my existence.

With no one else but her I can better corroborate the words of wisdom spoken by this bon-vivant of Oscar Wilde, shown at the top of this puerile piece of text.