sábado, 6 de março de 2010
• Parvoíces oníricas
Ele há coisas do caraças...
Atão não é que uma noite ou duas depois de fundar este blog, visita-me em sonhos uma grande figura - tão grande quanto sinistra - da política da nossa República?
Eu à espera do meu estimado Dom Dinis, do qual sou aficionado, ou do regresso de Dom Sebastião, assim que a bruma dos dias correntes amainasse, como segunda escolha... e eis senão quando, tomo consciência do lugar onde me encontro. Já ia o sonho na segunda parte depois do intervalo. Estou no antro do monstro sagrado. Na sua residência de verão em Cascais, onde num dia de sol radioso, caiu da cadeira e ficou desde então a bater mal da bola.
Parece contente com a minha presença. Creio que tem mesmo vontade de fazer uma passagem de testemunho. Julgo que me está a querer transmitir a impressão de que é chegada a hora do meu sacrfício pela mesma nação a que ele dedicou a sua vida adulta por inteiro. Ele quer que eu assuma a mesma dedicação que ele teve por este torrão.
Eu não posso concordar com as suas acções políticas. Eu desaprovo a mão de ferro que ele manteve sobre todo um povo, que ele olhou como os seus filhos traquinas. Não foi bom termos de recuperar do atraso, depois da sua partida do mundo dos vivos, a que a sua mania de um olímpico isolamento, dum país eremita, obstinadamente nos conduziu.
Mas todas estas discordâncias não me podem turvar outra visão: a de que ele se entregou sem reservas à causa pública. Na sua boa fé, para o bem comum de todos nós, seus súbditos. Ele não fez outra coisa da parte da sua existência que ao mundo importa do que cuidar de nós, tuguinhas. Muitas vezes como um pai severo, que com o poder que detinha tramou muitas outras existências que clamavam pela liberdade de não ter de seguir os passos que este "pai" desejava, mas enfim... foi com a melhor das intenções, no seu estrito conceito.
Aqui chegado, gostaria de enfiar agora este aparte: o nosso Primeiro-Ministro José Sócrates é, nessa entrega à causa pública, semelhante a ele. Nos outros aspectos, totalmente ao contrário. Aí é completamente mundano e cosmopolita. E sabe precisamente o que é necessário e o que podemos fazer, com os nossos parcos recursos, para sair do atraso em que estivemos e de alguma forma ainda estamos. Por isso o aprecio e lhe sou grato. Só vejo o essencial, não me perco com a rama, para a qual alguns tendem maquiavelicamente em desviar o nosso colectivo olhar.
Quando voltei do departamento onírico para o átrio da realidade, fiquei a matutar que seria visitado no futuro desta feita pela outra metade do binómio a que ele pertencia. O Dr. Álvaro Cunhal, que também já cá não está de corpo, porque de alma espero que não nos esqueçamos dele, já agora.
Mas talvez não seja necessária essa aparição. Já privei uma vez apenas brevemente com Cunhal, justamente na sua antiga residência nas Picoas, donde a minha memória reteve dois pormenores engraçados: os dísticos "Do Not Disturb" em caracteres cirílicos, depositados em todas as maçanetas das portas das diferentes divisões; e a caveira de boi com uns imponentes e longilíneos chifres que arrumou no escritório à frente da sua carunchosa secretária, do lado de quem convidava a sentar-se em diálogo com ele nessa salinha.
Bons sonhos para todos aqueles que me honram com a atenção com que lêem os disparates que aqui despejo. Bem hajam, vocês devem ser do bem, tal como eu espero sempre ser.
Atão não é que uma noite ou duas depois de fundar este blog, visita-me em sonhos uma grande figura - tão grande quanto sinistra - da política da nossa República?
Eu à espera do meu estimado Dom Dinis, do qual sou aficionado, ou do regresso de Dom Sebastião, assim que a bruma dos dias correntes amainasse, como segunda escolha... e eis senão quando, tomo consciência do lugar onde me encontro. Já ia o sonho na segunda parte depois do intervalo. Estou no antro do monstro sagrado. Na sua residência de verão em Cascais, onde num dia de sol radioso, caiu da cadeira e ficou desde então a bater mal da bola.
Parece contente com a minha presença. Creio que tem mesmo vontade de fazer uma passagem de testemunho. Julgo que me está a querer transmitir a impressão de que é chegada a hora do meu sacrfício pela mesma nação a que ele dedicou a sua vida adulta por inteiro. Ele quer que eu assuma a mesma dedicação que ele teve por este torrão.
Eu não posso concordar com as suas acções políticas. Eu desaprovo a mão de ferro que ele manteve sobre todo um povo, que ele olhou como os seus filhos traquinas. Não foi bom termos de recuperar do atraso, depois da sua partida do mundo dos vivos, a que a sua mania de um olímpico isolamento, dum país eremita, obstinadamente nos conduziu.
Mas todas estas discordâncias não me podem turvar outra visão: a de que ele se entregou sem reservas à causa pública. Na sua boa fé, para o bem comum de todos nós, seus súbditos. Ele não fez outra coisa da parte da sua existência que ao mundo importa do que cuidar de nós, tuguinhas. Muitas vezes como um pai severo, que com o poder que detinha tramou muitas outras existências que clamavam pela liberdade de não ter de seguir os passos que este "pai" desejava, mas enfim... foi com a melhor das intenções, no seu estrito conceito.
Aqui chegado, gostaria de enfiar agora este aparte: o nosso Primeiro-Ministro José Sócrates é, nessa entrega à causa pública, semelhante a ele. Nos outros aspectos, totalmente ao contrário. Aí é completamente mundano e cosmopolita. E sabe precisamente o que é necessário e o que podemos fazer, com os nossos parcos recursos, para sair do atraso em que estivemos e de alguma forma ainda estamos. Por isso o aprecio e lhe sou grato. Só vejo o essencial, não me perco com a rama, para a qual alguns tendem maquiavelicamente em desviar o nosso colectivo olhar.
Quando voltei do departamento onírico para o átrio da realidade, fiquei a matutar que seria visitado no futuro desta feita pela outra metade do binómio a que ele pertencia. O Dr. Álvaro Cunhal, que também já cá não está de corpo, porque de alma espero que não nos esqueçamos dele, já agora.
Mas talvez não seja necessária essa aparição. Já privei uma vez apenas brevemente com Cunhal, justamente na sua antiga residência nas Picoas, donde a minha memória reteve dois pormenores engraçados: os dísticos "Do Not Disturb" em caracteres cirílicos, depositados em todas as maçanetas das portas das diferentes divisões; e a caveira de boi com uns imponentes e longilíneos chifres que arrumou no escritório à frente da sua carunchosa secretária, do lado de quem convidava a sentar-se em diálogo com ele nessa salinha.
Bons sonhos para todos aqueles que me honram com a atenção com que lêem os disparates que aqui despejo. Bem hajam, vocês devem ser do bem, tal como eu espero sempre ser.
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