sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

• Ponte do Rol

O destino fez com que eu viesse bater com os cotos a esta terra. À aldeia de Ponte do Rol. Sede da freguesia com o mesmo nome, no concelho de Torres Vedras.

A priori tinha outros planos. De vir viver mais perto do mar, em Santa Cruz. Mas aqui creio que também não estarei mal de todo. E que até terei chances de vir a ser feliz por cá.

Com alguma probabilidade esta minha actual existência vai doravante fazer de mim um saltimbanco. Alia jacta est.

sábado, 11 de janeiro de 2025

• O meu superpoder

Ultimamente tenho andado a perder tempo no Threads. Nessa relativamente recente rede social, que está intimamente ligada ao Instagram. E ontem li um post que não queria ter lido…

Uma senhora partilhou com a web inteira que na sua passagem de ano, há uns dias atrás, vestiu-se de várias camadas de roupa - que nem uma cebola, nas suas palavras - e subiu a um ponto alto para observar os fogos de artifício à meia-noite.

Até aqui tudo bem. Mas no seguimento da sua curiosa história ela confessa que naqueles momentos chorou.

Tudo nos leva a julgar que chorou porque estaria sozinha. E eu apetece-me chorar porque ela chorou.

Talvez também chorasse porque estaria mentalmente a fazer um balanço do ano que findava. As nossas vidas passam muito depressa, um ano mal debuta e de repente vemo-lo a encerrar-se. E nós temos a sensação por vezes que desperdiçamo-lo totalmente. 

Imagino o número de pessoas sós como ela que também terão chorado naquela ocasião por este mundo inteiro.

Ocorre-me pensar ao de leve e pateticamente por esta altura do campeonato que quiçá eu detenha um mui ilustre superpoder: o de fazer com que as pessoas parem de chorar.

Mas não o exerço. Porque as pessoas não me conhecem. A minha fama não me precede. Aliás, não há fama nenhuma. Sou um deus no maior anonimato.

E há tanta alma porventura lindíssima, como a da senhora que relato, que poderia usufruir do meu superpoder… Mas eu não chego a essas carências de receber. E nem logro aplacar a minha carência de me dar.

Bom, eu e o meu superpoder, creio que estamos destinados a ser duma só alma lindíssima. Que eu até suspeito quem seja. Mas se o fosse de toda a humanidade?… Porque não, caramba?… Que mal haveria nisso?...