terça-feira, 18 de março de 2014

• Um novo dia, todos os dias...

Nesta aventura errante que é a minha existência, não me posso queixar de monotonia, não…

Já tive várias e variadas (como soe dizer-se agora por aí) profissões nesta vida. E hoje de manhãzinha bem temprano experienciei mais um novo métier. Ou melhor dizendo, dois. Mas já lá vamos…

Fui aprender fazendo o que é isso de ser um funcionário duma agência funerária. Entrando na pele, ou por outra, no hábito - negro, negro - de um desses cavalheiros, ditos cangalheiros. Ou mais popularmente, gatos pingados.

Por um período de menos de uma hora. E a fingir.

Porque tudo gira à volta do vil metal e eu tenho de conseguir arranjar algum para patrocinar a minha vidinha, como aliás todos nós, seres humanos do mundo dito civilizado, pus-me a descobrir se a minha figura seria de algum préstimo a umas destas agências que angariam figurantes entre cidadãos comuns, a Plural.

Para algum espanto meu, e também alguma vaidadezinha da minha auto-estima, parece que sim, que ainda presto para algumas coisas que nem nunca tinha pensado em fazer um dia.

Aceitei um desafio, que em boa hora me foi lançado, de participar do cenário de uma fracção de um episódio de uma telenovela portuguesa, "O Beijo do Escorpião”, da TVI.

Calhou mesmo bem. Eu até sou um triplo Scorpio. O nome da telenovela não podia ser mais auspicioso. E os outdoors desta, quando da estreia, eram bué giros.

Assim, lá me mesclei hoje defronte das câmeras, no cemitério de São Domingos de Rana, com um monstro sagrado da ficção televisiva lusa, o Nicolau Breyner. E mais alguns outros conhecidos actores, como Marco Delgado, Sandra Faleiro e Isaac Alfaiate. À volta de um caixão, pousado defronte da porta aberta de um jazigo.

Toda a cena gravada não deverá representar mais do que um a dois minutos de espectáculo televisivo. E eu sempre ali, quase como uma estátua de sal. Sem pronunciar qualquer som.

Mas enfim, foi assim que debutei. Digo, se me quiserem lançar mais outros desafios semelhantes. Que espero que sim, que venham eles. 

Agora vamos lá a ver se a minha imagem aparecerá um dia destes no pequeno écran e nas revistas de telenovelas com algum garbo. Eu fiquei contente comigo mesmo, ao menos.

Maneiras que é assim...

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

• Just a thought...

“Comfort zones are better when they're shared”

This came up suddenly to my mind yesterday, while I was commenting some posts of a good facebook friend of mine. When I swear having been happier while compulsively sharing the available space on a smaller bed with another soul.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

• Esquisitices…

Gosto de pessoas esquisitas. As pessoas que não são esquisitas contentam-se com qualquer coisinha. As pessoas esquisitas com que a minha vida se cruza e que vêm a gostar de mim elogiam-me com esse seu gostar. Fazem-me sentir especial. Igual a elas.

Afinal das contas, eu cá também sou esquisito. Muuuuiiito esquisito!… 

Sou exigente com as minhas amizades. A minha zona de conforto é entre aqueles que são desapegados, generosos e sobretudo inteligentes. Dos dotados com aquela variante da inteligência humana que eu vejo como a mais preciosa de todas: a sensibilidade. Apurada. Madura. Iluminada. Enriquecedora.

Eu sou, no entanto, um lugar muito distante das zonas de conforto das pessoas ditas normais. Ou de praticamente todas as pessoas, mesmo. Quiçá como um semi-deus...

Sim, não tenho pejo em dizer uma aleivosia deste calibre. Sou como uma pequena divindadezinha. Caprichosa. De gancho, como se costuma dizer. Too demanding. Demasiado carente. O que me tornará insuportável.

As relações amorosas que vivi falharam. Por causa de mim. Desta minha elevada exigência das melhores qualidades humanas nos outros. Ou mesmo sobre-humanas…

E é razoável este nível de exigência da minha parte? Não.

Não o é porque eu tenho pouco para dar em troca. Estou longe, deveras afastado de ser aquilo que se costuma rotular de "um bom partido". Sou mesmo fraquíssimo.

Sou pobre. Cada vez mais. Não tenho bens materiais. Cada vez menos. Sou velho. Cada vez mais. Não sou autónomo. Cada vez menos. Sou um desocupado e desencorajado. Cada vez mais. Não tenho fé no futuro. Cada vez menos. Estou cansado. Cada vez mais.

O que terei de positivo, então?… Só isto: uma enorme vontade de virar a página, recomeçar uma vez mais e, desta feita, para dar infalivelmente certo. Na mouche. Completamente. Sem quaisquer reservas. Ou dúvidas existenciais. Totally committed to success. 100%.

Tal como o estado de alma que nos pode parecer que se apodera da mulher nesta belíssima foto ao lado. Vê-se nela uma imensa determinação. E uma altivez intocável. E uma elegância de alma sã. As mesmas traves-mestras que eu, despudoradamente, creio deter, também. 

Só espero estar no trilho correcto. No mesmo que ela. Em sentido inverso. De modo a que tenhamos de esbarrar um com o outro. Sem escapatória possível.

Tenho uma ligeira fé, que me diz que... Julgo que talvez já a conheça, a essa mulher com a qual vai dar certo, finalmente…

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

• Ukwethembeka*

Li num blog que sigo regularmente, o shiuuu, e onde comento amiúde os segredos que merecem mais a minha atenção pela sua sabedoria ou que mais me fazem reflectir por uma instantânea sensação de absurdo esta confissão: 

“Eu nunca fui fiel a ninguém. (…)
E nunca serei um homem de uma mulher só. (…)”

Para ler o segredo na íntegra, clicar aqui.

Porque talvez me tenha revisto um pouco no que outro homem revelou sobre si - não adiro completamente ao que ele disse -, este segredo levou-me a escrever isto que me veio á alma… Que em baixo se seguirá:

“Ninguém é perfeito. Ninguém, mesmo.

Quando começamos a amar alguém, esse ser vai-nos parecer à partida a perfeição em pessoa. Mas o tempo se encarrega de nos mostrar de novo, mais tarde ou mais cedo, que ninguém é perfeito. Fatalmente.

E é então nesse momento que surge aquela terceira pessoa, como que por acaso sempre, que não tem aquela imperfeição da pessoa que lá atrás começámos a amar. E fatalmente nos apaixonamos então pela terceira. E depois talvez por uma quarta. E uma quinta. E por aí adiante. Sempre porque ninguém é perfeito.

Atrás de nós deixamos um rasto de corações partidos ou desiludidos connosco. Outros também nos partem o coração, em retorno.... E a vida é assim. Não há nada a fazer. É o preço a pagar.

Amar uma só pessoa toda a nossa vida não é natural. Ficar amarrado a uma só paixão é como um navio transatlântico virar um cacilheiro. Há quem seja feliz assim... Mas será que isso é viver a vida ou será morrer um pouco para o mundo?...

Só quem tem necessidade de se sentir a amar e ser amado com grande intensidade e entrega sempre, ao longo de toda a sua vida, há-de compreender o que eu disse... os outros não.”

Esta primeira expressão do que me ia no pensamento terá mexido com algumas consciências… Que por razões que eu desconheço - que só poderão ser razões pessoais com as quais eu nada tenho a ver - terão resolvido desatar a tentar insultar as minhas opiniões. 

Digo tentar porque sem sucesso. Bem sei se será gente que foi um dia amargurada por outro alguém e não por mim. Que também terei sofrido mais dores do que as que causei a outros. 

Comprova-se. Pela qualidade dos comentários que a minha dissertação mereceu no shiuuu, eu tenho mesmo um pensamento muito distante do resto do rebanho. Embora isso me deixe quase completamente isolado, ao mesmo tempo faz-me sentir feliz.

Mas eu pergunto-me... Porque será que a expressão do meu pensamento, que procurei partilhar naquele blog terá ferido tantas susceptibilidades?... A ponto de acharem urgente destilarem tanto fel? A que se deverá isto, se não fiz mal a ninguém? Nem tenho nada a ver com quem quer que seja que lá comente... Só disse algo diferente do que os demais diriam… 

Freud explicará, que eu não consigo... A sério que não consigo, mesmo! Mas sei que Einstein teorizou algo acerca duma dimensão infinita da estupidez humana.

Eu até talvez amaria não ter razão absolutamente nenhuma… E até julgo que sou capaz de amar as imperfeições nos outros, sobretudo quando estas são daquelas que eu também partilho. Que eu, tal como os demais, não sou perfeito. E como me é tão evidente essa verdade!…

Só que… ainda não encontrei quem me venha a convencer a ser fiel a 100%. Ou talvez até já tenha encontrado… Mas ainda não convivi tanto quanto desejaria com esse ser.
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* Fidelidade, ou faithfulness, na língua zulu.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

• Sapiosexual

Ontem, por um acaso quiçá um pouco feliz, descobri este rótulo para o que eu acho que sou: um sapiosexual.

Consigo olhar agora para o meu último relacionamento com alguma distância, que o tempo foi neste ano que passou gradualmente aumentando. E talvez - talvez - seja também por eu ser sapiosexual que essa relação falhou.

Como em muitas relações, houve no início uma atracção tanto mental como física. Durante os nove anos que esta durou, se o lado físico não decaiu quase nada, pelo lado mental sempre esperei que este se mostrasse crescente. O que não foi o caso…

Sempre julguei estar a dar o meu melhor… mas não foi o suficiente.

Desde que há mais de três anos passei a ter um leito demasiado grande, a minha vida sofreu um consequente sobressalto. Abri-me mais ao mundo. E com muita fortuna travei conhecimento com vários e variados seres humanos de excelência. De que me tornei amigo. E de um anjo lindo em partícular, quedei-me mesmo um amigo muito especial. E creio que é recíproco este laço.

Este processo foi um bom exemplo da lei das compensações da nossa querida mãe-natureza!… Estou na friendzone de muitas queridas pessoas. E talvez daí não saia mais. Mas enfim…

Não é fácil ser um sapiosexual… Não é mesmo nenhuma pêra doce! É quase se calhar até uma maldição. Mas já não sou um jovem. E não me estou a ver a mudar.

Talvez já tenha tido a minha conta. E não me posso queixar da vida que tive. A sorte, essa nunca me abandonou durante muito tempo. Mas as minhas escolhas... Essas é que eu tenho mesmo de rever, de futuro.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

• Kindergarten

Ainda a propósito de Eusébio...

...e da sabedoria com que ele se comportou em toda a sua vida, lembrei-me - no dia do seu funeral, depois de escrever o meu último post antes deste - dum texto que abaixo reproduzirei e que sempre procurei também que me norteasse.

Aqui vai, então…

ALL I REALLY NEED TO KNOW I LEARNED IN KINDERGARTEN

All I really need to know about how to live and what to do and how to be I learned in kindergarten. Wisdom was not at the top of the graduate school mountain, but there in the sand pile at school.
These are the things I learned:

  • Share everything.
  • Play fair.
  • Don't hit people.
  • Put things back where you found them.
  • Clean up your own mess.
  • Don't take things that aren't yours.
  • Say you're sorry when you hurt somebody.
  • Wash your hands before you eat.
  • Flush.
  • Warm cookies and cold milk are good for you.
  • Live a balanced life - learn some and think some and draw and paint and sing and dance and play and work every day some.
  • Take a nap every afternoon.
  • When you go out in the world, watch out for traffic, hold hands and stick together.
  • Be aware of wonder. Remember the little seed in the Styrofoam cup: the roots go down and the plant goes up and nobody really knows how or why, but we are all like that.
  • Goldfish and hamsters and white mice and even the little seed in the Styrofoam cup - they all die. So do we.
  • And then remember the Dick-and-Jane books and the first word you learned - the biggest word of all - LOOK.

Everything you need to know is in there somewhere. The Golden Rule and love and basic sanitation. Ecology and politics and equality and sane living.

Take any one of those items and extrapolate it into sophisticated adult terms and apply it to your family life or your work or government or your world and it holds true and clear and firm. Think what a better world it would be if we all - the whole world - had cookies and milk at about 3 o'clock in the afternoon and then lay down with our blankies for a nap. Or if all governments had as a basic policy to always put things back where they found them and to clean up their own mess.

And it is still true, no matter how old you are, when you go out in the world, it is best to hold hands and stick together.

[Source: "ALL I REALLY NEED TO KNOW I LEARNED IN KINDERGARTEN" by Robert Fulghum. Visit his website, here.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

• Até que nasça outro como tu

Bem… eu devo ser o último gato pingado a dizer finalmente algumas palavras sobre ele, que foi hoje a enterrar…

Ele não me dizia já grande coisa. Nem durante os seus anos de glória o disse. Eu não era da sua cor, o encarnado.

Mas ao ver o imenso carinho que por ele foi despertado hoje, no dia da sua partida, na volta a um estádio de football em que ele já não chegou a jogar… Porque o seu tempo de campeão no activo já há muito tinha findado. Carinho esse que vinha de quem nem o viu fazer um único golo!…  

Acontece que os golos dele foram daqueles em que as redes das balizas hoje ainda tremem. 

E é por isso que o veículo funerário negro em que ele era conduzido à volta do relvado ficou coberto de vermelho. De lágrimas de sangue português com que se tingiram os cachecóis emblemáticos das claques do seu clube.

Aquilo comoveu-me. Estupidamente. Incontrolavelmente.

Eu sou do clube que é o seu principal rival na cidade que ambos partilham e que é a minha, para o bem e para o mal. E uma amiga minha feicebuquiana, que é do clube da cidade rival da minha - uma rapariga que ainda mal deixou de ser teenager - tal como eu, pensou e disse naquela rede social que também se comoveu com as imagens televisivas do funeral deste homem. E que a levaram a pensar como será o dela. Que ainda virá bem longe, pela ordem natural das coisas, como se soe dizer…

Tem piada... Eu também fiquei a pensar quantas pessoas estarão no meu... E que ninguém mais em Portugal - nunca mais - terá um funeral como este, com tanta gente a bater palmas ao homem com um coração enorme que ele foi. Ao longo de todas as avenidas desta capital que o seu cortejo fúnebre atravessasse.

É que, afinal, todos nós temos inimigos. Amália e Saramago tiveram-nos. Mas Eusébio?... Quem é que é capaz de se lembrar dum inimigo daquele homem???... 

Imagino bem que os seus antigos adversários diriam com certeza que a jogar contra ele perder custava menos. Não custava nada, mesmo. Era ele. E depois ele dava-lhes uma palmadinha nos ombros, como que a pedir desculpa, pá!..

Ele tinha uma sede de vitórias tremenda. Mas ainda maior do que essa obsessão era uma outra que ele tinha: a de não magoar ninguém com a superioridade quase inata que os outros lhe apontavam. E que ele não queria alardear, nunca.

Se for possível imaginar-se um paraíso na terra, ele deve ser um país povoado só com Eusébios.

Ele não era letrado? Pouco importa. Ele aprendeu tudo o que é preciso na vida na sua meninice em Moçambique. E continuou assim pela vida fora a ser o mais inteligente dos homens.

Foi usado? Foi. Mas ele não sabia dizer que não. Quem é que o pode recriminar por só saber ser generoso?

E deixem-se de tangas, de dizerem que ele foi só um jogador de football!… Ele foi sobretudo um homem bom!!! E que merece todas as honras que se lhe sejam dedicadas. Ele merece. Ninguém merece mais do que ele. Nenhum português. Tenham lá santa paciência!...

Nenhum português se tornou mais universal do que ele. Nenhum. E se acaso acharem, ó tugas malditos, que é demais todas as honras que lhe estaremos a dar, lembrem-se…

Se em outro qualquer país desta terra ele tivesse vivido, nesse mesmo país ele seria provavelmente ainda mais acarinhado do que o foi em Portugal, ao longo de toda a sua existência e depois desta.

Ele teve e tem ainda admiradores mais fervorosos do que os seus compatriotas em toda a parte deste mundo. E isso é que faz com que eu lhe queira prestar a minha homenagem pessoal.

Descansa em paz, ó Rei! E obrigado por teres querido ser português. E pelo orgulho que nos emprestaste. Que vai durar ainda muito tempo. Até que nasça outro como tu.

domingo, 29 de dezembro de 2013

• Faz sentido manter um blog?…

Eis a questão que me assalta tanta vez!… E lendo esta citação do sr. Joss Whedon*, encontro algumas das principais razões para persistir ocupando parte do meu tempo a escrever como blogger.

Poucas pessoas me lêem. Talvez até cada vez menos. Mas são poucas mas boas. De excelência. E vão-me aparecendo sempre novos leitores, quase diariamente. Das mais variadas partes deste mundo. Graças aos deuses.

Comentários ao que publico são em menor número ainda do que os leitores… E se estes existissem mais, isso é que poderia funcionar como um bom incentivo para continuar a escrever… 

Mas depois, se tivesse a avalanche de comentários dos blogs de moda, como o da Pipoca Mais Doce ou os do portal Clix, não me restaria muito tempo para novos posts, não é?…

No fundo, escrever é-me necessário como uma terapia. Era bom talvez ter mais motivações. Mas esta já é essencial.

É mesmo como diz o bom do Joss… Escrevo para encontrar as forças que residirão ainda dentro de mim. Para representar um papel do que eu não sou. Mas que secretamente aspiraria a ser. Para espantar os meus receios e angústias, reflectindo sobre estes.

E também para alimentar um caderno de apontamentos. Para que o pequeno Steve Jobs que todos teremos em nós deixar as minhas ideias na forma escrita. Para não as perder. No meu primeiro blog, Ideias Peregrinas (ou talvez não).

Para soltar os meus gritos contra os diferentes status quos vigentes na nossa sociedade contemporânea. De uma forma a roçar sempre uma alegada veia humorística que presumo deter. No meu segundo blog, Cidadania Rasca.

Finalmente, também para manter um foco meu sobre o amor e as relações sentimentais interpessoais. É que l’important c’est la rose, como canta Gilbert Bécaud… Neste meu terceiro blog, onde comecei por querer representar um personagem à la Coluche. E que, como amiúde digo, se tornou num catalisador da árdua tarefa a que me propus abraçar: a procura da minha alma gémea, após o fim da minha última união com outro ser humano.

Escrevo quase só for myself, é certo. Conquistei até hoje poucos leitores fiéis, também. 

Mas já tive o prazer de receber algumas taças. Quando alguém que me descobre através da escrita me diz que ao ler-me lhe terei despertado emoções raras. Isso vale ouro para mim.

E quiçá, já terei descoberto a tal alma gémea. Ou algumas almas que me dão muito boas dicas de como eu amaria que esse mito fosse.  :-)


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* Joss Whedon é um guionista, produtor e realizador de televisão e cinema norte-americano. Entre outras muitas coisas, foi o co-autor do argumento dos filmes da série Toy Story. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

• Eu, hoje


Eu em toda esta minha actual vida até aqui vivida procurei sempre fugir da solidão. Mas, com a minha curta ou ingrata memória, creio que nunca me senti verdadeiramente acompanhado. E também nunca fui o melhor companheiro que poderia ser para quem quer que comigo se tenha cruzado…

Não há amor como o primeiro, dizem… Pois esse foi coisa que me proporcionou um só dia de felicidade, há muito tempo atrás. E talvez tenha condicionado toda a minha futura vida amorosa desde que esse dia aconteceu.

Tinha eu 13 aninhos. Era um domingo de primavera á tarde. Em minha casa os convidados para o almoço do costume todo o santo dia do Senhor estavam a conviver à roda da mesa farta que a senhora minha mãe gostava de compor com travessas mil. O repasto havia findado e os adultos pareciam refastelados. Mas como é mister dizer-se, os portugueses gostam de envelhecer à mesa. E ali se quedavam todos na palheta.

Eu senti uma súbita vontade de me evadir daquele ambiente. Como se fosse doutro planeta. E fui prostrar-me ao sol, encavalitado no topo dum muro, a apenas umas dezenas de metros do meu lar, doce lar.

Ali fiquei meditando com a minha consciência, sob o tema habitual em mim: “Is this all there is?…”. A vida será apenas isto?…

E assim estava quietinho, havia prái uma meia hora, quando sou surpreendido por um anjo que resolve se juntar a mim em cima do muro.

Que tinha estado a observar-me. Que quis vir ter comigo. Que queria saber o que eu fazia ali sozinho.

E eu comecei a desenrolar o meu novelo para ela. Que tinha escapulido um pouco da minha realidade para vir para ali estar a sós com o meu pensamento. Mas já que ela tinha querido provar da valia da minha companhia, já não queria estar mais isolado do resto do mundo.

Nunca entendi a sua curiosidade sobre mim, um simples rapazito. E porque estava a ser gentil comigo. Mas gentileza gera gentileza. E eu senti o impulso quase imediato de trocar com ela o meu interior.

Dialogámos durante a tarde inteira, tendo saído daquele muro e vagueando sem rumo pelas ruas do meu bairro. Fomos interpelados por um senhor que me conhecia. Que vendo o clima de entrosamento perguntou se ela era a minha namorada.

Foi só aí que me toquei. Não, ela não era. Eu nem sabia o nome dela. E nem nunca o soube. Não a questionei. Só falei sobre mim. E o interesse dela sobre mim induziu o meu interesse crescente nela. 

Se eu estivesse á procura de uma namorada, eu não quereria nada diferente do que ela estava sendo comigo.

Ela se quis despedir de mim - de nós - quando se deu conta das horas terem passado velozes. Que a sua família devia já estar preocupada com a sua ausência. E nem um beijinho demos.

Supus aquela tardinha um convívio de duas almas semelhantes tão prazeiroso que havíamos de o desejar repetir ambos. E esperei por ela em domingos que se seguiram em cima daquele bendito muro. Mas ela não veio. Nunca mais.

Nestes últimos dias tenho reflectido sobre este anjo. O que será dela hoje em dia? Foi ela real? Ou foi só uma alucinação? Mas se outros a viram comigo… Terá talvez reincarnado em alguém que eu tenha conhecido nos últimos tempos e que também goste de mim?… 

Irão alguma vez estas palavras que aqui vão ficar gravadas chegar até ela ou a sua alma?…

O facto é que ela fez com que no amor eu quase nunca me tenha apetecido empreender o esforço de seduzir. Acreditei que teria apenas de ser eu e deixar que a minha aura fizesse esse trabalho por mim. E depois, era só deixar-me seduzir por quem a minha atenção prendesse com mais entusiasmo.

Não aprendi assim a ser um sedutor. Não sei seduzir. Vaidosamente fui crendo que eu devia mesmo ser a oitava maravilha do mundo.

Até que o pano caiu quando soube o que é ser rejeitado por aquela que eu acreditei seria minha até ao fim dos meus dias. Quando esta tirou a máscara que usou durante nove anos.

Hoje parei de julgar que entre mim e o amor poderá alguma vez mais haver o que quer que seja. E digo mais! Não é por falta de manifestações de carinho, que o recebo todos os santos dias...

Já me resignei a encarar a grande probabilidade de terminar esta vida actual sozinho. E não há grande mal nisso, julgo eu.

domingo, 15 de dezembro de 2013

• Ragione e emozione

"Se il tuo cuore mi può amare tanto quanto al opposto di me,
allora forse preferisco che tu mi ami con il tuo cervello."
 - Giuseppe Pietrini 
(incorporando Friedrich Nietzsche*)

Non potrò mai cadere per l'errore di amare chi è solo cuore. In cui c'è una sete inestinguibile di essere amata. Chiunque è sarà veramente amare così tanto più se stessa che a qualcun altro.

E con una narcisista è ben noto che prima o poi si farà male a coloro che si innamorano di lei e lasciarla entrare a far parte della sua vita. Al di là di tutta la illusione che il suo amore può causare, lei difficilmente sarà un amore a sopportare un'eternità.

Questo è vivere troppo pericolosamente per me. Non lo voglio mai.
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* Il buon vecchio Nietzsche, che ha vissuto parte della sua esistenza a Genoa, Torino e Venezia.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

• Carta aberta a uma mulher

A uma mulher qualquer, que eu já encontrei ou que me encontrará:

Caríssima, 

Tu que me lês as palavras aqui gravadas, que me abordas na rua ou neste ciberespaço imenso, onde até podias bem ter abordado outros, tu que me chamas a atenção sobre ti, tenho a dizer-te que… ai, anjo, tu colocas-me tantas vezes a desejar proclamar-te isto:

Eu quero usar o teu corpo. E que desfrutes do meu.

Deixa que finjamos que tu és aquela que eu amei no passado. Ou a que hoje amo, mas que não está junto a mim. Que não me importo que finjas eu ser aquele que mais terá mexido contigo, pelo teu lado. Quero forrar a pele toda do teu corpo com incontáveis beijos. Quero saciar-me com teus gemidos de êxtase após toda a tua carne ter sentido as minhas ávidas mãos nela. Devolve-me com juros de mora, se te aprouver, as mesmas malfeitorias. Quero que nos fundamos num só. 

Quero que me venhas desinquietar com frequência. Ou só uma vez. E que pagues o preço dessa tua insensata atitude. E que me digas que de muito bom grado o fazes.

Mas ainda quero mais! Eu quero tocar-te a alma. E que tu cutuques a minha à vez, também.

Vem comigo, que te levarei aos meus jardins secretos. Que com nós dois como povoadores, hão-de nos parecer quais raros Alhambras. Ouviremos o suave chilrear das pequenas aves matinais, misturado com o cantar das águas frescas dos riachos e o cheiro da erva molhada. Seremos banhados pelas luzes e sombras de frondosas árvores. Sentir-nos-emos a voltar a viver, como a flor que sente a primavera despontar.

Sai da tua vida e entra por umas horas na minha. E fala-me das tuas desventuras, que eu sou todo ouvidos.

Tu sofreste com a rejeição do teu antigo amante, que um dia desapareceu no éter. Tal como a mim aconteceu também. Tu viste o amor da tua vida dizer o seu último suspiro em teus braços. Tu rompeste com uma situação em que não te sentias preenchida como ser humano inteiro. Tu queres estar só apenas quando for essa a escolha tua. E em comunhão com outro ser quando for a bendita escolha de ambos. Tu achas que o amor tem de ser mais do que isto que até hoje viveste.

Tu queres-me. Tanto como eu a ti. Porque sabemos que juntos vamos voar mais alto. Acima da maioria de nós, humanos. Vamos aflorar a maneira como os deuses são.

Vem. Pega na minha mão. Vem com tudo. Mesmo tudo. Ou não me digas mais nada. Porque me tortura a alma te escutar sem nada poder fazer por ti. Porque tens temor do que nós podemos nos tornar. Porque queres mas ainda temes voltar a amar. E vai. Mas não desistas de sonhar.

“Since I became a lover, this is my occupation…"
- Mawlana Jalal ad-Dln Muhammad Rumi -

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

• O que os homens acham sexy nas mulheres

Um texto que é uma pequena pérola, que hoje aqui decidi reproduzir, recolhido da timeline do facebook de um ilustre senhor, de seu nome José Delaunay. O original pode ser lido aqui.

Eu julgo que tudo isto não será, como se pretende fazer crer, um grande segredo que eles querem partilhar com elas. Porque elas já sabem a cartilha toda, antes de nós! Mas... é um texto divertido.

Passo a citar, com ligeiras correcções:

As mulheres são naturalmente sexy. E este facto ficou ainda mais claro depois de uma pesquisa feita entre leitores dum blog* conhecido desta área perguntando o que eles achavam mais sexy numa mulher. Esse blog recebeu milhares de respostas com vários detalhes femininos que deixam os homens babados.

Aqui fica a lista de 46 coisas que as mulheres nem imaginam que os homens acham sexy:
  1. Cabelo apanhado em rabo de cavalo, com fios soltos;
  2. Ela a usar a camisa ou camisola do homem e mais nada;
  3. Barulho de salto alto pisando o soalho;
  4. Sardas no rosto;
  5. Quando elas conduzem no sexo;
  6. A forma como ela ri;
  7. Quando ela se senta no nosso colo para dar um beijo;
  8. Um belo par de seios;
  9. Quando elas, de vestido ou saia, se esticam para pegar em alguma coisa lá no alto;
  10. O jeito como acordam de cabelo despenteado;
  11. Ela deitada de bruços só de cuecas;
  12. Cabelo cheiroso;
  13. A manha que elas fazem quando chega a hora de nos separarmos;
  14. Ela quando mexe no cabelo;
  15. O jeito como andam descalças na ponta do pé quando o chão está frio;
  16. Ela lambendo os dedos depois de comer uma coisa muito saborosa;
  17. Inteligência;
  18. Quando ela anda pela casa só de cuecas;
  19. Pés bonitos;
  20. A pose delas de fazer xixi, com as perninhas viradas pra dentro e com as cuecas em baixo;
  21. Cabelo molhado;
  22. O jeito dela de se preocupar com a gente;
  23. Um decote bem utilizado;
  24. Quando ela morde a pontinha da haste dos óculos;
  25. Coque despenteado;
  26. A forma na qual o cabelo cai naturalmente no rosto e o jeito dela de tentar ajeitar;
  27. Ela comendo um gelado;
  28. Quando ela fica com frio e usa um casaco nosso;
  29. Vestido comprido e pés descalços;
  30. Ela passando da casa de banho para o quarto só de cuecas para se arranjar;
  31. Covinha nas costas;
  32. O jeito de andar;
  33. Calças e blusa branca;
  34. Tatuagem (principalmente as que só dão pra ver uma parte e deixam todo mundo curioso pra ver o final);
  35. Um pouco de gordurinha para ter onde pegar;
  36. Atitude;
  37. Quando arranham sem magoar;
  38. O rosto dela visto de cima quando dorme no nosso peito;
  39. Quando ela acorda de cuecas e se espreguiça;
  40. Camisola que deixa um ombro de fora;
  41. Ela totalmente depilada;
  42. Camisola sem soutien;
  43. O cheiro delicioso que deixam na casa depois do banho;
  44. Quando elas não usam maquilhagem;
  45. O osso saliente na cintura;
  46. Sentir todo o corpo dela quando dormimos de conchinha.

- fim de citação -

Eu gosto particularmente do “cheiro delicioso que deixam na casa depois do banho”, do “barulho de salto alto pisando o soalho”, do “jeito como andam descalças na ponta do pé quando o chão está frio”, mas sobretudo do “rosto dela visto de cima quando dorme no nosso peito”. E da conchinha, sempre tão deliciosa para ambos… E que traz tanta tranquilidade aos corações envolvidos nesse carinho.

Mas acho que descobri mais uma coisa: os nomes delas. Elas têm nomes de flores. E de outras coisas bonitas. Eu adoro sobretudo aqueles nomes pequeninos. Com três letras apenas. E é tão bom acordar com o nome dela ecoando dentro do nosso pensamento…
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* What blog, I wonder… não é nada explícito para mim qual o blog de que se fala aqui. Mas isso agora não interessa nada, como diria a xôdona Teresa Guilherme, a propósito de todos os temas que ela lança para a discussão, curiosamente.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

• 寂しさ*

“A solidão é o preço que temos
de pagar por termos nascido
neste período moderno,
tão cheio de liberdade,
de independência
e do nosso próprio egoísmo.”

- Natsume Soseki
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* Solidão, em língua japonesa.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

• Vivre en couple

La solitude dans une vie en couple, hélas, ça m’a souvent survenu, ce sentiment… Y a des fois, je me demande si j’ai été conçu pour vivre ensemble avec un autre être humain.

Et pourtant, je le désire avec tout mon âme.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

• Love is...

…to be awaken every day with a very sweet text message*, sometimes even before the sunrise. 

It’s the best way in this world to start a new day. And it doesn’t need to be from the one you love. Or the one who loves you. Or even if both cases are not applicable. From a friend is quite enough. Sometimes I wonder if not even better…
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* Um SMS, para quem não sabe.