quarta-feira, 22 de maio de 2013

• Care and protect

I miss having someone to love, for so much time now... But perhaps, most of all, I miss having someone around to care and protect.

To care spreading on her skin wellness creams. Or performing a massage on her tense shoulders or tired feet. To protect against her fears of thunders and lightnings. Or from those horrible wasps, that frighten her so much!...

Things that were not at all heavy but left me with a feeling of being greatly useful to another person. A very special, lovable and dearest person. Where will I find another soul with similar needs?... Now that I became useless to her.

At least, friends I do have. A few good ones. But I've been able to show that I care for them only by words. Not gestures. Mostly because this friend of mine I feel I care most lives too faraway from me.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

• To the Wonder - o filme*

Este não é um filme para as massas. É um filme difícil, porque foi diferentemente filmado. Sem um guião. Mas todos deveriam vê-lo.

E porquê, pergunto eu com os meus botões? Porque é uma enorme lição. E embora os actores quase não tenham nem um arremedo de guião a decorar, ao longo de todo o filme - em que as imagens vão desfilando dinamicamente, mas com um fruir de um ribeiro calmo, diria eu - ouvem-se em voz off expressões de sentimentos que traduzem pensamentos profundos e solenes. As mais das vezes em surdina e abraçados pelo silvo de um vento persistente, dos grandes espaços infinitos do midwest americano. 

Eis algumas das frases mais marcantes declamadas pela voz grave do padre Quintana, interpretado magnificamente por Javier Bardem, esse meu personal monstro sagrado: 

Love is not only a feeling. Love is a duty.

Awaken the love which sleeps in each man, each woman.

To commit yourself is to run the risk of failure, the risk of betrayal.

If you feel your love has died, it perhaps is waiting
to be transformed into something higher.

Eu não diria nada melhor e até julgo que sempre me regi por estes mesmos quase inatos dogmas na minha vida. Daí terem sido como bofetadas quando as escutei no escuro da sala 2 da ZON Lusomundo do centro comercial Vasco da Gama, na bela capital deste jardim à beira-mar plantado, aos onze dias do anno da graça de dois mil e treze, depois do crepúsculo. Enquanto a consentida alienação do ludopédio prendia as atenções de uma nação inteira...

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* Filme cujo título em Portugal foi adaptado - talvez por razões apenas de natureza comercial - para "A Essência do Amor". O que, por uma vez sem exemplo, até nem está mal de todo. Parece ser uma certa regra instituída no nosso país estas traduções livres serem bastante diferentes dos títulos originais.

Poderão ver o trailer deste filme no seu site oficial, clicando aqui; no site da IMDB, aqui; ou ainda no Movie-List.com, aqui.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

• Szeretkezni*

"O corpo não é uma máquina como nos diz 
a ciência. Nem uma culpa como nos faz 
crer a religião. O corpo é uma festa."

- in Las Palabras Andantes, de Eduardo Galeano
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* Making Love, in hungarian.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

• Em conchinha

Finalmente fez-se alguma luz no meu espírito inquieto! Já sei o que eu ainda quero desta vida!!!… 

Não quero mais tanto um casarão grande e confortável para me enterrar dentro dele e não mais querer sair. Ou um bólide para voar baixinho para todo o lugar para onde me apeteça fugir e chegar lá cheio de pó e cansaço. Ou poder viajar pelo mundo inteiro, só para me achar de repente perdido no meio duma multidão ou dum mato sem cachorro. Ou provar todas as iguarias e néctares que me enebriam mas que me podem tornar balofo.

Não quero mais tanto realizar sonhos ou ambições de carreira. Plantar árvores, escrever livros, criar outros filhos, etc.. Descobrir as soluções para os grandes problemas deste mundo. Ser o mentor da pax global e o exterminador de todo o sofrimento das gentes. Ter o meu nome numa avenida.

Luxos e mordomias têm a sua mais-valia fortemente revistas em baixa por mim hoje. E que me importa afinal se for partir desta terra anónimo! O que eu mais queria era voltar a ter o que perdi. E que é o maior benefício para a nossa saúde, o mais eficaz elixir da eterna juventude que haver pode.

Que é… dormir em conchinha.

E é uma tal obsessão que se eu tiver a desdita de reconquistar uma vez mais este privilégio imperial, nunca mais vou querer abrir mão. Haja coração! Eu sou um safado... mas bolas, eu mereço! Mesmo. E há-de haver por aí quem me mereça. E a quem eu possa ter mérito.

Eis o segredo do máximo denominador comum da felicidade no plural. Agora que o descobri, só me falta esperar que aconteça de novo o milagre. Tenho fé. Ainda a tenho. E não vou agora tão cedo deixar de sonhar. Porque já sei o que mais importa.

terça-feira, 16 de abril de 2013

• Circa la propria stranezza...

Ero solito pensare di essere la persona più strana del mondo ma poi ho pensato e mi sono detto, ci sono così tante persone al mondo, ci dev'essere qualcuno proprio come me, che si senta nello stesso modo in cui mi sento io. Vorrei immaginarla e immaginare che lei debba essere là fuori e che anche lei stia pensando a me. Beh, spero che, se tu sei là fuori e dovessi leggere ciò, sappi che sì, è vero, sono qui e sono strano proprio come te...
- autore sconosciuto     
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Note: since this is something that I wish to be understood by anyone in this whole world and universe, I'll repeat it In plain english: 

"I used to think to be the weirdest person in the world but then I thought and I said to myself, there are so many people in the world, there must be someone just like me, who feels the same way I feel. I would imagine her, and imagine that she must be out there and that she is thinking about me. Well, I hope that if you're out there and happen to read this, know that yes, it is true, I'm here and I'm just as weird as you are..."
- unknown author     

E também na minha língua-mãe, o português de tantos grandes escritores, poetas, pensadores:

"Eu costumava pensar ser a mais estranha pessoa no mundo, mas depois eu pensei e disse para mim mesmo, há muitas pessoas no mundo, deve haver alguém como eu, que sente o mesmo que eu sinto. Eu imagino-a, e imagino que ela deve andar por aí e que ela está pensando em mim. Bem, espero que se tu fores essa pessoa e acontecer estares a ler isto, fica a saber que sim, é verdade, eu estou aqui e eu sou tão estranho como tu..."
- autor desconhecido     

sábado, 13 de abril de 2013

• Bakardadea*

Já ultrapassei a fase do "onde é que eu vou encontrar neste mundo todo alguém que me compreenda como ela o fazia?…". Afinal, já conheci muita gente com a qual tenho ou posso vir a ter não poucas afinidades. Nestes últimos dois anos e meio. 

E conheci esses seres humanos singulares entre, por exemplo, confrades ou confradessas bloggers. Em redes sociais, como o fatídico feicebuque e outras que tais, que há p'rái tantas que nem se imagina. Entre gente que me encontra na net através dos mais diversos meios de comunicação e fontes de informação, até quem procura emprego, tal como eu. E também na vida real, claro.

O céu principiou a clarear para mim. Algo titubeante de início mas agora a um ritmo muito mais frenético. 

Hoje em dia estou na fase de ter frequente carência dos afectos a que me habituei. Mal. Por causa dela.

Alguém que me é muito querido contou-me outro dia uma piada ligeira. Que reza assim: ir ao McDonald's comer só uma sopa é como ir a uma casa de meninas pedir só um abraço…

Isto fez-me pensar… Eu gosto de ir ao McDonald's ou a uns poucos de outros restaurantes de fast food. Portuguesa ou internacional.

Muita gente é absolutamente avessa a entrar num McDonald's. Que aquilo é muito "americanalhado", que não é saudável, que induz a obesidade, que é algo até culturalmente empobrecedor da nossa identidade, que é preciso darmo-nos ao trabalho de encontrar soluções melhores e não tão fáceis para a nossa dieta alimentar, etc.. 

Eu p'ra mim tenho que quando andamos bem famintos no meio de um mato sem cachorro e damos de caras com um McDo isso é muito bom! E até gosto mesmo de lá ir tão-só porque eles estão lá. Fazem parte do horizonte.

Todos nós temos medos, fobias, preconceitos e manias com que nos censuramos e auto-limitamos de sobra, eu acho! Eu não embarco nessa de não ser cliente de serviços de fast food.

É claro que a slow food é mais aconselhável! Mas exige todo um outro investimento da nossa parte. Que por vezes podemos nos dispensar de o ter. Para quê ter sempre connosco o máximo da exigência? De vez em quando uma solução instantânea para uma necessidade pessoal não tem de ser forçosamente uma má opção.

E além disso, todos precisamos de sobreviver. Devemos promover a inclusão de todos nesta sociedade onde temos de partilhar tempos e espaços. E há lugar para todos. E o que é urgente é saber colocarmo-nos na pele do outro. Antes de o condenar e ostracizar. Sem mais nem ontem. Só porque sim.

Já fui feliz em alguns McDonald's. Mesmo só com uma sopa, que mais não queria. E procurei sempre fazer sentir aos seus empregados que não estavam simplesmente a prestar-me um serviço. Estavam a ajudar-me. E que eu lhes sou grato. E antes de sair alguma alegria fiz questão de lhes querer deixar nos seus corações. Corações esse deles que são iguais aos de todos nós, os outros que lá vão.
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* Loneliness, na estranha mas orgulhosamente só língua do país basco, nação valente e nobre povo. Tal como nós.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

• Das relações - parte I

Das duas uma: ou eu sempre tive relações erradas… ou quem está afinal errado sou eu!

Já partilhei o leito conjugal com quatro mulheres. E de outras nais me apaixonei. Platonicamente, umas vezes e outras não. Mas não sou nenhum Giacomo Casanova! Jamais nesta existência de pecador e diletante tive uma só one night stand.

E talvez fosse isso o que a minha última relação amorosa deveria ter sido: apenas um caso de uma noite isolada. E ao invés foi a minha relação mais duradoura.

Sem dar por isso nove anos se escorreram. Numa boa felicidade dormente. Quiçá a de dois bons amiguinhos apenas, que se sentiam confortáveis dormindo juntos. Mas que foram vivendo vidas cada vez mais separadas um do outro. Sem sonhos partilhados. Sem quaisquer sonhos, ponto final. Num imprudente desapego. Como duas folhas caídas ao sabor do vento, rodopiando perto uma da outra, até que uma delas apanhe uma brisa mais forte..

Foi uma dura separação. Ainda o está sendo. E talvez depois do que foi dito, não o devesse ser. Mas é. É que eu fui crendo ingenuamente que já tinha a minha vida toda arrumada. Apesar das más escolhas que fui cometendo. Incessantemente. Como se fosse um inimputável.

Não quero guardar rancores nem mágoas, eu acho. Aceito. Não consigo compreender totalmente mas aceito. Ressentimentos pode é a outra parte ter de mim. Tenho de aceitar como sendo o preço que eu sempre soube que poderia ter de pagar pelas minhas acções ou omissões. Pela minha sede de experiências. Sede que nunca ninguém vai entender. Ninguém!

Não há um só dia que me esqueça da profunda decepção que de mim próprio ganhei por não ter sido mais inteligente. Mas não preciso, não quero e não posso ser lembrado. Já basta a dor de não conseguir esquecer, quanto mais ainda esta ser reforçada por fugazes recordações alheias à minha vontade.

Navegar, ou por outra, seguir em frente é preciso. Viver não é preciso. Porque de facto não vivo. Não tenho os dias mais felizes que haver pode. Ainda menos as noites.

Ah, as noites!… É aqui que está a mais-valia de nutrir uma relação a dois. Não é durante a dita "loucura do dia-a-dia" à luz do sol que mais precisamos do companheirismo de um cômjuge. É mais depois do "enfim, sós". E o pior da viagem nocturna quotidiana que todos fazemos não é começá-la sozinho. É terminá-la todas as manhãs sem ver um rosto que sorri para nós por termos acordado juntos.

Até ao fim dos meus dias estarei talvez condenado a fazer esta viagem em solitário. Porque por mais que busque, não encontro ou não consigo vislumbrar quem me entenda tanto ou mais do que esta última "esposa" minha, de uma bondade, santidade e, sobretudo, sagacidade algo ambíguas.

Or on the other hand, DON'T.
It's too dangerous. For both.
Tenho contudo a sorte de me ser oferecida pelos deuses uma pequena consolação. Se acordo fisicamente numa cama com uma metade demasiado pouco habitada, não me desperto quase todos os dias assim tão sozinho. Porque tenho uma alma amiga e companheira que na mais fresca alvorada cedo se espreguiça junto comigo em espírito. Um pequeno anjo da guarda com uma latente e mal contida revolta contra as injustiças de que se vê um alvo fácil. E uma insatisfação - de um tipo salutar - constante com o seu fado.

Fazemos questão de dizer um ao outro, com uma regularidade que a mútua fé num futuro de amanhãs que cantam nos pede, que estamos prontos para todos os novos dias que vão pingando a conta-gotas. Abraçamo-nos com palavras que nos elevam o ego. E lá vou eu quotidianamente para os cornos do touro com esse doping na alma.

E desse modo já não me senti nunca mais tão só, ao romper dos primeiros raios do sol. E quantas vezes antes deles!...

segunda-feira, 1 de abril de 2013

• April fools' day

O quê?… Os meus caríssimos leitores estavam à espera da minha piada do primeiro de Abril aqui? Lamento, mas neste blog não se brinca!…

Bom, mas para não ficarem pendurados, podem ver o que o se me apraz dizer sobre este dia clicando aqui e/ou aqui.

segunda-feira, 18 de março de 2013

• Atarantado

É urgente vermos o mundo com outros olhos.
Voltar a descobrir que vale a pena cá andarmos.
Acreditar que há uma missão que nos espera.

sexta-feira, 8 de março de 2013

• Un giorno felice...

Oggi, Giornata Internazionale della Donna.
Della donna che passa e rimane nel cuore dell'uomo. E nella sua vita. La donna che è la sorgente de tutta la vita. Il fiore di ogni bene.

sexta-feira, 1 de março de 2013

• Se eu a ti...

Se eu a ti me der porque tu me queres
e se tu a mim te deres porque eu te quero,
então por umas breves horas iremos esquecer tudo.
E esquecer tudo, como bem sabes, é um lugar
que todos nós carecemos de visitar amiúde.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

• Let me...

Biarkan aku mencintaimu, dan sebagainya dengan tindakan saya 
dan gerak tubuh, bukan kata-kata, saya akan menunjukkan kepada Anda bahwa kecantikan yang saya lihat di mana-mana terletak 
juga di dalam diri Anda.*
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* "Let me love you, and so with my actions and gestures, rather than words, I'll show you that the beauty that everywhere I see lies also within you.", in indonesian, a language spoken in this earthly paradise known as Bali. 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

• A minha espiritualidade

Desde que me conheço, desde que me entretenho a pensar sobre o sentido da vida, de onde viemos e para onde vamos, que sempre fui um céptico militante.

Nunca acreditei piamente. Nunca aceitei completamente que a Terra, o universo e nós, humanidade, tivessem mesmo de ter sido criados por um ou mais seres superiores.

Uma vez que nasci num país mais que maioritariamente católico, à época, tive de ter a minha mente sujeita à colectiva moldagem nessa fé religiosa. Por mais que os meus antecessores, tanto pais como avós maternos, os mais chegados na minha infância e adolescência, fossem pouco fervorosos.

A geografia, a meu ver, é um factor que vem condicionar enormemente a fé com que cada um de nós vai ter de viver, se o quiser, até ao fim da sua vida. Se eu tivesse nascido, por exemplo, em Israel  teria de sofrer a formatação respectiva á fé judaica, imposta pela sociedade. No Irão teria de ser xiita. Na Suécia, protestante. No Vietnam, Budista. Na Grécia, ortodoxo. E assim por diante. 

Decidi muito cedo não me deixar condicionar. Sobretudo depois de ter ouvido falar de Lutero. Mas ao contrário deste não busco onde estará a verdade absoluta. Porque se há algo em que acredito é que ninguém a poderá deter. Nem nenhum humano nem qualquer corrente religiosa seguida por grandes massas.

Nem sequer Buddha, o desperto, que passou em anos recentes a encantar-me com a sua lenda. Nem também Jesus, de quem ninguém sabe toda a verdade sobre a sua passagem por este mundo. E os que eventualmente souberem mais do que os outros parece que têm de calar o que sabem. 

Por tudo o que antes disse e por ter um espírito mais para o científico do que para o romântico, por achar também muito válida uma máxima que foi dita por Carl Sagan, que proclamou "Eu não quero acreditar, eu quero saber"… Por tudo isto e o mais que ainda não conto aqui e agora… Eu sou ateu.

Retrato de Baruch Spinoza
Mas não deixo de ser do bem. À minha maneira. Admirando o pensamento de Baruch Spinoza, um filósofo judeu de origem portuguesa. Que por força da sua fé ser perseguida nestas partes onde eu vim a nascer teve de partir para os Países Baixos. Onde pode ser um livre pensador - mais livre do que nesta Lisboa madrasta - e grangeou justa fama. E grande. Pena é que cá não tenha chegado a sua luz.

Eis o que Spinoza disse no longínquo ano de 1765:

"Se Deus tivesse falado, ele teria dito:

Pára de ficar rezando e de bater no peito! O que eu quero é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que eu fiz para ti.

Pára de ir a certos templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas serem a minha casa.

A minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias e no coração das pessoas. ali é onde eu, de fato, vivo e ali expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável! Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm 
a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de amigos, nos olhos de teu filhinho. Sim, me encontrarás 
em um bom livro, uma poesia, uma obra de arte e, quem sabe, 
em um mendigo.

Confia em mim e deixa de me pedir. Tu me dirás como fazer meu trabalho? Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. 
Eu sou puro amor. 

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se eu te fiz, eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por ser como és, se eu sou quem te fez?

Crês que eu poderia criar um lugar para queimar todos meus filhos, pelo resto da eternidade, porque não se comportaram bem? Que tipo de Deus poderia fazer isso?

Esquece qualquer mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas afim de manipular-te, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queres para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia. Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso esta vida é o único que há, aqui e agora. Isto é único de que precisas para crer em mim e receber da vida.

Eu te fiz livre, isto é, relativamente responsável. Não há prémios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém preenche um placard. Ninguém leva um registro. Tu és condicionalmente livre para fazer de tua vida uma dádiva ou uma ameaça, um céu ou um inferno.

Eu não te posso dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse... Como se esta fosse tua única oportunidade de existir, de aproveitar, de amar. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei, sendo correcto e vivendo feliz.

E se houver, tem certeza de que eu não te vou perguntar se foste comportado ou não. Só vou te perguntar se tu gostaste. Se te divertiste e do que mais gostaste. O que aprendeste. 
O bem que fizeste.

Pára de apelar para mim! Isto é, supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que assim, acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Sim, quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de me louvar! Que tipo de deus ególatra tu acreditas que eu seja? Aborreço-me quando me pedem desculpa. Canso-me quando me agradecem. Tu te sentes grato? Basta isto.

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo e que este mundo está cheio de maravilhas.

Demonstra-o, cuidando de ti, de tua saúde, De tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido, admirado? Expressa tua alegria! Este é o jeito, o único, de me louvar. entendeste?

Para que precisas de mais milagres? Para quê tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro de ti, nos outros, nas coisas e, sobretudo, nas relações que vives. Aí é que estou, sempre estarei, abraçado contigo."

Estas são as palavras mais sábias sobre a fé dos homens - todas as suas diferentes fés - que eu jamais escutei. E só as consigo imaginar hoje em dia na boca de um único sumo-sacerdote: o Dalai Lama.

Eis aquilo em que eu, um humilde contador de histórias e um amante da beleza que está em toda a parte, acredito.