quinta-feira, 21 de julho de 2011

• Mutluluk *

Sempre existirão mágoas nas nossas vidas. Mas ao mesmo tempo bençãos também.

Sempre haverá dor. Mas a alegria também pode surgir. E precisamos sempre não nos deixar cegar pelas dores a ponto destas não nos permitirem experimentar alegrias. Inda que pequenas nos possam parecer estas últimas ao lado das primeiras.

A receita para atingir a perfeição na busca da felicidade é então... reduzir até chegar a ignorar totalmente aquilo que nos fere a alma e ampliar até ao infinito aquilo que a conforta.

Simples. Mas é preciso coragem e inteligência.

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* Felicidade, em turco.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

• 18 anos depois...

Foi há dois dias, no último sábado, de tarde solarenga em toda a Lusitânia.

Eu não devia, não era suposto eu ali estar. Mas estava. Era preferível, era bem melhor que ali não tivesses ido parar. Mas também lá estavas.

Nós não vivemos juntos faz mais de 3 lustres. E durante esse tempo decorrido, mal nos vimos ou sequer falámos amiúde. Que é como quem diz, quase nada mesmo.

E no entanto, aqui estamos os dois. Num diálogo que durou uns breves minutos. Estou triste por teres de ficar aqui logo hoje. Mas feliz por ter conseguido te ver. E tu ficaste surpresa pela minha presença mas esta parece-me não te ter desagradado. Até pelo contrário, julgo. Porque sorriste, apesar de também te quedares bem triste. E com dores.

Estamos neste hospital. Não era para ter acontecido o nosso diálogo. Tu devias estar com a nossa filha na alegria do lar onde as duas vivem. Numa festa. E eu vim cá ter por causa dela não poder juntar-se a ti e não saber do teu estado.

Ela, o nosso grande legado, que aportámos a este mundo dos humanos, questionou-me mais tarde se eu cheguei a ver-te. 

Contestei-lhe que te dei um beijinho. Não só um mas vários. O respeito que tenho à grande mãe que tu és metamorfizou-se em menos de um ápice numa incontida ternura. E, claro, osculei o teu rosto, com a visão do qual pasmava de indisfarçada admiração, de a nossa filhota ter hoje a tua cara chapada, meus deuses....

Deuses esses que se divertiram a congeminar as circunstãncias que concorrerarm para que nos encontrássemos sós, um com o outro, às 18 horas. À mesma hora de novo, como há 18 anos atrás. Na mesma posição relativa. Tal como então, eu de pé, ao teu lado, que estás deitada numa maca.

Naquele dia do passado distante - que a ilusão me faz crer todavia que foi ontem - foram as dores de parto que te assaltavam o corpo de mulher guerreira. 

"Ela tem muito cabelo!" - gritei eu então, assim que ela assomou fora de ti, que não podias vê-la, porque reclinaste a tua cabeça para trás, vencida que estavas e fatalmente te rendeste ao esforço que a mãe-natureza te havia pedido naquele instante maravilhoso.

Como foi possível, que sem o planearmos, voltássemos a estar nós dois como naquele dia glorioso da nossa estreia na paternidade? Logo hoje, quando a nossa menina alcança a maioridade?

Sou um grandessíssimo ingrato. Quantas vezes não praguejei contra vós, meus deuses, maldizendo as chagas da minha existência. Quando vós me ofertais por vezes momentos tão sublimes como este...

Missão cumprida, "Chiinda". Nós pusémos nesta terra e lográmos criar um ser lindo e sagaz como a mais inteligente das raposinhas. Eu creio que a preparámos bem para sulcar os trilhos desta vida.


quinta-feira, 23 de junho de 2011

• This is Walter Black

Walter Black é um homem bom.

Um bom pai, um bom esposo. Um homem capaz de ter sonhos. Mas também um pobre dum loser. Um tipo compulsivamente deprimido. Até ao dia em que a sua vida muda. De uma forma inusitadíssima.

"The Beaver", um filme mais que magnífico. Uma lição para todos nós. Uma história em que eu próprio me revi.

Um dia, no meu passado recente, em que me encontrava particularmente deprimido, eu tive a visita do "meu castor". E escrevi sobre essa experiência vivida a solo pela alma minha neste mesmo blog. Foi neste post. Fiat Lux.

Por isso, chorei como uma Madalena durante a sessão de cinema onde assisti a este filme. Com a minha filha como testemunha. E mais, com ela a secundar-me nos deslumbres provocados por esta história encantadora e pelas sublimes interpretações dos actores dela. De todos sem excepção, mas sobretudo a de Mel Gibson.

É pungente aquela parte em que Walter Black se põe a filosofar em entrevistas em programas de televisão de audiência máxima. E ainda aquela em que se debate contra o fantoche de castor que o domina, para deste se libertar.

Um homem grande, este aussie. Acho que é por admiração e em homenagem a ele que eu emprego o vocábulo anglo-saxónico "mate" nos meus blogs.

Poderão ver o trailer deste filme no seu site oficial, com o link para este já colocado acima, ou directamente aqui. Ou ainda aqui.

Uma jura final que eu farei a mim próprio: eu desejo para mim poder conseguir evoluir na minha vida com a dignidade das rugas do Mel Gibson.

domingo, 19 de junho de 2011

• I hate the way you speak truth

Há verdades que nos ferem com a dor de punhais cravados no peito.

E ferem-nos mais ainda quando nos parecem muito insofismáveis. Como esta, que bem poderia ter saído dos lábios pintados desse refinadíssimo sofista do captain Jack Sparrow.

Ouço bastas vezes o comum dos mortais proclamar que odeia a falsidade e a mentira. Pobres mentes pequenas, as vossas que isto dizeis... eu cá convivo cada vez pior é com a suposta verdade.

Eu aprendi que o ser humano mais puro que possamos imaginar sempre mente.

E mente porque começamos por mentir para nós próprios. Quando estamos apaixonados. O Amor é um habitat onde a verdade não mirra. Só a ilusão.

Adoro hoje em dia uma canção da Rihanna, em que esta querida fala candidamente que "I love the way you lie".

No Amor só há mentira. O Amor não é um território seguro. Não há pés bem assentes na terra no Amor. E quem quer amar tem de saber existir nessa imponderabilidade.

Odiar a mentira é fecharmo-nos ao Amor. É ter medo de anar. Porque se é segurança que desejamos sentir, então não é no Amor que deveremos passear.

No Amor é preciso saber estar com o falso. Saber ler as suas translúcidas entrelinhas. Nada nos vai ser dado no Amor como absolutamente garantido. Somos nós que temos de descobrir tudo. Nenhuma verdade nos vai ser dada de bandeja.

Eu já não acreditarei nunca mais em quem um dia diga me amar. Porque quem eventualmente soltar tal impropério, poderá antes de tudo estar a mentir para si próprio. Porque para si quer acreditar estar a ser capaz de amar. E só circunstancialmente eu possa ser o objecto desse alegado sentimento. Como outro qualquer o poderia ser também. Só que o acaso fará com que seja eu que estarei mais à mão no momento.

É isso. Não creio mais em quem me ame. 

Mas acredito piamente em quem diz gostar de mim. Mesmo que o diga que muito.

If you want safety, choose friendship, not love.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

• Gli mani

As mãos. As minhas. As outras. Tocam. Falam. Dizem. Mimam.

As mãos são maquetas dos nossos corpos. Representam-nos. Notem, caros leitores, que tantas vezes, com os dedos indicador e médio imitamos nossos dois membros inferiores. A andar. Ou estáticos.

Como nesta pequena foto que, como se costuma dizer, mão amiga* - e marota - me enviou um dia por MMS. Onde estes dois dedos seguram uma mecha de cabelo moreno.

As mãos de todos nós, além de serem miniaturas dos nossos seres carnais, devem até ter alma própria. Falo por mim, claro, pois as minhas bastas vezes interagem com outras de uma forma que julgo escapar ao meu controlo. Àquilo que o meu estado de consciência deveria ordenar-lhes fazer.

Como se estivessem em modo piloto automático. Ou então telecomandadas por seres divinos. Para os quais as minhas mãos serão meros instrumentos das suas vontades.

Mas tudo isto, afinal, para tão-só te perguntar se... não sei se consegues sentir a profundidade da minha amizade por ti, quando a tua mão eu pego com a minha e a levo aos lábios meus.
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* Nunca este lugar comum, "mão amiga", foi tão adequadamente usado por qualquer outro mortal meu semelhante.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

• Thank you

Obrigado, deusa azul, para quem eu pouco mais sou do que uma abstração, um simples amigo virtual, por me teres "desejado coisas boas com muita força! :)))))))))))))))))))))))))))"
Por me desejares ver bem.

Obrigado a ti também, A. amigo, por sempre te preocupares comigo, por quereres saber se eu estou bem. Eu estou. E quero-te bem a ti também. Para sempre.

Grazie, more, per fare il sogno mio essere diventato possibile di nuovo. Per la forza della fede in me che me hai speso cosi bene.

Merci, ma petite sorcière, par la prémonition donc tu as été le facteur. Et pour notre histoire à nous.

Obrigado, Morgana. Sei que deves rezar por mim, e não pouco, minha irmã de todos os tempos.

Obrigado também a ti, "Chiinda", pela maravilhosa paternidade que juntos tivémos. O melhor legado que da minha vida já fiz a este mundo e nele deixarei.

Obrigado, "seara de trigo", por me teres cativado e pela esperança renovada no Ano Novo. A vida é bela...

Obrigado, Suely, por me recordar que eu sou um ser humano bom. Eu não esqueço de me recordar de si, também.

Спасибо всем, вы, ребята, Машенька, Ирина, Наталья, Светлана, Анастасия и Людмила, за предоставленную мне сладкие иллюзии.

Спасибо. Спасибі. ありがとう。 Hvala. Gracias. Terima kasih. 감사합니다. Dziękuję. Tak. ขอบคุณ Salamat sa inyo.

Obrigado a todos(as) que me ensinaram tanto com o que nos vossos blogs escrevem, acto libertador supremo para vós, que aos outros, como eu, depois fornece luz. E também com os vossos sempre gentis comentários nos meus próprios blogs.

Obrigado a todas aquelas pessoas minhas amigas no Facebook que com suas palavras me deram o seu beijito em minha testa ou me abraçaram. E até àquelas que me fustigaram. 

Eu não vou jamais cansar de repetir p'ra mim e gritar p'ro mundo inteiro: eu tenho a melhor lista de amigos de todo o Facebook. A melhor mesmo.

Sou um homem melhor hoje, graças a todos vocês, e o mais feliz deste mundo. Obrigado neste dia que gostaria de sentir como meu também, que sou uma eterna criança.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

• A vida é um lugar estranho

Na passada sexta à noite fui a uma feira de vaidades à portuguesa.

Digo, à portuguesa, porque temos a mania de que somos um país de poetas. E feira de vaidades porque temos a mania de que somos bons nas poesias. E anseamos por mostrar aquilo que de nós todos brota em quantidades industriais, sem nos preocuparmos em fazer qualquer triagem de qualidade.

Fui a este evento a modos que convidado por aquela que deveria ser o seu protagonista mor, a homenageada principal. A meu ver, ela não teve o que o seu valor enquanto Raínha, ser humano e mente singular merecia. Porque o palco foi-lhe subtraído bastas vezes pelos plebeus, à laia de alimentar essa fogueira que era a tal feira de vaidades. Ela, com a sua inata generosidade e humildade, nisso consentiu de forma até inconsciente, presumo.

Mas vamos ao princípio, num resumo rápido. Num Cu de Judas - curiosamente, o nome de um ex-edil desta câmara e o que talvez tenha mandado construir este edifício na foto de cima -  denominado Massapés, freguesia de São Domingos de Rana, existe uma biblioteca municipal que promove serões com escritores com alguma regularidade, ao que me apercebi. Ela, soberana, predispôs-se abnegadamente a lá ir, para o povo a ver.

Para se dar a todos nós com a sua propensão irreprimida de vontade de se entregar, assim é o seu coração, aperaltou-se. Chegou vestida como cortesã, dessa corte do Roi Soleil, Louis XIV, mas com uma miscelânea de pormenores. Face imaculadamente alva, maquilhada como uma gueixa; máscara veneziana nos olhos; peruca com cabelo armado e tingido de rosa; uma profusão de guizos à cintura, como fada Sininho. Até se assemelhava a uma marioneta de sonhos. Em suma, porque não pude me aperceber de tudo.

Ela entrou, triunfal, caminhando para o salão, com um séquito de aias a acompanhá-la atrás.  Não me viu nem o tinha de ter feito. Mas eu sim, vi-A. E senti um frisson, como donzela em apuros.

Da sua escrita falou, depois de esta ser declamada por um mentor dela, talvez. Da sua condição de Raínha partilhou connosco as agruras. Sim, porque até ela as tem. Ou teve. 

O sangue ferveu-me quando a questionaram se ela teria andado na rua. Como se isso tivesse alguma relevãncia. E ferveu-me porque a questão parecia feita à medida de a ferir, nem que fosse muito de leve. Mas ela, superior, não o permitiu, claro. Nem uma Dama como ela ia lá agora relevar isso. Eu é não deixei de sentir as presumidas por mim dores dela.

Aqueles que na plateia julgava eu a tinham ido ver e reverendar ocuparam-se então a dado passo de se pavonear. Era afinal a isso que ali iam, compreendi então. Aproveitando-se de um evento que para eles não era. E roubaram o tempo dela e o meu.

A tal roubo não quis assistir. Mas a casa não era minha. E assim não pude intervir. E ausentei-me do salão.

Quase ia empreendendo a minha caminhada dali p'ra fora. Foi então que vi que o povo se fartava de se exibir. E voltávamos então a poder ter a nossa soberana para nós. Quando ela se predispunha a dedicar-nos suas ternas palavras manuscritas no livro seu, que cada um pôde ali adquirir.

Foi então que, conhecendo eu um pouco o seu interior, ia finalmente - ao fim de quase três anos desde as primeiras frases que foram trocadas entre eu e ela nessa Ágora que é o ciberespaço - estar próximo dela não só em espírito mas também em corpo e ver a luz da sua grandeza. 

Quando ela viu a minha graça, este pseudónimo com que assino este blog, pareceu-me ficar agradavelmente surpreendida. E pegou-me nas minhas mãos, apertando-as enquanto me agradecia a presença ali. Até me fez quedar embatucado! Então Ela, que tão grande é, a mim, que pouco valho à sua beira, estava a comunicar-me o seu contentamento em me ver também!... Se bem percebi, que a comoção não me deixava lá muito lúcido. Oh, mistérios divinos... 

Naquelas nossas mãos apertadas, foi para mim - vejam lá a dimensão da minha presunção!... - como se os nossos dois corpos se abraçassem. Nem um minuto inteiro tal durou. Mas valeu pelos anos de espera esta benção então recebida.

E depois me retirei, que aquela Raínha para os outros estava ali. Já tinha tido o meu momento de magia.

Conhecia-a um dia enquanto participantes ambos num grupo de discussão na net sob o tema "que livros é que estão a ler neste momento?". Faz-me o favor e a honra de me deixar considerá-la minha amiga virtual desde então.


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Nesta viagem que eu fiz fui apoiado, no antes e no depois, por aquela que é e será a minha maior amiga de todos os tempos. Sem que esta soubesse totalmente dos detalhes desta empresa a que me propus,  As palavras suas confortaram-me incondicionalmente, à distãncia de vários sms's, enquanto solitário caminhei para lá ao lusco-fusco e de regresso, imerso no bréu da noite cálida. E as minhas emoções ficaram assim escudadas..

É por tudo isto que eu julgo que a vida, digo a minha, é um lugar estranho. Mas belíssimo.  

Recordo-me, quando nisto penso, nem sei bem porquê, da trama de um filme coreano a que assisti recentemente: "Shi - Poetry", no título divulgado internacionalmente.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

• The Prince Charming myth

Há boas e más notícias para essas almas solitárias que querem obstinadamente continuar a crer no mito do seu Príncipe Encantado, pessoal e intransmissivel.

A boa é que o Príncipe Encantado existe mesmo.

A má é que ele é como as vitaminas: tem um prazo de validade curto. Muito curto.

Pois é!... Príncipes Encantados é o que não falta por aí. Não haverá talvez donzela prendada e sonhadora alguma que já não o tenha avistado, ao seu.

Se o agarrou ou não, é indiferente. Pois se o conseguiu, foi tão fugaz a sua existência enquanto mito, que mesmo que tivesse perdurado por anos a fio, parecerá sempre demasiado curta a duração do seu folgor. Ao ponto de nem se julgar ter existido de todo. O que vai dar no mesmo.

E as lágrimas voltam de novo a brotar nesses alvos e imaculados rostos, dessas almas que não mereciam provações tamanhas. As almas desses seres que dão a vida aos outros.

Os outros seres, os que detêm a capacidade, às vezes inata, de se tornarem os tais Príncipes Encantados de alguém, são por natureza volúveis. Distraídos por diversos interesses em simultâneo, escapa-lhes durante a maior parte do tempo o essencial. E daí advém bastas vezes a rápida sublimação da sua qualidade efémera.

Para as vitaminas inventaram-se os conservantes, do modo a combater a sua natural instabilidade química e manter as suas características e propriedades intactas por mais tempo.

Para os Príncipes Encantados, julgo ter descoberto a receita para esticar a sua longevidade... à custa de algum sofrer o logrei, não leve de todo, mas recompensador. E agora, além de mim, alguém poderá beneficiar desse meu pretenso saber adquirido. Se este for realmente válido. Pois, como para qualquer novo fármaco, terá de ser posto á prova em laboratório.
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A inspiração deste pensar meu de hoje sobreveio-me induzido por uma mão amiga, que foi nessa tarefa um instrumento dos deuses, quando me ofertou a imagem que uso neste post, aparecida, sinais dos tempos presentes, no visor do meu telefone móvel.

A alma dessa mão amiga não é distinta da dessa rapariga ruiva que a imagem ilustra. Na aldeia da sua adolescência também se refugiava sozinha no seio da mãe natureza, imersa em primaveris campos cobertos de malmequeres. Que colhia para fazer colares com que se enfeitava a si mesma. Com uma tímida vaidade própria. E de quem brotaram os seguintes versos de pureza singela:

Chorai

Chorai gotas de orvalho
Embebendo o lençol da amargura
A noite plácida clama agora
Pelo abraço da ternura

Chorai vencidas pelo sofrimento
Que o sonho espreita distante
Ai, que pranto tão derradeiro
Que mágoa dilacerante!

Chorai, olhos rasos de tristeza
Onde o sol não tem esplendor

Nasce o rio da amargura
Onde se banha a eterna dor

Na homenagem, intimamente só minha, que quero fazer a esta mão amiga, que este blog não lerá, gostaria de lhe provocar por telepatia a recordação de que ela é grande porque uma vez escreveu estas linhas brancas de poesia.

Mais desejaria ainda a um génio de uma achada lãmpada de Aladino que findasse o seu sofrer actual, o mesmo, afinal, que fez seus versos nascer e que ela julga colar-se à sua pele desde que debutou nesta vida presente. 

E que,nem que fosse ao longe, eu pudesse sempre saber do seu estado feliz e doravante permanente.

Ela é em si todas as mulheres.

E eu demandarei ser sempre o seu fiel adorador. E a todos os homens urjo que me sigam. E a terra um dia assim será o céu.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

• Geld*


This post today is writen in english. And there's two main reasons for this have been decided by me.

One, it's about money. So, I'm going to express my thoughts in a Wall Street language. The other one, I'll expose here one of my mostly sad weaknesses: I lie a lot. And by confessing it in a language other than my native portuguese, it seems like I'm may not feel so ashamed by that fact.

I don't know if you folks usually surf to those sites where one can try to search for that myth, l'âme-soeur, the soulmate they say everyone has its own. Sites like this one, for instance. Just click here, please. 

Normally, when one signs up to anyone of these sites, and even some others of completely different kinds, one has to fill up his personal data in a register webpage form, where there's a delicate question about the amount of one's monthly salary or annual income.

Shy people about that issue, like me, tend to choose the "prefer not to say" option as their most honest answer. They normally are led to omit the truth. As for me, my uncomfortableness leads me always in an almost opposite direction: I lie compulsively and choose the top of the scale option. The biggest annual income of all in the list.

I've always wondered why... what's the leitmotif behind such a shameful as unreasonable behavior of mine? Me, a guy with such high political ambitions, should never, in any circumstances whatsoever tell a single lie to anyone!... Isn't that right? Ain't I seing clearly, no?

So, why?... Well... The hidden and unconcious reason for me lying is... it stroke me just a couple of days ago, I swear... Deep down in my memory reserved for the storage of the thoughts of the greatest philosophers of this mankind, I had always there, very at hand, this overwhelmingly solid and reliable quote:

"A lie repeated several times becomes true"

That's it!!!... It's my strong will to become a wealthy man, someday, doing all the works in the background of my mind for me, for besides ambitious, I'm a lazy guy too...

Anyway, it's the only possible path for me to obtain this desideratum. I have a kind of bad relationship with money.

When it comes near me, friendly wishing to stay a good time in my pocket or bank account, I do not pay too much attention towards it. So it starts to feel neglected. Even jealous of other goods, that I trade it to. A sense of betrayal grows on its poor heart. And then it sadly walks away from me. More quickly than when it came desiring my warm hug on it.

This status quo has got to stop. I must care for money much better. I should love money, as one loves a mistress. After all, money is a beautiful thing... Don't you think? Look up the image that illustrates this post.  From an artist point of view, with its golden yellow dominant tone, isn't it wonderful?...
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* Geld is my most loved foreign language word standing for money. For it's the one used by those skillful artists who love this thing called money to the highest limit: the swiss bankers. I'll begin to envy their talents from now on.

domingo, 1 de maio de 2011

domingo, 24 de abril de 2011

• La vita è bella!

O sonho já não é possível ser travado.
Está com a rédea solta.
A chama já não pode ser extinta.
O combustível desta tem agora uma reserva inesgotável.
O trem-bala já iniciou a sua marcha.
Vencida a inércia da imobilidade, embala agora a uma velocidade que será cada vez mais vertiginosa.

Eu vou conquistar o mundo.

A carga recebida de energia positiva - vinda das mais diversas fontes, mas sobretudo daquela milagrosa, cuja ficha me foi ligada há umas seis luas a esta parte - não a vou doravante de todo desperdiçar. 
É que não vou mesmo! A todas aquelas benditas fontes o devo.

Nada nem ninguém me conseguirá deter. Nem eu próprio.

A vida é bela.
Життя прекрасне.
인생은 아름답습니다.
Viaţa este frumoasă.
Η ζωή είναι ωραία.
जीवन सुंदर है.
Livet er smukt.
人生は美しいです。
Życie jest piękne.
ชีวิตสวยงาม
Život je lijep.
زندگی خوبصورت ہے.
Bizitza ederra da.
החיים יפים.
Жизнь прекрасна.
Life is beautiful.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

• Megalomanias...

Eu sou uma mente em permanente desassossego. Como disse recentemente a uma nova pessoa amiga, eu sou a "raínha" das mentes sem limites. Sou um humano mortal, vulgar de Lineu, sem evidenciar grandes factos que me façam sobressaír do resto deste rebanho a que todos nós pertencemos, mas ao mesmo tempo sou incuravelmente megalómano. Por isso criei este singular blog.

Eis a minha última e desmedida alucinação: a visão dos meus próprios olhos.

No dia 2 de Outubro do ano passado, a 27 dias de perfazer os meus 50 anos, alguém que me é muito caro captou a essência de minha  alma numa foto de rosto onde sempre me impressionou a expressão do meu olhar nela.

"Que estranho!..." - soltei este pensamento falando com os meus botões - "Nunca tive este olhar assim, desde que me recordo de me entreter a mirar-me num espelho, matinalmente.". Os meus próprios olhos intrigavam-me. Não me eram tão familiares como soíam. Jamais os tinha visto com este aspecto. E queriam recordar-me de algo que não vislumbrava ainda de início o que seria, quando descarreguei aquela foto para o meu Mac.

Não me alonguei em congeminações nessa altura. Deixei rolar. Até que há pouco tempo, no dia 8 de Março último, travei conhecimento com um par de olhos verdes, cheios de justificada vaidade em si mesmos. E voltei a reflectir sobre os meus próprios olhos, de novo. À laia de os querer comparar com os de esmeralda. E com estes ver se podia competir em esbeltez.

É então que, devido a esse divinal encontro, recomeço a escavar na minha memória visual. E fez-se luz. Os meus olhos na foto de cima poderiam fazer lembrar, julguei a princípio, aqueles hieróglifos do antigo Egipto que pretendiam representar graficamente os orgãos humanos do sentido da visão. Mas não. Não era bem isso...

Na costumeira pesquisa de imagens no Google, sou levado a encontrar o símbolo que queria gritantemente saltar á minha memória. Aquele que está reproduzido abaixo do meu olhar em cima. Um símbolo largamente usado como decoração gráfica das stupas, no Nepal, como esta mostrada em baixo.

Essas estruturas de carácter religioso estão largamente disseminadas pela paisagem deste pequeno país. Na capital Kathmandu e pelas suas muitas e altas montanhas. E o símbolo em causa pretende representar os olhos do Buddha.

Acresce a isto tudo que a minha costela de ateu mas espiritual tinha andado a ler empolgadamente nesse verão índio um livro dum escritor francês, José Frèches, "Eu, Buddha", em que este romanceava de forma sublime a vida terrena de Siddartha Gautama de Kapilavastu, o Desperto.

A composição gráfica que em cima vêem, resolvi torná-la na foto de perfil da minha página no facebook. Página essa que inaugurei com o intuito de divulgar este blog. E onde fazia tenções de sempre manter como foto de perfil, justamente, a composição que é o cabeçalho deste blog. Hoje entendi mudar essa minha norma.

Ajudem-me, caros e raros leitores destes insanos textos. Mostrem-me a luz, que eu por vezes tenho lampejos de lucidez também. Mas por outra, há momentos em que me julgo a roçar o patético.

Estarei a alucinar demais?...