domingo, 24 de maio de 2015

• Nowhere

Here where I stand, I have my heart full. Perhaps artificially, but anyway full. Perhaps too much full. Or in other words, full with too much passions.

I can’t complaint about that. And if I did, it would be about some overload. As for my body being loved…

That, a man can always fix, one way or another. if not in a truly lasting way, at least one can arrange that in a lasting enough manner. Temporarily and intensely enough.

Now, as for my soul being understood… That’s impossible.

Besides me being enormously unique, I don’t reveal my soul entirely. I can’t. So, how come could it be understood?…

Perhaps I had once in my past all three of these conditions reunited. But I could not believe things could move forward. To consolidate themselves. I saw it just as a temporary glimpse of what I should pursue. But with someone else. Someone who would be willing to engage in a commitment so strongly as I did. 

I’ve found my sister, recently. From whom I was lost, for so much time in my life. She’s a great cause for my heart to be full. If it wasn’t for her, today…
I seriously think I would fancy to be abducted by some alien spaceship. For a while. Or, who knows, for eternity and a day. Heading for that personal Nowhere of mine. It will take me an eternity to arrive there, that’s for sure…

domingo, 17 de maio de 2015

• Sono que andas sumido…

Diz-se que quando não conseguimos de todo dormir quando isso seria suposto, mesmo a meio da noite quando aquela sensação de sono desaparece e ficamos numa espertina danada... é porque estamos acordados nos sonhos de outro alguém. 

Há já muito tempo que as minhas noites são passadas em solitário. E ultimamente não consigo dormir para lá das 6 da manhã. Às vezes até tão só depois das 5 e meia... E o que me chateia é que às tantas no sonho de outra pessoa posso estar mesmo, mesmo, a dormir munta bem, que nem um anjo e em conchinha!...  ;-)

A natureza tem horror ao vazio, dizem também… Mas o facto é que o vazio da metade do leito onde durmo não se preenche por si só.

E no entanto, eu sou um homem bom, caramba! Tenho tanto para dar! E a mesmíssima sede de receber. E há por aí tanta alma dona de um corpo carente, de excelência tal como eu…

Eu sei. Eu conheço-as. Houve tempos em que duvidei que sequer existissem para valer. E que ninguém mais seria capaz de me amar tal como o fui e tal como eu sou. Mas isso já lá vai.

Há uns dias os meus olhos caíram em cima desta verdade:

“Dormir com alguém é a intimidade maior. Não é fazer amor.
Dormir, isso que é íntimo. Um homem dorme nos braços
de uma mulher e sua alma se transfere de vez.
Nunca mais ele encontra suas interioridades.”
 - Mia Couto        .

Eu partilhei o meu leito com alguém que me deixou uma dependência de dormir ao lado de outro corpo. Durante nove longos anos a fio. Com uma ou outra noite de interregno.

Ela não foi a minha esposa. Não oficialmente. Julguei que era minha namorada. Que iríamos eternizar essa nossa condição. Mas não foi o caso. Fomos também amantes um do outro, quiçá. Mas no final, às tantas não passámos talvez de uma longeva amizade colorida.

Essa derradeira consciência apoderou-se primeiro de uma das partes. Só muito mais tarde, e depois de seguirmos caminhos separados, eu também debutei a interiorizar isto. E o amor - se este chegou a fluir um dia, quando o frio do inverno em ambos os corações pedia abraços reconfortantes - teve entretanto o seu outrora viçoso caudal drasticamente diminuído. Como um oued num vale nas montanhas do Alto Atlas em pleno estio.

Tenho de ver se renasço das cinzas, uma vez mais. Não sei quantas vidas ainda me restam, mas… O meu coração está carregado. E não tenho medo de o usar.

terça-feira, 12 de maio de 2015

• E vão seis!...

E “prontes”!… Ontem chegou à meia dúzia o número de séries ou telenovelas em que fiz alguma espécie de presença.

Desta feita, estreei-me num trabalho para uma nova agência e um novo canal. Até ontem só vinha a ser agenciado pela Plural Entertainment para participações esporádicas em telenovelas da TVI, a última das quais foi "A Única Mulher"E que relatei neste post noutro blog dos meus, aqui.

Esta semana encetei na Valente Produções. Com a série “Benvindos a Beirais”, da RTP1. Numa cena passada no restaurante da pousada de turismo rural lá da aldeia, em que eu e a minha bonita esposa daquela singela ocasião reclamamos vigorosamente da continha que nos foi apresentada. Por causa do valor exagerado dos pãezinhos e manteiga na maldita da dolorosa.

O casalinho do couvert, foi como nos apelidaram… Ficámos a parecer, quanto a mim, um parzinho de professores universitários, unidos pelos votos do sagrado matrimónio desde a sua derradeira queima das fitas, que fomos fazer uma escapadinha de fim-de-semana à parvalheira.

E é isto!... Mas só lá para o ainda longínquo mês de Novembro é que apareceremos na pantalha, dizem-nos. Num episódio com o nº 499, curiosamente. A ver vamos. E amanhã lá irei para a minha sétima telenovela… Ó vidinha de faz-de-conta esta minha!…

sexta-feira, 1 de maio de 2015

• Sleeping Beauty

Confirmo. As bonitas são muuuiiito dorminhocas. Mesmo!…  ;-)

Así que a veces lo sabe tan bien despertarmos al lado de una menos hermosa, por supuesto, pero con ganas terribles de nos sacudir a tomar listos el "desayuno”* con nosotros, if you know what i mean...

Ieri ha fatto quattro anni e mezzo. Le temps qu’i faut à l'oubli, selon ce que j'ai lu un jour. Die Hälfte der Zeit, die zusammen lebten. Mas será que funciona mesmo sempre assim, para toda a gente?…
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* Ou o que na Pindorama as safadinhas das zuquinhas chamam tão carinhosamente de "café da manhã”…

Para ouvir a banda sonora original (OST) deste post, clicar aqui.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

• Vamos falar de sexo


Hoje apetece-me dar uma de Júlio Machado Vaz. E falar da coisa. De sexo. Porque fiz uma descoberta engraçada.

Como diria Jack, o estripador, vamos por partes… Pairou assim debaixo dos meus olhos uma expressão na língua de Molière que tout d’un coup achei deliciosa. Pesquiso-a no Google e encontro que esta será característica de umas paragens deste mundo que ao de leve e desde sempre me fascinaram.

Em concreto, daquela parte da América do Norte em que o idioma anglo-saxónico não conseguiu extinguir o uso de outro, de uma nação colonizadora eterna rival. Vá, para pôr as coisas absolutamente preto no branco, do francês.

Ok, é ao Quebec que me refiro. A essa província do Canadá que aspirou ainda há só alguns anos atrás a ser um país independente. Onde o sotaque das suas gentes francófonas é hilariante.

Para os franceses na Europa, os habitantes do Quebec c’est des drôles de gens. Mas alto lá com as québécoises!… Respeitinho com elas… Que põem as francesas num chinelo!

Se culturalmente em França temos já um povo muito habituado a libertinagens, por comparação com os seus irmãos latinos para começar, e acabando na generalidade dos outros povos europeus, no Quebec a coisa fica ainda melhor…

Se em França y a pas mal de femmes coquines, no Quebec então elas são mais atiradiças. E não deixam os assuntos apenas nas mãos dos homens. São elas que avançam em cima de nós em primeiro lugar.

E isto para os franciús é bom de mais!… Se na velha Europa draguer é geralmente uma iniciativa que tem de partir deles, no novo mundo não é preciso se darem a essa trabalheira. Elas é que nos assediam na maior das naturalidades, se nos acharem mignons.

Tentando fazer um paralelo, deve ser um pouco como o mito urbano que os tugas têm das zuquinhas lá nas terras de Vera Cruz da Pindorama.

Mas voltando às nossas québécoises, parece que é uma característica endémica falarem bués durante o acto. Ou ao menos bem mais que as francesinhas. E eu até que nem me posso queixar muito destas últimas, que já fui um dia duma. E foi talvez o entrosamento mais tórrido que tive e terei na minha actual vidinha…

E agora vamos chegar finalmente àquela expressão que foi o mote deste post. Que é do cacete… e reza assim:

“Tape au fond, j'suis pas ta mère!…”

Convenhamos, estarmos no meio daquele frenesim gostoso e a nossa parceira invocar a imagem da nossa querida mamãe para aquela façanha ilustre… Não é para todos continuar e segurar aquela pica com que até aí vínhamos. Mas eu até que percebo a ideia delas.

Outras expressões bem marotas que as piquenas do leste do Canadá - que eu me dispenso de traduzir para português; quem quiser que o faça por sua iniciativa - soem produzir na fase pré-coito ou durante, assim à laia de teasers ou turn-ons são:

“Défonce-moi l’abribus!…”

“Prends-moi par le péteux!…”

Ou ainda o quebra-gelo preferido de muito tímido rapazito parisiense:

“Casse-moi tout là dedans, j'veux plus rien reconnaitre!…”

Mesdames et mademoiselles do outro lado do Atlântico, un jour j’arrive dans le coin. Afinal, se eu quero ser Presidente das Nações Unidas, tenho de conhecer todo o meu eleitorado.

terça-feira, 17 de março de 2015

• How I love…

“I love, because my love is not dependent on the object of love.
My love is dependent on my state of being.
So whether the other person changes, becomes different,
friend turns into a foe, does not matter, because my love
was never dependent on the other person.
My love is my state of being. I simply love.” 
 - Osho       .

E assim eu vou amando vários entes queridos, à distância. Amando aqueles que um dia comecei a amar e que longe da minha vista se quedam hoje. E também os que a minha vista nem sequer um dia alcançou alguma vez mas aos quais passei a conhecer a alma.

E haverá alguém a quem eu ame mais do que ninguém?… Neste momento, só o sangue do meu sangue.

E haverá alguém que me ame, a mim mais do que outro alguém?… Neste momento, se esse alguém existe, eu não o sei. 

Mas amo-o. Cegamente. Amo a simples esperança que esse alguém exista. Amo a simples convicção que eu mereço esse alguém. 

Amo bastas vezes reconhecer esse alguém, ainda que apenas o seja durante alguns lapsos de tempo e sempre algo surpreendentemente, em várias daquelas angélicas criaturas minhas semelhantes e a quem eu sou grato aos céus por serem minhas amigas.

Às vezes gostava que todas essas criaturas soubessem da existência umas das outras e de como são simplesmente… amorosas, todas elas. Cada uma à sua própria maneira, inconfundível.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

• A promessa

Ser pequeno eu sou
nesta vida em que caí.
Rei sem trono nem coroa
vagueando por aí.

Com minha prosa naïf
um sorriso arranquei-te.
Menos mal, minha Raínha,
que te trouxe tal deleite.

Com pose majestática
no ego fazes-me festa,
não vislumbrando, quiçá,
que a nossa hora é esta.

Sou um dos teus pares
e remato com picardia…
O amor que fizéssemos
na História ficaria.


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

• O que todos queremos

Colo. É o que todos queremos, no fim das contas. Colo dado. Colo recebido. Segurança procurada. Protecção devida. Fusão inadiável. Inflamação eterna. Quietude insuplantável. Dor superada.

Nada mais importa. Nenhum comércio gera mais riqueza. Nenhum conhecimento produz mais saber. Nenhum trabalho é mais justificado. Nenhuma terapia traz mais saúde. Nenhuma missão é mais urgente.

E no entanto os homens tão depressa esquecem de demandar este desígnio divino. E se vão distraindo com a suja espuma dos dias. E protelam ad eternum o que lhes devia estar incutido como o essencial de toda a existência.

Pobres mortais, que tão mal avisados andam. Procrastinai tudo o resto menos o colo, ó bestas humanas!... O que será preciso que aconteça para vos despertar de todas as vãs acções em que permaneceis acometidos?… E que não vos acrescentam nada...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

• E eu, que serei?…

Passei os olhos anteontem por um texto de Sílvia Baptista - uma notável senhora que se diz feminista e ao mesmo tempo escrever sobre sexo num blog -, com o título “Fodamos!”.

Se o lermos, veremos neste alguns pensamentos sobre essa coisa chamada sexo que já poderão ter assaltado tantos de nós - ou ao menos a mim, sim - mas que nunca chegámos a verbalizar.

Falamos cada vez mais abertamente sobre o tema sexo. Mas os recalques que a sempre vigente moral católica apostólica romana nos instalou - não sendo esta fé a única a fazê-lo - nas mentes ainda nos faz causar alguma surpresa e choque quando lemos palavras tão directas quanto estas de Sílvia.

Numa linha, Sílvia diz-nos que o sexo é algo vital. Que devia ter um lugar nas principais resoluções do Novo Ano para todos nós.

Num outro dia antes deste, no meio dum paleio bem prazeroso com uma mente feminina e livre, bem semelhante à minha, esta resolveu me confessar que não era nenhuma santa na cama. E eu na altura não retorqui. No momento vi aquilo como too much info, I don’t need to know that right now.

É que por acaso o tema sexo nem vinha muito à baila, no contexto geral da conversa até então escorrida… Mas esta minha boa amiga entendeu por bem expôr o meu adormecido espírito a uma evidência: todos de um modo geral temos necessidade, melhor, temos desejo de uma vida sexual bem resolvida.

E uma vez que ela não não seria nenhuma santa, pus-me a cogitar sob o mote “e eu, que serei?”… Até este instante de inspiração em que escrevo estas linhas.

Vamos pedir auxílio a uma imagem. Conhecem aquela sensação que temos quando experimentamos banharmo-nos pela primeira vez num recanto discreto dum riacho de águas bem transparentes e sobretudo despoluídas? Pois talvez seja pretensioso da minha parte mas creio que é a mesma sensação que uma neófita em mim poderá experimentar em meus braços.

Porque se há uma coisa que eu julgo hoje ser é despoluído. De angústias, anseios, dúvidas existenciais, etc. e tal. Tudo factores que provocam ruído nefasto no acto sexual. Ou na vida, em geral.

Consigo hoje, julgo, eliminar esse ruído e talvez conduzir outros a fazê-lo também, em sintonia comigo. Com recurso a alguma persuasão. É uma doutrina que desenvolvi. Estar tal como num exercício de meditação, em que procuramos esvaziar o nosso pensamento, levando-o a um estado temporário de higiénica letargia. 

É esta hoje - nem sempre o foi assim - a minha forma de idealizar a perfeita interacção entre dois seres em que arde o desejo partilhado de se sentirem a viver fundindo-se num só.

De acordo, isto dito assim não é nada específico. É muito vago. E pode parecer banal, eu sei. Mas não é. É uma clara demarcação que julgo existir entre mim e os outros. As pessoas vivem demasiado angustiadas, a meu ver, com lembranças do passado e incertezas no futuro. E eu procuro reger-me por estas palavras que vi um dia atribuídas a Confúcio: "angústias são sinal de má economia da alma".

Fazer sexo com o corpo apenas é possível. Mas não é a mesma coisa que com a alma também. E com uma alma imaculavelmente limpa, então... Não haverá nada melhor.

Momentos tenho de elevada auto-estima em que acredito que eu seria o melhor amante do mundo. Se ao menos houvesse alguém hoje que me desejasse até às últimas consequências. E que me causasse reciprocidade. Mas não há. Porque há mais vida para além do sexo.

Vamos a mais uma imagem metafísica… Terão, caras leitoras* destas linhas mal arrazoadas, já alguma vez experimentado descobrir um casarão abandonado no meio dum lugar com umas vistas magníficas e que vos apeteceu logo restaurá-lo e fazer dele a vossa morada de sonho? Pois é, o meu coração é como esse vetusto edifício desabitado por longos anos.

Requerirá de início algum empenho, esforço e dedicação a quem o queira reavivar. Mas a glória de um recompensador bem-estar pode espreitar a quem com ganas se atire a essa façanha ilustre. 

É isto que eu, liricamente falando, julgo que sou aqui e agora. Na tépida paz de um novo ano que debuta promissor, se prosseguir na senda da derradeira etapa do ano findo. O mundo que me aguarde, que eu estou pronto.
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* Sim, leitoras e não leitores. Porque este texto é um monólogo, mas escrito para um público-alvo bem definido. Para quem eu desejo que me deseje até às últimas consequências. Ou vá lá, mesmo que assim tão-só e apenas de levezinho... Que eu devo ser uma valente carga de trabalhos de aturar o tempo todo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

• Moi, un homme heureux

Je vais vous donner aujourd'hui, chers lecteurs de ce blog, une claire image - peut-être aussi vrai, je ne sais pas - de la taille de ma vanité…

C’est ça: je pense que je dois être une réincarnation du philosophe français Jean-Jacques Rousseau*, qui un jour a dit que “les femmes sont la plus belle moitié de l'humanité”.

J’AIME les femmes. J’aime toutes les femmes. Je ne pourrais peut-être jamais appartenir à une seule femme. Parce que je ne peux pas aimer une seule femme. Je les aime tous. Je pense qu'il ne est guère un autre homme dans ce monde qui peut aimer les femmes ou “la” femme plus que moi.

Ou qui sait, peut-être un jour je trouverai une femme** à laquelle je vais voir réunis en elle-même toutes les femmes de ce monde, si cela est vraiment possible...

Je ne suis pas polygame. J’ai eu plusieurs relations dans ma vie actuelle, toujours monogames. Peut-être juste parce que cet vie n'a pas proportionné que les choses aient été différents. L'étiquette qui peut-être les gens pourront mieux me mettre - et pour faire usage d’un certain euphémisme - c’est... libertin.

Mais, croyais moi, en même temps je suis un bon homme. Et je crois que j’ai sur moi la bénédiction de plusieurs autres bonnes âmes. Donc, je vais être heureux. Je le suis déjà.

Il ne faut pas absolument oublier comme devise que "la patience est amère mais son fruit est doux". Merci, Jean-Jacques, encore une fois.
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* Déjà cité par moi dans un autre post, celui .

** J’ai déjà été très proche de cette femme, peut-être... À une époque très récente. J’ai même rêvé l’utopie de devenir son homme. Mais la vie, avec son impatience, m'a déjà rejeté cette mission. Mieux comme ça. Je n'était pas à l'hauteur. Pas encore. Mais j'y arriverais un jour.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

• Não tens de quê!…

Agradeceste-me as palavras que me inspiraste e que te dediquei… E eu fiquei sem jeito. E não posso deixar passar isto em branco.

Se alguém deve sentir-se grato sou eu. Grato por seres como és e por seres uma amiga tão presente. Não a ti talvez mas a essas entidades que governam os nossos destinos. A que comodamente chamamos deuses e supomos sobre-humanos.

Nada há que me possas agradecer. Eu gosto, eu exulto com o poder dizer a alguém aquilo que com toda a liberdade te digo. E esse alguém seres tu, tal como tu és, faz a coisa ser ainda mais magnífica.

E sabes… Eu acredito que a nossa amizade dá-me bom ar. A nossa amizade faz-me voar.

Nos países frios do hemisfério norte dizem que é no inverno que aprendemos a andar de bicicleta e no verão é que aprendemos a patinar no gelo. Quando não podemos praticar uma actividade, a nossa mente ocupa o tempo a consolidar os gestos e a gravar automatismos destes.

Assim é também a nossa amizade. Nem todos os dias temos uma troca, um diálogo, um convívio das nossas duas almas, cada vez mais confortáveis uma com a outra. Mas nesses dias de silêncios também vou aprendendo sempre um pouco mais a gostar de ti.

É imbuído deste pensamento que escrevo estas simples linhas agora.

Por isso, não tens de quê, minha grande amiga. Não tens nada que agradecer todo o bem que me fazes.

E a paz de espírito que mesmo sem querer me aportaste sempre, desde que nos encontrámos um dia, há-de perdurar infinitamente no tempo, aconteça o que acontecer.


domingo, 9 de novembro de 2014

• Procurei-te

Procurei-te. E sigo te procurando em todas as mulheres. Porque não estou contigo. Ainda. Mas quanto mais te procurava a ti, mais me convencia que quem eu buscava era a mim mesmo. E foi em ti que me encontrei, finalmente.

Tu não serás talvez aquela com quem eu irei lado a lado até aos fins do meus dias. Mas quando os nossos caminhos se cruzaram, um pensamento me assaltou. Que me sussurrou assim:

- Pronto! Isto é um sinal de que quando eu morrer já não devo ir para o inferno. Eu mereço melhor.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

• I, a dad with lots of kids


Era um dos meus sonhos de começo de vida adulta. O de ter uma g’anda cambada de putos.

Não muitos, também. Nada de duas dúzias, por exemplo. Não. Aí uns sete ou oito, conforme a vida o permitisse. E não todos naturais, gerados por mim e pelas minhas almejadas sete esposas, não.

O meu sonho era bem específico: casar com uma boa candidata a super-mãe, que partilhasse este desejo comigo de criar uma família numerosa, iniciada com um filho natural e prosseguida com filhos adoptivos. De diferentes raças humanas. Para termos assim como que uma pequena ONU de trazer por casa.

Bem assim como mais tarde começaram a surgir famílias iniciadas por alguns casais de estrelas de Hollywood mais mediáticas. Como Woody Allen e Mia Farrow, que não correu lá muito bem a sua história. Ou mais recentemente, Brad Pitt e Angelina Jolie.

Não que eu visse nestas famílias um modelo, não. Apenas porque eu achava interessante proporcionar o convívio debaixo do mesmo tecto de meninos e meninas que à partida teriam backgrounds culturais diversos. E ver qual o resultado que a minha suposta mestria como pai poderia dar.

Isto foi no princípio dos meus vinte anos. Década da minha existência que viria a fruir demasiado rápida. Mal me apercebi disso e já estava à beira dos trinta. E nem sombra de companheira feminina nem de um projecto pessoal de construir um ninho suficientemente amplo para albergar toda aquela prole que tinha idealizado.

De modos que esse sonho ficou na gaveta. 

Hoje, a exactamente a uma semana de completar cinquenta e quatro outonos (pois não nasci na primavera), estou na mesma. Sem eira nem beira. Sem a companheira para abraçar no fim de cada dia, ao regressar ao lar. E sem o tal lar. Doce ou amargo lar. Nada.

Nada, isto é, não é bem assim! Há uma cria minha que entretanto nasceu. E que está agora na vez dela de apalpar terreno nessa área do saber que é o de constituir família.

Cuidei que já era tarde para mim agora para experimentar ter a tal cambada de putos para educar. E de uma forma duradoura, até é. Mas o destino prega-nos partidas…

Ao mesmo tempo que um desafio profissional que abraço neste momento - o de ser animador turístico - me está a proporcionar um certo “retiro espiritual” de que falei num post de outro blog meu, também este métier me dá a chance de trabalhar com crianças.

No passado sábado, neste kids club de um hotel algarvio que é o meu local de trabalho, experienciei o que é ser como que um pai-coach para um miúdo de onze anos, que vinha de Lisboa com os seus pais passar o fim de semana.

Já tinha sentido o mesmo com outro miúdo da mesma idade durante toda a semana que decorreu. Desta feita um rapazito escocês de Edinburgh. Ambos reclamaram bastante do meu tempo, atenção e energias para os acompanhar na prática de vários desportos e jogos, como ténis de mesa, basquetebol, badminton, voleibol e matraquilhos. À falta de condições para experimentarmos mais outros.

Pareceu-me que estes dois miúdos gostaram de me ter como um paizinho sempre disponível para jogar com eles. E até julgo que a minha dedicação a um destes miúdos despertou algum ciúminho no seu próprio pai. Que era um pouco severo com o rapaz, talvez movido pelos seus valores conservadores.

E para além destes dois rapazes, tive ao meu cuidado exclusivo cerca de oito a nove meninos e meninas inglesas, com idades entre os três e os quinze anos. De maneira que às tantas eles foram um simulacro daquela família numerosa que eu outrora quis.

Pu-los todos a fazer actividades diversas, dando especial atenção a duas pequenitas que queriam colorir com lápis de cor uns desenhos de figuras conhecidas da banda desenhada e a jogar sjoelbak. Que é uma porcaria dum jogo holandês a que acho pouca piada. Mas os miúdos deliram com esta coisa…

Os meus dias têm sido, desde que sou um algarvio emprestado, um mar de felicidade. Da mais pura. Obrigado, meus deuses.  ;-) 
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Nota: E hoje até tive tempo disponível para escrever este post, enquanto estava com o kids club de porta aberta. Os miúdos e graúdos deram-me esta trégua momentânea. Pudera!… Está um bafo de calor no ar daqueles que me dizem que nem em Agosto aqui tiveram. E o que apetece a todos é mandar umas valentes cacholadas na piscina. Por isso deixaram-me sozinho e tranquilo, como um observador da boa vida deles. Que é a minha, também.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

• I, Neptune

We all want to be loved. We all love to feel we are important to someone else.

And we are. To our own family. To our parents. To our brothers and sisters, if we have any of those. To some relatives of ours. To our friends. Or to the ones who have conquered our hearts. Our girlfriend or boyfriend, wife or husband.

And last but not least, to our own children, if we have the fortune to have them.

Nothing beats the feeling of one being important to a new born, a life that is just beginning. Nothing, I tell you...

I’m one of the most fortunate of men. I’ve been blessed with the most beautiful daughter a father can dream of.

My sweet little daughter is today a proud little woman, almost to finish her master’s degree. And I don’t think I will have another chance of raising a child of mine after her. I wouldn’t be important to another new life. But this last week I was.

To a little boy called Matthew. Of one year old. Just starting to take his first steps with his little feet. A brave little baby who doesn’t give up on anything.

He’s just starting to say his first words, I believe. Perhaps he doesn’t know how to say mommy or daddy. But he knows how to call me when he sees me at a distance. And he shouts toward me “King! King!” pretty loudly. And with his little arms in the air. And showing a so happy smile in his little face.

I perhaps won’t see him again anymore in my life, after last wednesday evening. He’s not my son. But I will never, ever forget this little kid.

Nor Olivia, his older sister, of four years old. A truly smart little girl. Or Zoey, her little friend, younger than her. Or Frankie, Zoey’s brother, about the same age as Olivia. Or the parents of all of these kids. All of them truly kind and good people. With great hearts. And such wonderful families they all make.

Matthew will grow up to be a champion. And when one day in the future I will watch him on tv raising above his head the greatest sport trophy there is, I will say to myself “I knew it!…”.

And I will love having lived such sublime moments as those as little Matthew and a bunch of small kids gave me, to cherish them in my most precious memories. If people only knew, I would be the envy of this entire world.

domingo, 3 de agosto de 2014

• Somos todos ilhas

E eu tenho vindo a juntar-me ao meu pequeno arquipélago, novo em folha, após o abalo sísmico provocado por um súbito movimento de placas tectónicas que me separou de outra porção de terra firme.

É formoso, este arquipélago que outras ilhas igualmente bonitas estão a consolidar ao meu redor, a pouco e pouco. E há já algum tempo que se avista a ilha dos amores deste lado donde me encontro.